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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Scliar, Quixote e outros causos

Como a leitura dos livros do Bukowski funcionam mais como uma terapia do que qualquer outra coisa, vou lendo-os lentamente. Como comentei aqui outro dia, estou lendo Mulheres. Além de Mulheres, o único que eu tenho conhecimento de que foi publicado em português e que eu não li ainda é o Cartas na Rua. Um clássico, por sinal, que pretendo adquirir na próxima Feira do Livro de Porto Alegre. Por essas e por outras, vou lendo os livros do velho Buk lentamente, pois se os termino rapidamente, não terei de onde fazer essa terapia bukowskiana que funciona mais ou menos assim: quando você está estressado, seja por motivos de trabalho ou de mulheres, você lê os textos do Buk abre uma latinha de cerveja e simplesmente relaxa enquanto o mundo desaba ao seu lado.
Enfim, como percebi que minha leitura do Mulheres estava muito acelerada, resolvi começar a ler outro livro paralelamente para desacelerar o bagulho. E a opção que fiz foi por Exército de um Homem Só, do Scliar. Comecei hoje, cheguei recém na página 27, mas estou gostando muito. Confesso que tinha essa dívida com o Scliar, pois esse é um dos livros que o consagrou e que eu ainda não tinha lido. Por enquanto, pelo que estou percebendo, a história se trata de um Dom Quixote-judaíco-comunista. Ou daria ainda para interpretar como uma crítica à idéia comunista de igualdade para todos, etecétera e tal, pois o personagem foi criado claramente com forte inspiração quixotesca. E aí eu sugiro outra leitura, tanto para quem já leu o livro do Scliar, quanto para quem pensa em ler algum dia: o próprio Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Enfim, você pode adaptar o Dom Quixote para várias situações. No caso, o Scliar adaptou a um comunista judeu, se é que estou entendendo bem a obra, já que li as 27 páginas até agora entre choros e bagunças da Lari, que volta e meia tenta tirar os livros de minhas mãos para colocar na boca ou amassar. Mas, a história de Cervantes também pode ser adaptada, por exemplo, para o torcedor gremista que acredita piamente que o Grêmio um dia voltará a ser um grande campeão ou ainda a um militante de algum partido pequeno que crê que a sua sigla ainda terá um grande líder revolucionário que entrará para a história, ou algum maluco que acredita que um dia não haverá corrupção no Brasil. Ou seja, Dom Quixote é uma fonte inesgotável de inspiração, tanto é que o personagem de Cervantes já é, por si só, um exército de um homem só. Entretanto, esse exército solitário ganha um simpatizante: Sancho Pança, que o segue apenas porque Dom Quixote lhe promete uma ilha para governar quando derrotar seus inimigos (que só existem na imaginação do fidalgo maluco).
Bom, o fato é que a leitura do Exército de um Homem Só está sendo muito prazerosa e também indico a todos. Vou parando por aqui, pois a Lari está embaixo da mesa do computador com uma caixa cheia de papéis bagunçando tudo e querendo comer metade da papelada.

2 Comentários:

  • Porra alemao, o exercito de um homem só é massa pacas.

    mas o importante é o que importa. comenta la teu

    http://assimfalhouzaratustra.blogspot.com/2011/08/o-assassino-do-imortal.html

    Por Blogger Zaratustra, às 31 de agosto de 2011 às 19:25  

  • Do Scliar li todos que havia na biblio da escola, Dom Quixote a muito tempo, talvez lá na minha infância. como não sou dado a comentar os livros que li classifico-os em gostei ou não.
    Desses eu gostei. Auf wiedersen, alemão!

    Por Blogger Marcos, às 1 de setembro de 2011 às 09:02  

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