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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Levante rothiano

Nesse ano comemorou-se o cinqüentenário da Legalidade. Para quem não sabe, sucintamente, o que ficou conhecido como Campanha da Legalidade foi um movimento, liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, para garantir a posse do então vice-presidente da República, João Goulart, após a renúncia do presidente Jânio Quadros, evitando momentaneamente, assim, o golpe militar. A Campanha foi em 1961 e o golpe acabou ocorrendo três anos depois. Mas, com o movimento Brizola cravou o seu nome na história do Brasil e do Rio Grande do Sul, criando uma rede de rádios para transmitir à população o que estava acontecendo nos bastidores da tentativa de golpe dos militares, que queriam atropelar a Constituição, impedindo a posse do vice-presidente, que, na época, era escolhido em eleição separada da do presidente.
Enfim, através da rede Brizola mobilizou a população a se preparar para uma possível guerra civil contra os militares. Com armas em punho, Brizola fez o que praticamente nenhum político faria hoje em dia: resistir à falcatrua, disposto a morrer em nome do cumprimento da lei. E, naquele momento, Brizola foi vencedor, impedindo o golpe.
A história da Legalidade está muito bem contada pelo professor, jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, em Vozes da Legalidade. Inclusive, a foto da capa, com Brizola carregando uma espingarda com um toco de cigarro na boca, vestindo terno e gravata, demonstra o drama vivido pelos gaúchos e brasileiros naquele agosto de 1961.
Lendo o livro, penso que o Brizola deve ter se sentido mais ou menos como o Celso Roth se sente hoje em dia: apesar de vitórias parciais, sabe que não chegará ao topo no campeonato. Mas, assim como isso bastou para o Brizola na política (ele salvou o golpe em 61, que acabou acontecendo em 64, e, depois tentou ser presidente, sem sucesso), vitórias parciais também estão bastando para o Roth em Campeonatos Brasileiros (salva os clubes do rebaixamento, mas sabe que nunca será um campeão do Brasileirão). Mas esses fatos não desmerecem nem Brizola, nem Roth. Ambos acreditaram em seu tempo tiveram paixão pelo que faziam. No caso do Roth, ainda faz. Podem não ser os melhores do mundo, mas conquistam torcedores e admiradores pelas suas atitudes enérgicas e pela convicção com que tomam suas decisões, mesmo quando são erradas...
Enfim, se por um lado podemos dizer que a Legalidade foi o último levante gaúcho no campo da política, a reação do Roth nas suas sucessivas passagens pelo Grêmio estão sendo o último levante futebolístico. Não tenho dúvidas de que, seja lá por que motivo, qu€ando não tivermos mais o Roth para chamar na hora do €aperto, torcedores de Grêmio e de Inter vão suspirar e resmungar: pena que não se tem mais um Celso Roth da vida no futebol. Exatamente como agora, vendo R$50 bilhões de re€ais serem desviados todos os nos dos cofres públicos no Brasil, também sentimos saudades de um político que pegue uma arma na mão para colocar a sua vida em risco em nome da honestidade e do cumprimento da Constituição Federal. Ainda vamos sentir muitas saudades do Roth, como hoje, sentimos do velho Leonel, que um dia foi Itagiba (para entender melhor, sugiro a leitura do livro do Juremir).
Um bom final de semana a todos. Com muitos levantes e revoluções, pelo menos no campo futebolístico...

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