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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Será?

Como esqueci o livro do Allan Poe e o do Mario Quintana em Santo Ângelo, e não quis ficar parado até o final de semana, então, comecei a ler ontem o Reino e Poder, livro-reportagem do Gay Talese sobre a história do The New York Times. Li as primeiras 30 páginas, de um total de aproximadamente 600, e já saquei o fio da história: o jornal mais importante do mundo na verdade nada mais é do que uma empresa familiar bem sucedida, da mesma forma que todos os grandes jornais brasileiros. Aliás, era de se esperar. A única particularidade é que o jornal foi fundado em 1851 e só em 1896 Adolph Ochs compra o jornal, então deficitário, para transforma-lo na potência que é hoje. Ele multiplicou uma tiragem de 9 mil (mais ou menos a tiragem de um jornal de uma cidade como Santo Ângelo ou Ijuí) para 450 mil (a tiragem da Folha de São Paulo) em poucos anos. E, a maior preocupação do velho Ochs era garantir a dinastia familiar da empresa: queria que seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos, e assim por diante, mantivessem a empresa, tendo como base a notícia como produto, mas uma notícia objetiva e (aparentemente) imparcial. O New York Times, desde que foi fundado, era (e ainda é) um dos poucos que paga bem por jornalistas que tenham textos enxutos e sem graça. O principal produto, nesse sentido, é a credibilidade.
Não sou um profundo conhecedor da imprensa norte-americana contemporânea, mas pelo menos até a publicação do livro, em 1992, o New York Times era dirigido pelo bisneto do velho Ochs. Ou seja, o velho deve estar feliz em seu túmulo, satisfeito por ver os eu jornal se manter sempre na liderança mundial de referência jornalística. Qualquer coisa que sai no New York Times tem repercussão e credibilidade. Claro que, no decorrer do livro, virão histórias bizarras e de brigas internas, mas tem sempre que se considerar isso: está se falando do maior jornal do mundo ocidental. Quando falo o maior, falo em tradição e reconhecimento do grande público internacional, e não de tiragem. Se for de tiragem, o maior em circulação em solo americano, pelo que sei, é o USA Today. E no mundo é o japonês Yomiuri Shimbun. Porém, já ouvi nos bastidores que o próprio New York Times está reduzindo cada vez mais a sua circulação para ficar só no online em um curto período, algo em torno de cinco anos. Já reduziu a sua tiragem de cerca de 5 mil para os atuais 1.500. E aí voltamos a velha questão: esse é o futuro do jornalismo no mundo? O fim do jornalismo diário em papel? Será?

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