.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A decadência de uma universidade

Não sou formado em administração, nem gestão pública, entretanto, creio que, tanto em clubes de futebol, quanto em outras instituições que se dizem “públicas” ou “comunitárias” a gestão deve ser encarada de forma diferente da feita por empresas particulares. Um exemplo bem simples: em uma empresa particular, não é preciso se realizar processo seletivo, provas práticas, teóricas e de títulos, testes psicológicos, nem análise do currículo. Se eu sou dono de uma empresa e quero colocar o meu sobrinho trabalhar comigo e não outra pessoa mais qualificada e com mais currículo, eu contrato o meu sobrinho e ponto. Não infringindo a lei, está tudo ok. Já nas esferas públicas (Executivo e Legislativo nos âmbitos municipal, estadual e nacional) os diversos tipos de contratações estão previstos em lei (Cargos em Confiança, servidor efetivo, contrato emergencial, etc). Entretanto, entre as esferas públicas e as particulares há o meio termo, como as universidades “comunitárias” e os clubes de futebol.
Nos clubes de futebol, há muito se tem criticado a gestão amadora. Ou seja, o sujeito é presidente do clube e gerencia toda a estrutura como se fosse sua própria empresa, criando dívidas e fazendo negócios bizarros. Essa é a diferença básica entre os clubes europeus e os brasileiros. Na Europa, na maioria dos casos, a gestão é profissional. Aqui, é amadora. O problema é quando esse exemplo se estende para outras áreas, como por exemplo, para as instituições que gerem o Ensino Superior no Brasil. E uso o meu próprio exemplo para demonstrar isso.
Como não nego a ninguém, sou formado em jornalismo pela Unijuí. Para além disso, também fiz mestrado em Comunicação Social pela PUCRS, com a orientação do ex-vice-governador do Estado e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação (Intercom), Antonio Hohlfeldt. Para quem não é da área, a Intercom é a entidade mais conhecida em Comunicação no Brasil. Isso sem contar minha experiência profissional, publicações, participação em bancas de avaliação de trabalhos da Intercom, etc. Enfim, participei, dia desses, de um processo seletivo para uma vaga de jornalista na Coordenadoria de Marketing da Unijuí. Tirei 10 na prova prático-teórica e fui para a segunda etapa, a entrevista com a banca e análise do currículo. Tudo ocorreu tranquilamente, entretanto, não fui selecionado nem para suplente. Difícil entender.
A única conclusão lógica que tiro disso tudo, é que eu fui apenas mais um de tantos outros casos que tenho conhecimento que ocorreram na mesma universidade. No meu entendimento, isso tudo prova que a gestão da Unijuí está sendo feita de forma amadora. As pessoas que estavam na banca escolheram os candidatos como se estivessem gerindo uma empresa própria, pois, a escolha foi na base do “vou com a cara” ou “não vou com a cara”. Pois, se fosse um processo seletivo minimamente sério o meu 10 na prova e o meu diploma de mestrado teriam sido considerados. Entretanto, na hora da escolha eles foram amassados e colocados no lixo, justamente por uma universidade que tem no Ensino Superior o seu principal produto. E o mais curioso: a vaga era para a coordenadoria de marketing. Ou seja, como uma universidade vai fazer marketing tendo como produto o Ensino Superior se ela mesma não valoriza o Ensino Superior?????
Enfim, já participei de processos seletivos de outras universidades, onde isso não ocorreu e a pessoa que tinha mais experiência e títulos foi quem passou na prova. Por isso fica meu conselho para os santo-angelenses: ao escolher a universidade em que forem estudar, avaliem a seriedade com que ela trata o Ensino Superior.
Uma boa semana a todos.

*Texto publicado em A Tribuna Regional

1 Comentários:

Postar um comentário

<< Home