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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eu vi

O ano era 1999. Eu estava cursando o 3° ano do Ensino Médio e tinha 17 anos. Sei, crítico leitor, eu nasci em 1981, mas o ocorrido aconteceu em setembro, antes do meu aniversário. Na verdade, a história toda começou meses antes quando eu ouvi na Rádio Gaúcha que Brasil e Argentina fariam dois amistosos: o primeiro na Argentina e o segundo no Brasil. Aliás, mais que no Brasil: em Porto Alegre. De imediato, pus-me a incomodar meu pai para me autorizar a ir no jogo (e a financiar a viagem), que seria numa terça-feira, feriado de sete de setembro. Após muita insistência, o seu Nabuco (mais para que eu parasse de encher o saco do que por concordar com a idíea) acabou ligando para pedir para que o meu tio Dãe, que tem o bar na Venâncio Aires, comprasse o ingresso para a partida.
Passada a primeira etapa da missão, houve o primeiro jogo em solo hermano e deu Argentina ao natural: 2 a 0.
Os dias passaram e chegou a tão esperada terça-feira de 7 de setembro de 1999. O jogo iniciava às 14h no Beira-Rio. Meu primo Raul, meu tio e eu saímos de casa por volta do meio-dia. Tivemos a imbecil ideia de pegar um taxi, pois os ônibus nem paravam para recolher mais gente, pois todos eles já tinham gente caindo para fora pelas janelas e portas. No fim, chegamos no Beira-Rio ao mesmo tempo do que o povo que ia a pé. Bom, o jogo era no Beira-Rio, pois se fosse no Olímpico colocaríamos em prática o até a pé nós iremos. Chegamos ao estádio e um mar de gente se aglomerava ao redor de todos os portões. Não lembro ao certo o número da entrada, mas fomos para a arquibancada superior, atrás de um dos gols. Naquele tempo era tudo diferente, o Beira Rio tinha coreia, geral e tal e coisa. Por isso digo que agora o Inter é um clube elitista. Convenhamos, clube que acabou com a coreia e com a geral não pode ser chamado de clube do povo. Há muito o clube do povo é o da Azenha. Mas pronto, já falei demais sobre isso. Voltemos ao jogo da Seleção. Após ficar aproximadamente duas horas na fila, chegamos perto das catracas. Por um momento a catraca trancou. O povo começou a pular a dita cuja. Pulamos também e, em segundos, estávamos dentro do estádio. Eu, com o ingresso na mão, intacto. Coloquei-o no bolso para guardar de recordação. O estádio estava completamente lotado. Com o radinho no ouvido, soube que cinco minutos depois que entramos os portões estavam fechados. E no outro dia soube, através da televisão, que mais de cinco mil torcedores ficaram do lado de fora com ingresso na mão. Eu também fiquei com ingresso na mão, mas dentro do estádio, o que é bem diferente.
Enfim, foi o maior espetáculo futebolístico que já vi. A “ola” que a torcida fazia desde o início era espetacular. E o futebol apresentado pela Seleção naquela tarde também, embalados pelos gritos de “olé”. Todos os jogadores deram show. Rivaldo fez três gols e quase marcou mais um, de bicicleta, em uma jogada linda que contou com toque de calcanhar de Zé Roberto. Roberto Carlos, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho comeram a bola. Foi um chocolate na Argentina, que ainda descontou duas vezes, na segunda, com um golaço de Ortega.
Lembro-me até hoje que o estádio inteiro levantava a cada jogada do Ronaldo Fenômeno, que fez fila, deu janelinha, infernizou a vida dos argentinos. Era um espetáculo digno dos grandes jogos que lia nas páginas da Placar dos tempos da Seleção de Pelé, Garrincha & Cia. E quando Ronaldo foi lançado, já no segundo tempo, e arrancou em velocidade rumo ao gol, o estádio inteiro ficou de pé, de boca aberta e coração na mão. E quando ele soltou uma patada, sem chances para o goleiro, e a bola entrou na gaveta, foi uma explosão de êxtase e gozo coletivo jamais vistos ao vivo e a cores pelos meus olhos. Todos pulavam e se abraçavam! Era gol do Brasil! Era golaço de Ronaldo Fenômeno! Tive a honra de poder ver o Ronaldo, esse mito futebolístico, marcar um gol ao vivo em uma goleada por 4 a 2 sobre a Argentina. Sei que boa parte da imagem em torno do Ronaldo ficou arranhada devido a chatice do Galvão, mas o fato é que o cara ficou no auge do futebol mundial durante muito tempo e, por isso, está certamente entre os 10 maiores jogadores de todos os tempos do futebol mundial.
Depois dessa vez apoteótica, ainda pude ver outras duas vezes o Ronaldo jogar, ambas em 2009. A primeira foi na final da Copa do Brasil: 2 a 2 entre Corinthians e Inter no Beira-Rio e o Fenômeno ergueu o troféu de campeão. Já a segunda, também ficou para a história: Grêmio 3x0 Corinthians no dia em que o travesti que se envolveu em uma polêmica com o Ronaldo morreu. O Olímpico inteiro gritou “viúvo” para o Fenômeno, que não jogou absolutamente nada naquela tarde. Mas isso não importa. O que minhas retinas viram em 1999 valeram mais do que qualquer pisada na bola que Ronaldo possa ter dado fora dos gramados. E, agora, sinto-me na obrigação de repetir uma das frases feitas ditas pelo mala do Galvão: vai deixar saudades esse Ronaldo!
Hasta!

6 Comentários:

  • baixou o Galvão em ti? me poupe akele gordo! bjos

    Por Blogger Carolina, às 8 de junho de 2011 às 11:23  

  • com certeza alemao, um dos maiores do mundo. basta medir a circunferencia.

    Por Blogger Zaratustra, às 8 de junho de 2011 às 16:01  

  • poha... Ronaldo pode ter feito um monte de MERDA fora do campo, mas dentro das 4 linhas ele foi gênio e isso, NINGUÉM pode negar.

    Maior exemplo disso, foi a Copa de 2002. Mesmo com os joelhos tudo remendado, ele foi decisivo na conquista do Penta.

    Com certeza, ao lado do Zidane, forma a dupla dos maiores jogadores que eu já vi jogar.

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 9 de junho de 2011 às 21:04  

  • Aí alemão, passou pelo chiqueirinho do rio....no fundo és um colorado!

    Por Blogger Silvério, às 10 de junho de 2011 às 17:21  

  • Além do gordo que é gênio, tive a felicidade de ver Pelé,o maior gênio de todos!
    Uma vez fui ao cinema ver um filme de gols do Pelé, 2h de gols do negrão! Chose de loke!

    Por Blogger Marcos, às 15 de junho de 2011 às 12:49  

  • Tri esse post. Fui nos dois jogos, no da seleção contra a Argentina, e no Gremio contra o Corinthians. No gol do Ronaldo pela seleção deu pra ouvir das arquibancadas a patada na bola, foi com muita vontade! No jogo do Ronaldo contra o Gremio dava pra ver que ele estava muito incomodado, não deveria ter sido escalado. Melhor para o Gremio.

    Por Blogger DalheOOO, às 23 de julho de 2011 às 14:45  

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