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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Foto Novelão Mexicano – Uma terrível noite de inverno (kkkk)

Eis que, noite dessas, tomei um trago e não faço idéia de como dormi. Só lembro de eu andando em zigue e zague pelas ruas geladas, em meio à escuridão, ouvindo o uivo dos ventos e levando bofetadas de gelo. Porém, de repente, acordei e misteriosamente não estava com frio nem com dor de cabeça. Fui abrindo os olhos aos poucos, e quando tirei a última remela deles, enxerguei algo assustador: um velho com a cabeça resplandecendo fogo. “É o coisa ruim”, pensei comigo mesmo. O quê foi que eu fiz pra merecer isso? E, quando realmente me dei conta que estava acordado, não resisti, e gritei:

AAAAAHHH! Sai pra lá, coisa ruim! De onde você vem?? Saia! Saia! – Gritava eu, fazendo o sinal da cruz sem parar, pedindo para São Jorge, São Bento, São Nicolau, São não sei mais o quê, enfim, para que todos os santos me ajudassem naquele momento de terror em que me encontrava, naquela gélida noite de inverno, onde uma cabeça de um senhor iluminada por uma fogueira misteriosa aparecia em minha frente, como a mais terrível das assombrações....

E de repente, o velho sumiu, e diante de meus olhos eu só enxergava a fogueira, tudo vermelho, preto e amarelo, parecia que o mundo tinha acabado. Tentava forçar os olhos, mas o calor era muito intenso, e não conseguia ver nada além daquela lenha queimando, e as brasas saltando em minha direção, acompanhadas de uma fumaça misteriosa, que parecia que ia me puxar em direção da fogueira. “O quê foi que eu fiz?”, perguntava de mim para mim, tentando obter alguma resposta... E enquanto pensava nisso tudo ouvi uma voz, que me fez gritar novamente:

AAAAHHH! O quê você quer? O quê você quer? Está certo, eu cometi muitos pecados em vida, não sou digno de coisas boas nesse pós-morte, porém, também não cheguei a ser uma pessoa má, nunca fiz mal a ninguém, exceto àquelas pessoas que mereceram. Tudo bem, tudo bem, era um julgamento meu, mas elas mereciam aquilo naquele momento... E quem é você para me julgar, para me levar para o calor dessa fogueira??? Está pensando que é quem? Primeiro vai ter que se ver comigo e....

E nesse instante, vi que na verdade o velho que estava diante de mim, nada mais era do que um velho ancião acompanhado de seu cachorro. Na verdade, tratava-se de um ser meigo e inofensivo, incapaz de fazer mal a uma barata. Tinha poucos cabelos, um olhar triste e distante, a pele enrugada. E o seu cachorro tinha o mesmo jeito e o mesmo olhar que o velho. Na verdade, formavam uma admirável dupla de seres que apanharam do mundo, mas que persistiam em ficar ali, parados, olhando a Terra se mexer sem saber para onde essa porra toda vai...

E enquanto ele contava o que tinha me acontecido, eu refletia diante do fogo. Na verdade, eu estava na minha sala, na frente da lareira. Segundo o velho, ele estava passeando com seu cachorro, quando me encontrou deitado em frente à minha casa. Diz ele que eu lhe dei as chaves, e então ele abriu, e assim que adentrei o recinto, me atirei em frente a lareira apagada. Foi então que ele fez um fogo com as lenhas que ali estavam, e ficou sentado, na minha frente, esperando que eu me acordasse. Segundo ele, eu roncava bastante, e às vezes falava coisas inteligíveis.

Foi assim que eu descobri como fui parar na frente desse fogo! Despedi-me do velho, e fiquei sentado em frente da lareira, tomando cafezinho, curando a ressaca, esperando o dia passar para chegar mais uma noite, quando mais coisas loucas vão acontecer.

FIM

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