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segunda-feira, 29 de março de 2010

Surtos e outras loucuras


Ligo para a minha namorada. Uma voz conhecida atende:
- Pirou, guri?
É a minha mãe que atendeu no quarto ao lado. Desligo e acho que estou ficando louco.

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Chego em casa e entrego o molho de chaves para a minha namorada abrir o portão. Ela abre, adentra a residência enquanto eu coloco o carro dentro da garagem. Ao descer, fico procurando as chaves, pensando que as perdi. Ela pergunta:
- O quê foi?
- Nada, só não acho as chaves do portão.
- Estão comigo!
Fecho a porta do carro e acho que estou ficando maluco.

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Vamos sair. Minha namorada vai junto. Ela está me esperando na beira da calçada. Tiro o carro da garagem e começo a falar com ela:
- E aí? Vamos passar primeiro na tua casa ou na casa da sua avó?
Ouço a voz da Laura, minha filha emprestada, respondendo:
- Por que lá em casa? Nós não vamos na bisa?
Eu respondo, enquanto vou dando a ré para irmos:
- Não sei, Lalá, por isso to perguntando para a sua mãe... Heim? Nós vamos aonde? Em casa ou na vó?
A Lala responde:
- Mas a mamãe ta lá!
E vejo ela parada com os olhos esbugalhadas, já longe do carro, estaqueada na beira da calçada. É então que percebo que ela não entrou no carro. Volto para buscá-la, e acho que estou pirando.

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Vou esquentar um café. Coloco a água na xícara. Ligo o micro-ondas em um minuto e meio. Apita. Vejo que esqueci de colocar a xícara dentro do micro. A água está fria. Acho que estou surtando.

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Depois de conseguir esquentar o café, vou adoçá-lo. Pego um pote com pó branco (que não é o que você está pensando, sujo leitorinho), coloco três colheres, e mexo. Pffffssshhh! Cuspo tudo na pia. O café está salgado e eu estou saindo da casinha.

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Para abrir o carro, largo um boleto em cima dele. Entro. Ligo. Tiro o carro da garagem e vou indo. Quando chego na esquina me dou conta de que falta algo. Cadê o boleto? Ficou em cima do carro. Paro. Desço. Volto para procurar o boleto, que está lá, no meio da rua. Definitivamente minha cabeça não anda legal.

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Vou ao banheiro. Tiro a roupa e sigo para baixo do chuveiro. Ligo o dito cujo. Ensabôo as mãos, os pés, as pernas, o bicho velho, os braços, lavo minha vasta cabeleira com xampu, esfrego o sovaco, o saco, arranco uns pelos e uns pentelhos para deixar no boxe para irritar minha irmã, dou risada imaginando ela braba, tiro todo o sabonete do corpo, desligo o chuveiro. Saio do banho assobiando Carnaval no Alegrete, escovo os dentes, seco bem a boca. Abro a porta do banheiro e dou de cara com a empregada, que solta um grito:
- Ahhhhhh!
Eu me apavoro e também grito:
- Ahhhhhh!
Ela fecha os olhos, tampa-os com as mãos, e vira-se de costas para mim. Percebo que estou nu.
Mas, como diria Raul Seixas, também acho que isso é um sinal de que algo está para acontecer.

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