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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma festa inesquecível


Texto publicado no JM de sábado
Uma festa onde só é proibido estar vestido “normal”, ficar parado ou apático. Uma festa onde anjos pulam ao lado de diabinhas, que andam de mãos dadas com o Bob Esponja, que se diverte com o Bob Marley que anda com um cone na cabeça e passa pulando de braços dados com a Branca de Neve cantando “Cidade Maravilhosa”, enquanto um autêntico homem das cavernas beija a Amy Winehouse e ao mesmo tempo um cara igual ao Wagner Love, com um nariz de palhaço que pisca, fala algo colado no ouvido de uma loira de barbas, e enquanto tudo isso acontece um homem vestido de fada convida uma mulher vestida de “Meu pintinho amarelinho” para dançar, observados por um gari que está abraçado na Cinderela, acompanhados por um monge que ostenta um toco de cigarro na ponta da boca, uma clava na mão direita e uma latinha de cerveja na mão esquerda. Essa é apenas uma pitadinha do que se vê nos blocos no carnaval do Rio de Janeiro, que tem uma programação de 24 horas em vários pontos da cidade durante todos os dias de folia.
Tive a felicidade de passar esse carnaval lá nesse ano, o segundo de minha vida (o primeiro foi em 2005), e, de fato, tive a comprovação: é uma festa inigualável. A cidade toda entra no clima e o calor insuportável não causa desanimo nem preguiça, muito pelo contrário, a impressão que se tem é que quanto mais calor se faz, mais as pessoas querem pular (talvez por terem mais sede e consequentemente beberem mais). Quando saia do prédio do meu amigo na praia do Flamengo, já via em todas as ruas pessoas e mais pessoas, de todas as idades, todas fantasiadas, com colar de havaiana, chapéu branco, nariz de palhaço, vestidas de Chávez, de Chiquinha, de Mônica, de Michel Jackson, de Barack Obama, de Madona, enfim, como disse no início do texto, a única coisa que não se via eram pessoas com calça, sapato, camisa, etc (a não ser o Obama ou o Lula). E quando eu ia de um bairro para o outro, no ônibus, no metrô, no trem, praticamente todas as pessoas estavam indo ou vindo de algum bloco (tem bloco de manhã, de tarde, de noite, de madrugada, enfim, 24 horas). Ou seja, a cidade respira o carnaval. Cariocas, turistas de todo o Brasil, estrangeiros, todos se divertem, dão gargalhadas, cantam marchinhas em pequenos grupos, que aos poucos vão aumentando, e em pouco tempo uma pequena multidão está cantando em uma só voz: “se você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não...”, e, no meio da folia, eu e o meu amigo ainda lembramos, na beira da praia em Copacabana, das piadas dos tempos de Sepé Tiaraju, em Santo Ângelo, e vamos tentando lembrar os nomes dos colegas, e eu tento puxar do escaninho do meu cérebro o que cada um está fazendo (ou imagino que esteja fazendo, porque a maioria eu nunca mais ouvi falar).
Mas enfim, após esse parêntese santo-angelense, o que quero passar é justamente isso: o carnaval do Rio é o maior do mundo e é inigualável e incomparável (talvez apenas Salvador esteja no mesmo nível) por causa dessa dedicação espontânea da cidade toda, que contagia quem chega de fora e nos faz voltar loucos para voltar no próximo ano. E é isso que está faltando ao Grêmio, e, indo um pouco mais longe, é o que tem faltado há SER Santo Ângelo desde que ela caiu para a Série B. Enquanto não houver uma convicção de que todos estão no mesmo barco e enquanto todos não respirarem aquilo que almejam nas competições na qual disputam, o sucesso ficará à mercê da sorte, e isso é quase igual ao fracasso. Por outro lado, pelo que senti no Rio de Janeiro e pelo que vejo aqui no Rio Grande do Sul, Flamengo e Inter estão respirando e transpirando a Libertadores. E é por isso que o Inter teve uma década de sucesso, com títulos de todos os tipos, e é por isso também que o Flamengo ganhou o Brasileirão do ano passado. E é por isso que repito uma última vez: gremistas e santo-angelenses se espelhem no carnaval carioca e simplesmente deixem rolar que o gozo da vitória virá automaticamente!

1 Comentários:

  • Porra alemao, qualquer assunto tu consegue transformar em futebolistico. Até a rebimboca da parafuseta no final deve virar algo como o grenal do primeiro turno

    ou nao

    Por Blogger Zaratustra, às 20 de fevereiro de 2010 às 22:12  

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