A sociedade do espetáculo em tempos de rivalidades bestiais
Bento Gonçalves parou nessa semana para receber a dupla Gre-Nal. Trabalhando aqui na Serra, descobri duas coisas: nos órgãos de imprensa de Bento, 90% dos jornalistas e profissionais da comunicação são colorados. No entanto, nas ruas, acredito que, no mínimo, 65% são gremistas. Não tem como se comparar a festa que a torcida do Grêmio fez, com relação a do Inter. Porém, por outro lado, as primeiras provocações e os atos de vandalismo de alguns torcedores, também ficou a cargo da torcida gremista, manchando desnecessariamente uma bonita festa.
Na quarta-feira, dia em que a delegação do Grêmio chegaria a Bento, logo no início da tarde eram vistas com muita facilidade dezenas de pessoas vestidas com a camisa tricolor desfilando pelas ruas do centro. Eram crianças, mulheres, homens, idosos, e, sem exagero, desconfio que até alguns cães também estavam vestidos com uniforme tricolor. No entanto, percebi o clima de tensão no meio da tarde, quando um carro com gremistas hostilizou um casal que passou de moto vestidos com camisa do Internacional. O que se viu depois, mais tarde, com a chegada da delegação gremista no hotel, foi o que todos acompanharam pela mídia: baderna, confusão, bagunça, troca de xingamentos e tudo o mais.
Tudo isso aconteceu com transmissão em tempo real por televisão, internet, rádio, além de ocupar as capas dos principais jornais do estado no outro dia, e de ganhar destaque nacional no Globo Esporte. Lembrei-me, de imediato, do livro A Sociedade do Espetáculo, do Guy Debord. Está certo, no livro o teórico francês está mais preocupado com outras questões, mas a sociedade onde a imagem vale mais do que tudo, como já dava as primeiras pinceladas Debord, é essa onde os torcedores fazem de tudo para mostrar para todo mundo o quanto odeiam o seu rival, numa impressionante rivalidade de bestas. Ou seja, a mídia está preocupada em cobrir os acontecimentos, mas é exatamente com esse objetivo que os torcedores arrancam faixas, atiram pedras em ônibus e queimam camisas: mostrar o quanto eles "amam" os seus clubes. Não estou dizendo que acho que fazendo isso eles mostram que amam seus times, mas é essa a lógica que sustenta essas atitudes em suas mentes fracas. Enfim, resumindo tudo, após todos esses acontecimentos, e ouvindo o pessoal do setor de segurança pública aqui da Serra, colegas meus de imprensa, poder público, dirigentes, etc, concluo que o problema vai muito além de "prender esses vândalos" ou "lugar de vândalos é na cadeia". A razão e a coerção não são o suficiente para mudar uma cultura. Se tem algum investimento que deve ser feito é em educação. Essa é a única forma de mudar alguma coisa.
Gauchão 2010 - Só para dar uma pincelada rápida nas expectativas em torno do Gauchão, aqui na Serra o Esportivo está aparecendo como um forte candidato ao rebaixamento, perdendo amistosos para Brasil de Farroupilha e Avenida. Confesso que vou torcer para o clube bento-gonçalvense não cair e que a SER Santo Ângelo ganhe a vaga de outro clube. Em relação a dupla, nos últimos anos o time que disputa a Libertadores tem fracassado no Gauchão. Também aposto nessa lógica nesse ano. Essa é a grande chance que o Grêmio tem de sair da fila...
*Texto publicado no J Missões de sábado - 09/01/10
Foto: Eduardo Cecconi
2 Comentários:
Porra alemao! Concordo contigo, por isso votei no Cristovam Buarque pra presidente. Esses dias ele colocou pra votaçao uma lei que obrigava os filhos de deputados senadores vereadores a estudar em escolas publicas. Obvio que nunca serà aprovada, mas é bom pra manter a questao no ar...
Por Zaratustra, às 11 de janeiro de 2010 às 20:29
Porra alemao, sç eu que comento aqui alemao?
Aproveita e passa no meu blog que tem textos novos
gde abç
Por Zaratustra, às 12 de janeiro de 2010 às 23:40
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