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domingo, 13 de dezembro de 2009

Despedida ababelada e saudades eterna

De tanto tentar matematizar o inimatematizável, ou, em termos acadêmicos, quantificar o inquantificável, estou começando a ficar com medo de me tornar um maldito positivista determinista conservador. Apesar de ter essa consciência, vou dividir esse post em três partes para falar sobre o jogo de despedida do Danrlei, o comentário do Ababelado sobre o último post desse blog, e a saudades que já sinto aqui do meu humilde apartamento e da vida que estava levando no Partenon, em Porto Alegre.
Como diria o sábio Topo Gigio (por onde andará aquele ratinho?), comecemos pelo começo.
Ontem fui na despedida do Danrlei no estádio Olímpico. Fiz um texto específico sobre isso para a minha coluna no Jornal das Missões, que posso postar outra hora, falando sobre a partida, o estádio lotado, o entusiasmo da torcida, o gol que consegui filmar do Jardel, no cruzamento do Paulo Nunes, etecétera e tal. No entanto, aqui vou contar duas historinhas rápidas e bizarras que ocorreram durante o jogo, mas que, juro, são 100% reais.
A primeira aconteceu com um amigo meu, de Santo Ângelo, que me encontrou lá nas cadeiras do Olímpico. O cara me pediu para não citar o nome dele aqui. Não sei porque as pessoas têm vergonha de verem seus nomes escritos nesse nobre espaço. Será que elas perderão o emprego? Ou a namorada? Ou serão perseguidas por mafiosos e serão torturadas até a morte por terem sido citadas por esse que vos escreve? Alguém aí pode responder essa dúvida que me assola? Por isso gostava tanto, e sinto muita falta dos falecidos Jimbo e Pipoca, e por isso gosto tanto do Jamelão e da Pretinha. Eles não reclamam se eu colocar a foto deles pelados aqui...
Mas voltando à história, esse meu amigo, lá pelas tantas, foi buscar um cachorro quente na copa do Olímpico. Passou pouco tempo e ele voltou, encurvado, querendo se enfiar embaixo das cadeiras. Atrás dele vinha um grupo de uns 20 torcedores, todos com cara de fome e frustração. Ele sentou-se, acanhado, e contou: quando estava lá, pegando o seu hot dog, uma mulher pediu para que ele alcançasse o kat-chup. Então, gentilmente, ele estendeu o braço, mas nesse movimento infeliz, acabou batendo em um copo de cerveja (sem álcool) que estava no balcão, e o líquido amarelo caiu todo dentro do penelão onde estava o molho do cachorro quente. A vendedora olhou para todos que estavam na fila e anunciou:
- Galera, acabou o cachorro quente...
E meu amigo tratou de sair dali de fininho, sem ser visto pelos torcedores famintos.
Já a segunda história bizarra aconteceu comigo mesmo. Acabado o jogo, desci para o campo, onde entrevistei o Danrlei e depois segui para o vestiário para entrevistar os demais jogadores. Tive a honra de entrevistar o Aílton, que fez aquele milagroso gol contra a Portuguesa em 1996, o Mauro Galvão, e outros, até que vi por ali o Ânderson Lima. Porra, esse mesmo amigo da história do cachorro-quente tinha me dito que ele estava jogando não sei onde... Eu acreditei. Depois que ele respondeu a pergunta referente a homenagem feita ao Danrlei, aquela coisa toda, eu emendei:
- Mas e aí, quais são os planos para 2010? Já tem algum clube em vista, algum acerto?
Ele respirou fundo e respondeu:
- Olha... eu parei de jogar já faz algum tempo e agora meus planos são outros...
Enfim, depois dessa, encerrei minha participação jornalística no evento e foi a minha vez de sair de fininho...
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O segundo assunto do post de hoje é o comentário do Ababelado. Na verdade, o texto dele em si, já é um post. Mas quero fazer algumas considerações sobre a consideração dele, que é outro bunda mole que não aceita ser identificado nesse espaço. Uma dia ainda vou publicar uma lista com o nome de todos os anônimos. Agora, vejam vocês o texto:
“Carai, Eduardo. Fico um tempo sem visitar este pardieiro digital e quando volto descubro que tu nem tá mais em Porto Alegre. Logo agora que eu tava pensando em dar um pulo aí nas minhas férias, pra ver a estréia do Grêmio no gauchão. E que papo é esse de trabalho, notebook e conta bancária? Cadê aquele Bukowski Missioneiro que escrevia por aqui? Que decepção! Acho que, em nome do velho safado, você devia pedir demissão agora. E terminar o namoro também. E começar a namorar uma ex-prostituta argentina chamada Marines Garcia, que gosta de ouvir tangos de Gardel em vinil, na vitrola que herdou do pai, morto na guerra das Malvinas. Isso é o mínimo que eu espero de você. E, honestamente, não quero me deparar com novas histórias da tua nova vidinha pequeno burguesa quando passar por aqui da próxima vez!!! E, por favor, entenda a ironia deste comentário e aceite meus sinceros votos de boa sorte. Abraço, cara”.
Um texto muito bem escrito.
Primeiro, se quer ver jogo do Grêmio no Gauchão, você vai poder ir para Bento e ver Esportivo e Grêmio que vão jogar lá, só não me recordo da data. Segundo, o notebook é da empresa, que me liberou para escrever a dissertação (e escrever nesse espaço é uma terapia entre trabalho e dissertação). Já a conta bancária, tive que criar para poder receber no fim do mês. Terceiro, agora sim você terá que manter o anonimato, porque minha noiva quer o seu coro e a sua cabeça em uma bandeja. Quarto, eu estou trabalhando 12 horas por dia, ao melhor estilo Revolução Industrial, para ganhar escassos mirréis, e não numa das maiores assessorias de imprensa do Brasil, se não a maior. E, finalmente, quinto: nunca comi uma francesa, muito menos namorarei ex-prostituta argentina. Porém, admito a possibilidade de comprar um vinil com tangos de Gardel, só pela curtição. Para encerrar, também não encare o meu comentário do seu comentário como ironia, é apenas um comentário sobre um comentário muito comédia e bem escrito. Ah, e vê se honre os seus culhões e assuma sua identidade em público!
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É estranho estar nesse apartamento, na qual passei um ano vindo aqui toda a semana e outro morando full-time, e pensar que essa é minha última vez aqui. Fico olhando para o orelhão do outro lado da rua, onde ia ligar para a minha noiva, fico olhando para o quarto bagunçado, para o rádio que o tio César me emprestou tocando, para a TV ligada na MTV, para a pilha de livros, para a cozinha suja e apertada com a louça me esperando para lavá-la, para o mercadinho da esquina onde todos os dias eu ia comprar pão, para a academia Extrema Força na Bento, onde ergui peso durante um semestre, para o Carrefour, onde assisti a única vitória do Grêmio fora de casa no Brasileirão 2009 enquanto minha irmã fazia o rancho do final de semana, enfim, fico olhando para a lancheria que vende xis sem ovo, para o lava-rápido da esquina onde buscava os galões de água (até hoje desconfio que eles enchem os galões com a água do próprio lava-rápido), olho para tudo isso e, putz, já estou com saudades. Sou um maldito saudosista. Sinto saudades das coisas antes mesmo que elas acabem. Quando estava na faculdade e morava no kit-net sozinho, pensava comigo mesmo: “Nossa, vou sentir saudades pra carajo disso aqui”. E de fato, sinto saudades daquele tempo, onde as parcerias se reuniam todos os dias, não faltavam risadas ecoando pelos corredores do prédio durante o dia e pelas ruas de Ijuí durante a madrugada. E no outro dia, todos se reuniam, de ressaca, e contavam as proezas das últimas horas. Mas a faculdade terminou, e assim que me formei conheci a minha noiva Cristiane. Sabia que aquela vida boa de namoro e estudo para a seleção do mestrado também iria acabar, e logo voltei a trabalhar em Ijuí, já sentindo saudades da vida que levava em Santo Ângelo. Depois, fui para Porto Alegre para o estágio de quatro meses na Gaúcha. E ao mesmo tempo em que sentia saudades de tudo o que tinha ficado, já sentia falta da Gaúcha quando saísse dali e fosse para outro lugar. Veio então o emprego no Jornal das Missões, e o processo se deu da mesma forma. E de lá vim para cá, onde passei 2009 no ritmo que descrevi durante o ano inteiro. Mestrado, procura por emprego, congressos, muitas amizades novas, outras visões de mundo, e saudades e encontros de poucos dias com a minha noiva, tudo ao mesmo tempo. E agora, estou saindo daqui para morar em Bento Gonçalves. Mais uma vez, enquanto ao mesmo tempo estou conhecendo grandes e inigualáveis figuras e aprendendo muitas coisas lá, já sinto saudades daqui. É, sou um maldito saudosista que não quer envelhecer e que está sempre tentando eliminar o tempo e o espaço. O sol brilha lá fora, mas um nó nebuloso invade a minha garganta... Também acho que é por isso que fiquei tão eufórico, ontem, vendo e entrevistando os jogadores daquele inesquecível time do Grêmio de 1995.
Em meio às saudades, que venha o futuro.
PS: Aproveitando o clima saudosista, coloco uma foto onde estou com meu irmão e minha irmã na nossa saudosa infância.

3 Comentários:

  • muito bom o texto primuxoo!!!
    mas comentando a fotinho...
    a carol coisa mais meiga abraçando a vavá...hehehe
    muito linda a foto adorei só faltou eu...sniff.
    KaKá

    Por Blogger KaKá, às 13 de dezembro de 2009 às 11:30  

  • Não sejas tão saudosista, amado!! A vida vai pra frente, que nem as águas dos rios, não há retorno! Lembrar sim, mas não remoer o q passou, mesmo q sejam coisas boas... Viva sempre o presente, sem grandes saudosismos! Se não, o que será da gente??? Amei o texto!
    Bjs, filhão!

    Por Blogger Nara Miriam, às 13 de dezembro de 2009 às 14:29  

  • faltou dizer q sente falta de mim hihihihi uirii tb começei sentir saudades do ape...nao tinha sentido ainda hauhauahuahauhauhauhauhuahuahua mas ele terá donos mais organizados, será mais feliz, pensemos assim hahahaa

    Por Blogger Carolina, às 20 de dezembro de 2009 às 17:28  

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