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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Yo tambien quiero ficar rico

Ainda estou tentando me adaptar ao notebook. Descobri que meus dedos são gordos. Nesse tecladinho minúsculo, volta e meia aperto dois botões ao mesmo tempo sem querer. Também não me acostumo a escrever deitado, e, sentado, fico tentando equilibrar esse tareco nas minhas coxas. Em cima da mesa é uma boa opção, vou tentar outra hora... Mas agora ele está carregando na tomada, e acho que o fio não alcança da mesa até a tomada da cozinha. Enfim, agora não vou parar tudo para me mudar para a cozinha. Melhor evitar a fadiga, como já diria o filósofo Jaiminho.
Além de tentar me adaptar ao note, estou fazendo de tudo para me acostumar ao frio da Serra gaúcha em pleno dezembro. Hoje é dia 8 e está frio aqui em Bento Gonçalves. Tenho ido trabalhar de moletom. Para minha sorte, trouxe um edredom, no entanto, ele é leve. Durmo de calça e meias. No sábado vou a Porto Alegre buscar o que ficou lá e vou trazer o acolchoado pesado. Havia encomendado um ventilador que já nem faço tanta questão de buscar lá na Colombo ($$). Acho que vai ficar bonito no chão da sala, ao lado da TV. E assim anda a vida. Hoje estamos aqui, amanhã estamos lá, ontem estávamos inhacolá, depois de amanhã vamos para a Sbornia, e segue o baile, como diziam os tradicionalistas das Missões...
Achei uma posição melhor. Sentei igual a índio e coloquei o notebook no colo. Melhor assim. Escorei as costas na parede. Agora estou bem acomodado. É bom descansar, ainda mais depois de uma dezena de horas de trabalho diário. Quando você está nesse ritmo, não consegue nem pensar direito. Chega em casa e só se deu conta do que poderia ter feito e não fez, no outro dia. Por exemplo, eu tenho que dar um jeito na minha dissertação. Passei três anos ansioso por esse momento. Dois para entrar no mestrado e outro cursando as disciplinas. No entanto, agora que estou a um passo de começar efetivamente a escrevê-la, minha vida toma um rumo inesperado. Voltei para a mesma situação que estava quando iniciei a faculdade: trabalhando em uma cidade estranha onde não conheço praticamente ninguém, 10 a 12 horas por dia e sem dinheiro. Durante o ano inteiro me dediquei integralmente a isso: produzir artigos, aulas, participar de eventos, escrever, ler pra caramba. Estava num ritmo ótimo. A participação no encontro da SBPJor em São Paulo foi excelente. No entanto... Deixa pra lá.
Tenho que ler. Mas meus olhos já estão pestanejando. Estou com saudades da minha noiva. Muitas. Faz quase 20 dias que não a vejo. Também estou com saudades da minha filhota emprestada Lalá, que hoje está de aniversário. Quase chorei ao falar com ela pelo telefone. Prometi que esse é e será o único aniversário que passarei longe dela. Queria juntar tudo. Queria ter as duas aqui, ou levar o trabalho pra lá, ou não precisar dormir para poder trabalhar e fazer o mestrado tranquilamente. Queria ter dinheiro na conta, e não ter dívidas. Hoje fui abrir uma conta para receber meu salário e descobri que estava com uma pendência com a Receita Federal.
Putaqueopariu – murmurei baixinho.
Como? - questionou o caixa.
Nada, nada. Mas, como assim Bial?
Você está com o CPF bloqueado por não ter declarado a isenção do IR.
Putaqueopariu.
Como?
Nada, nada...
Enfim, eu, que já estava dois dedos abaixo do cu de cachorro, financeiramente falando, passei a ficar um palmo abaixo do ânus canino. Fui até os correios e paguei uma maldita taxa de R$5,50. Pelo menos meu CPF voltará a funcionar e eu voltarei a existir em 48 horas. Tu vês. Fora isso, estou colocando tudo nos convênios da empresa. Acho que meu salário ficará negativo. Ainda bem que ganhei aquele concurso de redação do JM missioneiro. Vai me tirar parcialmente a corda do pescoço. Mas enfim, se eu tivesse dinheiro no banco, se não precisasse dormir, e o espaço e o tempo, que estão me separando momentaneamente das pessoas que amo, fossem eliminados, talvez eu estivesse mais animado. Ou não, vá saber. As pessoas nunca estão satisfeitas. Sempre falta algo. Sempre querem mais. Aliás, eliminar espaço e tempo já preocupava o economista Harold Innis nos anos 30 e depois preocupou o seu aluno, Marshal MacLuhan, do famoso “O meio é a mensagem”, nos anos 60. Os meios tentam vencer essas duas barreiras: espaço e tempo. Enfim, acho que já estou começando a viajar e esse texto está começando a ficar muito grande para o pesado e preguiçoso leitorinho tupiniquim ler. Vou parar de escrever aqui e dar uma lida no meu livro do Jack London que ganhei de presente da minha irmã na Feira do Livro de Porto Alegre. O jogar vídeo-game com a gurizada ali na sala. Eis a questão. Aliás, falando em irmã, final de semana vou levar uma sacola de roupa suja para lavar lá no meu ex-ap em Porto, já que no tanque daqui não tem aquela tábua para esfregar os trapos (como se chama aquela joça?). Um dia vou ser rico e vou comprar essa tábua. E também vou comer no Mc Donald´s. E também vou ao dentista. E também vou tomar cerveja Patrícia. Um brinde.

2 Comentários:

  • Porra alemao...que eu saiba a tábua de esfregar roupas se chama "tábua de esfregar roupas". Mesmo se eu fosse rico nao comeria no McDonalds. Mas beberia a loira da Patricia.

    Mas a vida é assim alemão. Quando a gente trabalha queria não trabalhar, e quando não trabalhar o contrário. O ser humano nasceu insatisfeito. Somos a imagem e semelhança de deus, como vc pode ver nesse blog aqui, que nao é vírus: http://www.umsabadoqualquer.com/

    Mas é isso alemao. E nunca foi tão legal ver o Gremio perder como foi contra o mengao. Abraço

    Por Blogger Zaratustra, às 9 de dezembro de 2009 às 17:29  

  • Carai, Eduardo. Fico um tempo sem visitar este pardieiro digital e quando volto descubro que tu nem tá mais em Porto Alegre. Logo agora que eu tava pensando em dar um pulo aí nas minhas férias, pra ver a estréia do Grêmio no gauchão. E que papo é esse de trabalho, notebook e conta bancária? Cadê aquele Bukowski Missioneiro que escrevia por aqui? Que decepção! Acho que, em nome do velho safado, você devia pedir demissão agora. E terminar o namoro também. E começar a namorar uma ex-prostituta argentina chamada Marines Garcia, que gosta de ouvir tangos de Gardel em vinil, na vitrola que herdou do pai, morto na guerra das Malvinas. Isso é o mínimo que eu espero de você. E, honestamente, não quero me deparar com novas histórias da tua nova vidinha pequeno burguesa quando passar por aqui da próxima vez!!! E, por favor, entenda a ironia deste comentário e aceite meus sinceros votos de boa sorte. Abraço, cara.

    Por Blogger ababeladomundo, às 11 de dezembro de 2009 às 09:41  

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