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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O dia em que Thiego chorou, o título colorado, e outros impropérios

Bom, voltei de São Paulo, foi tudo uma loucura lá, mas muito bom, tenho fotos e tal (algumas no Orkut), e precisarei de mais tempo para contar tudo o que rolou lá, se é que vou conseguir, já que amanhã estou de mudança para Bento Gonçalves. Enfim, a apresentação foi boa, os GTs foram bons, as palestras idem, e os contatos, trocas de informações e tudo o mais também foi muito mais do que 100%. Inclusive, encontrei até o cachorro Benji numa parada de ônibus da USP e o Oscar no aeroporto de Congonhas. A foto do Oscar vai aí, a do Benji merece um post separado. Bom, só esclareço que não sou eu que sou baixinho, mas sim o cara que é gigante.
Agora, como está tudo corrido aqui (dei uma pausa na arrumação da mudança), vou postar o texto que mandei ontem para sair no JM missioneiro, com o título “O dia em que Thiego chorou, o título colorado, e outros impropérios”. Segue:

Amigos, já estou até vendo a cena no próximo domingo: os colorados sentados, tensos como um virgem diante da Juliana Paes, com os olhos no campo e o ouvido colado no rádio, roendo as unhas, em meio a um silêncio ensurdecedor, quebrado apenas pelo bater dos 60 mil corações vermelhos que se espremem nas arquibancadas do Beira-Rio. O Inter vence tranquilamente o Santo André por 3 a 0, faltam menos de 10 minutos para acabar o jogo, e, enquanto os 11 atletas colorados tocam a bola de um lado para o outro, lá no Maracanã, a pelota cruza a área sem ser atingida pelas chuteiras que passam próximas a ela, e caprichosamente bate na canela de Willian Thiego, indo morrer mansamente no fundo das redes rubro-negras. O Beira-Rio explode em uma alegria digna do maior orgasmo coletivo da história da humanidade com o gol do Grêmio. A cena é única. Pela primeira vez em 100 anos de rivalidade Gre-Nal, a parte vermelha do Rio Grande do Sul chora de emoção por um gol azul, fazendo uma inesperada avalanche nas arquibancadas do Beira-Rio.
Depois de Gabiru, o Inter comemora um título com um gol de Thiego, perseguido pela torcida gremista durante todo o campeonato. O infeliz Thiego, que na verdade nem quis fazer o gol, agora ficará mais seguro indo morar no Azerbaijão. Qualquer cidade do mundo é mais segura para Thiego do que Porto Alegre. E assim, os colorados invadem as ruas de todas as cidades do Rio Grande do Sul segurando uma bandeira vermelha na mão esquerda, e outra azul, na mão direita.
Um absurdo inimaginável desses seria considerado exagero se fizesse parte de uma história de ficção. Ninguém nunca imaginou que isso realmente um dia fosse acontecer. Mas eis que aconteceu: teremos no próximo domingo colorados torcendo fanaticamente pelo Grêmio. Aliás, para o Inter só resta uma saída: vencer o seu jogo e torcer para o Grêmio no Maracanã. Já os torcedores gremistas não aceitam, não cogitam, não consideram a hipótese de vencer o Flamengo. Por essa e outras, teremos curiosamente uma semana Gre-Nal, mesmo sem termos efetivamente um Gre-Nal.
Estatística – A situação parece óbvia. O Grêmio só venceu o Náutico fora de casa durante todo o campeonato. Quando mais precisou vencer times fracos longe do Olímpico, como o Santo André, Barueri, Fluminense, e todos os outros, fracassou miseravelmente. Alguém realmente acredita que o time de Rospide, que está em lua-de-mel com a torcida, vai fazer algum esforço para vencer? Para isso acontecer, sinceramente, só se a bola realmente bater na canela de Thiego e enganar o goleiro Bruno. Seria a epopéia colorada por um viés tricolor.
E a qualidade? – Vi o compacto de Corinthians e Flamengo. Visivelmente os corintianos amoleceram para prejudicar os rivais São Paulo e Palmeiras. Os cartões foram cavados, até a expulsão de Chicão. Que forma melhor de entregar um jogo do que fazendo faltas violentas para forçar expulsões? Com um ou dois jogadores a menos, uma derrota torna-se natural, e assim, a falcatrua fica menos escancarada. Acredito que os jogadores andam participando de workshops de dissimulação de atitudes com os políticos em Brasília. Como roubar sem parecer que está roubando? Aliás, na volta do encontro da Sociedade Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo, em São Paulo, vi no aeroporto de Congonhas um livro com um título muito sugestivo: Como enrolar seu chefe parecendo que está trabalhando. Vejam vocês. Agora, o Flamengo pega outro time que possivelmente vai utilizar as mesmas artimanhas utilizadas pelo Corinthians: o Grêmio com time misto, cavando cartões, expulsões, faltas próximas à área, e tudo mais. Mas aí entra a questão: onde fica a qualidade? Que mérito o Flamengo tem em conquistar um título somando seis pontos contra dois times que têm mais interesse em entregar o jogo, do que em ganhar? Eis outra falha dos pontos corridos, que, a sua maneira, também passa a falsa impressão de ser mais emocionante e justo do que um campeonato com uma final. De qualquer forma, boa sorte aos colorados.

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