.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aventuras nas águas paradas do Guaíba

A história que vou narrar aconteceu há uma semana. Convidei meu amigo Cristiano para ir visitar a Feira do Livro de Porto Alegre, dar uma olhada nas bancas, aquela coisa toda, e lá pelas tantas, resolvemos dar uma passada na Feira do Livro Infantil, na beira do Guaíba. Olhamos alguns livros, eu pensando em algo para dar de presente de aniversário para a Laura, já ficando na dúvida entre o Querido Diário Otário e o Castelo das Fadas, quando avistamos um navio, que estava parado, na beira do rio.
Havia uma fila gigante para entrar. Lembrei daquele passeio de barco que fazem, com saída lá do Gasômetro, e logo comentei com meu amigo: “acho que tem que pagar ingresso”. Meu amigo, então, resolveu perguntar para uma senhora que vinha descendo do barco, ou navio, vá saber:
- Tem que pagar pelo passeio ?
- Não – respondeu a senhora.
Bom, seguimos reto para a fila. Ficamos lá, parados, durante aproximadamente meia hora, embaixo de um sol infernal de uns 40 graus. Lá pelas tantas, não resisti e fui pegar uma água mineral gelada. Quando voltei, a fila estava andando. Subimos aquela rampa de acesso ao navio com alguma dificuldade, mas, em pouco tempo, lá estávamos, a bordo, prontos para desbravar os sete mares! Ou melhor, as sete pontas do Guaíba. Olhamos para o mar, quer dizer, rio, descemos uma escada, e olhamos a exposição da Marinha Brasileira com fotos e tudo o mais. Por um momento, olhei algumas pessoas dançando a música que rolava solta dentro do navio, como se aquilo lá fosse Ibiza, ou algo do gênero, cutuquei o meu amigo e disse:
- Veja você. Esse navio, praticamente de guerra, aqui, sendo usado para passeio com uma música tumtitum. Cadê os canhões? As bombas? Os tiros? As aventuras? Agora esses marinheiros estão aí, fardados, trovando loiras e morenas, casadas e solteiras, mães e adolescentes, na beira do Guaíba. O mundo não é mais o mesmo... – disse em tom saudosista...
- Que nada meu! – disse ele – Olha só aquela paisagem! – completou, apontando para duas montanhas que se exibiam ali perto.
E seguimos para uma outra fila, que levava até a cabine do piloto, motorista, sei lá como se chama quem dirige o navio. Após mais meia hora de fila, subimos. Porra, fazia tempo que aquela merda estava parada. Comentei isso com meu amigo, que concordou. Tinha um marinheiro parado por ali, com cara de sonso. Foi então que resolvemos perguntar para o maluco:
- Escuta, Popeye. Que horas sai o navio?
- Como assim.
Olhamos para ele com cara de Garfield.
- Que horas o navio sai daqui?
- Ah, nós saímos de volta para o Rio na terça-feira.
- Como assim, na terça-feira? – perguntei. Agora era ele quem olhava com cara de Garfield, enquanto nós estávamos parados com cara de Oddie.
- Sim, voltamos para o Rio na terça.
- Mas o navio fica, tipo assim, parado? Ele não sai da uma banda no Guaíba não?
O cara riu.
- Não.
Nos olhamos, frustradamente, e descemos de volta à terra firme. Enquanto passávamos pela fila de pessoas que esperavam para entrar no navio, resolvemos fazer um teste para saber se só nós imaginávamos uma aventura no Guaíba.
- Ei! – disse meu amigo para uma velhinha, com cara de ingênua – A senhora sabe que esse navio não sai para passeio, que ele fica aí, parado?
- Sei sim – disse ela.
Tu vês. E voltamos para a feira.

4 Comentários:

Postar um comentário

<< Home