Entrevista com Paulo Miklos
Como funciona o seu trabalho solo, com a parceria do Power Trio?
Olha só, esse projeto na verdade surgiu com meu primeiro disco solo, de 94, e daí comecei a fazer shows paralelamente ao trabalho do Titãs. Eventualmente a gente tem programado algumas férias ao longo da carreira, já que nós estamos completando 27 anos de estrada, então, vira e mexe a gente dá uma parada para fazer outros projetos, e cada um faz o seu trabalho individual. Isso se tornou um exercício saudável para a banda, para a longevidade dos Titãs, até para dar tempo e espaço para os desejos de cada um, de fazer projetos e tudo mais. Então, em 94 eu lancei o meu primeiro disco solo e em 2001 eu lancei o segundo, que se chama “Vou ser feliz e já volto”, e de lá para cá eu tenho feito shows, que tem se transformado em uma plataforma de experiências: tocando, fazendo arranjos novos para as músicas do Titãs, brincando, misturando umas músicas com outras, fazendo cover de outras bandas que eu gosto muito, de outros artistas e compositores, e às vezes até cantando ao lado deles. Além disso, tem a possibilidade de entrar em contato mais íntimo e direto com o público e tocar em lugares um pouco menores, porque o Titãs tem uma estrutura onde a gente toca em lugares maiores, então o público fica mais distante. É uma coisa com outras proporções. E nesse trabalho, que começou como um trio mesmo, comigo na guitarra, um no baixo e um na bateria, formamos um verdadeiro power trio. Hoje, como eu convidei mais um guitarrista, que é o Danilo, eles formaram o Power Trio, e eu fiquei eu. Então ficou eu mais o Pawer Trio (risos). Power trio é o que a gente chama de trio de força, que é baixo, guitarra e bateria, que é a gênese do rock’n roll. Então, eu dei uma secada e cheguei a essa coisa mais enxuta, com a banda, de montar um trio e fazer esse meu repertório, e com isso fica mais fácil para me deslocar e aproveitar os dias em que não tenho show com os Titãs, e poder me programar e ocupar casas menores, como essa aqui de Santo Ângelo, e isso é bárbaro, porque é uma casa para mil pessoas e não comportaria o Titãs. No entanto, para esse show é perfeito, e eu gosto muito desse contato próximo do público, que é revigorante e tem a ver com a essência do rock’n roll, com o show que a gente faz, que é uma coisa movimentada e que é feita para cantar junto e participar mesmo. Não é uma coisa de concerto, com distanciamento, onde as pessoas se sentam para o deleite e ficam curtindo a distância e tal. O que eu faço, depende dessa participação e desse envolvimento. Então é isso, essa turma que está comigo agora é uma turma que junta há pelo menos quatro anos, mas antes disso eu tive vários outros músicos muito bacanas de São Paulo, com quem eu trabalhei e convidei para tocar junto, e a gente andou viajando pelo Brasil todo também. Então, é muito divertido, porque como eu sou um cara muito fiel e tenho a minha banda há 27 anos na qual eu toco com os mesmos caras (risos) esse é um espaço que eu reservo para a infidelidade (mais risos). Para poder curtir, tocar com caras que tem um outro tipo de toque, outro tipo de mentalidade. Na verdade, a gente toca e todo mundo se afina, e todo mundo entra na minha proposta de repertório, do que eu quero tocar e tal. Então, hoje aqui, por exemplo, para o show em Santo Ângelo e para uma série de quatro show que estou fazendo no Rio Grande do Sul, então, por exemplo, a gente está tocando uma música do Cachorro Grande, que é uma banda gaúcha que eu gosto muito, e que já participei de discos deles e tudo mais, além de outros artistas também, fora músicas de Raul Seixas e Roberto Carlos, que eu já canto com o Titãs, mas aproveito para fazer. Para te dar uma idéia de repertório, vai desde Nação Zumbi, onde eu faço no meio disso uma homenagem para o Sabotagem, que é um rapper que foi assassinado em São Paulo, com quem eu fiz o filme Invasor, e vai até a Rita Cadilac, que eu faço uma brincadeira, fazendo uma brincadeira com a música dela “É bom para o moral”. E por aí vai, quer dizer, eu tenho muita liberdade para fazer esse repertório e aproveito para fazer umas surpresas na hora para a rapaziada, é muito divertido.
E como é a sua relação com o público gaúcho?
A relação com o público gaúcho é fantástica, porque é um público de rock’n roll e gosta dessa situação de ir ver os grupos, tem uma cena muito rica de rock’n roll de bandas do Rio Grande do Sul. Sempre é um celeiro de bandas de rock e tem uma vida muito rica interna aqui das bandas viajarem, de ir tocar, de sair de sua região e ir para outras, outras cidades e tudo mais, e tem bastante lugar para tocar, porque cada cidade tem um espaço como esse aqui de Santo Ângelo e um público que quer e que gosta de rock, que conhece, que está afim e tal, então, é muito bacana e é uma delícia tocar aqui.
Como está o seu trabalho na televisão e no cinema?
Eu comecei no cinema em 2000, com o Invasor, e de lá para cá fiz mais três filmes e eu tenho um filme para estrear em 2009 agora, que se chama “É proibido fumar”, contracenado com a Glória Pires. Muito legal, aguardem quando entrar, não percam, muito bacana. Atuar é uma coisa que para mim é uma descoberta, e eu adorei fazer isso. Topo e estou disposto a fazer isso sempre, e quando me convidam para algum filme, eu atendo prontamente porque gosto bastante. Agora no Natal, por exemplo, eu participei de um especial de Natal com a Xuxa, atuando ao lado de uma turma da pesada. Já nas “Noviças”, eu fiz um cobrador mala que fica chateando e infernizando as freirinhas, e foi muito divertido encontrar essa turma toda. A televisão é ágil e o trabalho dela é rápido. Você tem que estar muito esperto e entrar com um entendimento muito claro do que está sendo feito, e tem que fazer sem piscar, porque não tem muita preparação. Já o cinema é muito parecido com a nossa banda de rock, porque é uma galera que trabalha junto, muito unida, e que prepara a coisa, que passa um tempo de preparação muito sério, todo mundo imbuído, desde o cara que comanda a luz, carregando os cabos, até o diretor de fotografia, todo o elenco, todo mundo na mesma barca. Eu logo senti uma identificação grande com o nosso círculo do rock’n roll, porque é uma coisa que é assim que funciona: a gente viajando junto com os técnicos, com o iluminador, com a turma toda, então, tem essa coisa de equipe muito forte e muito presente, de estar todo mundo dedicado a uma causa, que no cinema é fazer o filme. Então, eu gosto demais disso.
Quais são os seus próximos desafios?
O grande desafio é o lançamento do disco novo dos Titãs, que nós estamos com ele quase pronto, estamos na finalização do disco... na verdade nós estamos no meio do disco (risos). Eu que estou com pressa e ansioso (mais risos), mas é um disco novo dos Titãs, só com músicas inéditas e que deve sair em março ou em abril, no máximo. Se depender de mim já está saindo agora.
Qual foi o show que mais te marcou até hoje?
Um show que me marcou bastante foi a abertura que fizemos do show dos Rolling Stonens, em Copacabana, que é Guines Book, com dois milhões de pessoas. A gente tocou pouco antes, e foi fantástico, de uma dimensão inimaginável. Tanto que no mundo inteiro o cara escolheu aqui para fazer esse tipo de coisa, porque a gente é fã mesmo dos caras, e foi um grande sucesso e um barato, porque a gente tem público para isso, e o pessoal ouviu a gente tocar até com um certo orgulho de ter uma banda brasileira abrindo, e isso é muito legal: sentir que a gente tem essa coisa bacana do rock’n roll nacional, e tocando antes da maior banda do planeta, já que a gente não tem mais os Beatles... (risos). Sou beatlemaníaco, mas não deixa os Stones ouvirem isso.
Para finalizar, o que você espera do Santos em 2009?
Puta, cara, o Santos... Eu estou aí, esperançoso, mas precisa vir uns reforços... mas bem reforçados mesmo (risos) para não escapulir. Nesse último ano quase que escorregamos, mas a gente se manteve naquele meio termo. E quando a gente vai bem... meu time é triste, porque quando vai bem, morre na praia, é sempre vice, é difícil. Mas é um time competitivo e simpático no Brasil inteiro.
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