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sábado, 3 de janeiro de 2009

Cachorros Loucos!

Depois de uma semana convivendo diariamente e diretamente com caninos, acho que não gosto mais tanto assim de cachorros, e começo a desconfiar que eles não entendem nada do que eu digo. A Pipoca, que está com mais de 15 anos, está surda e cega, se guiando apenas pelo olfato. Ou seja, não adianta gritar, berrar, espernear que ela não entende patavinas. Para tirá-la de dentro de casa, preciso pegar um pedaço de comida, guiá-la até o pátio e fechar a porta, senão ela volta. Ou, simplesmente deixar que ela fique 24 horas ao meu lado, me seguindo aonde eu vou, como se fosse meu próprio rabo. Inclusive, esses dias ela quis entrar no chuveiro comigo, mas não deixei, obviamente.
Já o Jamelão é o oposto. Ele tem uns quatro meses, e só obedece na base da porrada. O que quer dizer que tenho que bater nele o tempo todo. Não adianta ligar para a Sociedade Protetora dos Animais, pois nem eles suportariam o Jamelão sem dar umas chineladas nele. Ele late o tempo inteiro, pula em cima dos outros, cava buracos pelo pátio inteiro, mija e caga pela calçada e não me obedece absolutamente em nada. Um rebelde. Apenas corre, quando pego o chinelo ou um balde de água. Chega na sua casinha, espia, e dali a pouco volta, todo desconfiado. Apesar disso, esses dias ele me fez dar muita risada.
Estava sentado na cadeira de balanço lendo o Solo, do Juremir, quando ele começou a rosnar. Voltei meu olhar para o portão que separa os dois pátios, e o animal tentava pegar o próprio rabo, correndo em círculos. Quando pegava aquele pedaço de couro comprido e peludo, puxava o pobre rosnando. Até que cansava. De tanto correr atrás do rabo, acabou pegando a própria pata traseira e começou a puxá-la. O engraçado é que ele mesmo tentava soltar a pata da sua própria boca. Ficou nessa, até que puxou com tanta força, que ele mesmo se desequilibrou e caiu com o queixo no chão. Comecei a gargalhar e ele ficou me olhando, como se perguntasse: “que bicho era aquele?”.
Já a Pretinha é a mais obediente. Quando grito, ela vai para a sua casinha e não sai de lá por um bom tempo. Porém, esses dias ela me enganou. Estava saindo, abri o portão, e vi que ela me observava de lado, louca para fugir para a rua. Quando dei as costas, ela passou como um raio e saiu rua afora. Desgraçada, fiadumacadela! Não tinha tempo a perder, e saí atrás da desgranida. Quando a peguei, a coitada nem piscava porque achava que iria apanhar. No entanto, a larguei dentro do pátio e deixei que se fosse com o rabo entre as pernas.
É amigo, assim como a vida de cachorro não é fácil, a vida com os cachorros também não. Estou começando a achar melhor trocar os cachorros por passarinhos. Ou por uma tatuagem mesmo...
PS: Acabei de ouvir um barulho na cozinha, fui ver o que era, e a Pipoca tinha virado o lixo para tirar um pedaço de pão mofado. Esses cuscos ainda vão me deixar louco!

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