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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Escrevendo um romance (de merda?)

Atendendo aos milhões de apelos e pedidos, fui tentar começar a escrever um romance antes, mas desisti. Pelo menos por enquanto. Achei muito chato. Escrevi três páginas, reli, não dei nenhuma risada, e desaprovei. Muito ruim. Péssimo. Vai ficar para a próxima. Achei que, porque estou com um pouco mais de tempo, poderia escrever um romance. A idéia era mais ou menos essa: cinco personagens, uma prostituta, um trabalhador de meia idade (cliente da prostituta), um jovem (também cliente da prostituta) e um trabalhador negro. Todos pobres e todos colegas de aula. Estão em exame de recuperação. A quinta personagem, seria o professor de história. Já tinha escolhido os nomes deles: a prostituta seria Ana Maria (nome de guerra, o original era Ana Roberta), o cliente trabalhador seria Roberto, o cliente jovem seria Ferdinando, o trabalhador negro seria Marcelo e o professor, Anselmo.
Os cinco viveriam o dia da prova desde que acordaram até a hora de realizá-la, de noite, em uma escola pública. A idéia era mais ou menos parecida com a do Caminhos Cruzados, do Erico, tipo, a história deles se cruzam no fim. Eles vivem o dia, filosofam, pensam no passado, no presente, no futuro, alguns trabalhando, outros esperando a hora da prova. Por exemplo: a prostituta estava acordando às três da tarde, já o cliente trabalhador levantou às sete da manhã e passou o dia trabalhando, mas também pensando nas suas besteiras, o cliente jovem levantaria ao meio-dia, o trabalhador negro às seis e meia da manhã e o professor às dez horas. Comecei com o dia da prostituta. Até salvei as três páginas, se outro dia estiver empolgado, quem sabe continue, ou apague tudo e comece de novo, mas acho pouco provável. Tem que ter saco para escrever romance. E eu ando meio sem saco. No sentido figurado, obviamente. Portanto, nada de romance. Por enquanto, vou ficando apenas como leitor, e sigo com o Solo, do professor Juremir, que, aliás, é uma bela inspiração. Também acredito que para escrevermos melhor é preciso estar lendo livros e textos que empolguem. Quando eu estava lendo Oscar Wilde, estava sem inspiração. Comecei a ler o Juremir, e a vontade de escrever voltou. O mesmo ocorre com todos aqueles que já citei várias vezes, ou seja, Bukowski, Keroac, John Fante, Erico Verissimo, e essa turma toda. Você lê, e PUM, começam a explodir neurônios de inspiração.
Outro problema é você escrever um negócio sabendo que não encontrará editora para publicar. Minha irmã diria: como você é otimista! Na verdade estou sendo realista. Se eu tivesse dinheiro, tranqüilo, é só pagar e publicar. Mas sem dinheiro é foda. Ou você é muito bom (e mesmo assim isso não é garantia de nada), ou você tem um belíssimo dum Q.I., ou você tem um texto que os editores pensem que vá vender bem. Claro que o ideal é preencher os três requisitos, do tipo, você trabalha na grande mídia, já tem um nome, escreve um monte de merda comercial e eles te publicam. Mas nesse caso você já terá dinheiro, e se eles não quisessem te publicar, você poderia bancar tudo por conta.
Na verdade, aqui no Brasil, se publicassem um livro intitulado Merda e escrevessem nele apenas palavrões e colocassem algumas fotos de mulheres nuas, um comercialzinho na Globo e uma entrevista com os autores no Jô Soares, com certeza teríamos um novo best-seller e um recorde de vendas. Não diga merda antes de ler Merda. Só fale merda, depois de ler Merda. Deixe a merda no banheiro e leve a Merda para ler na sua cama! Pronto, já temos até slogans.
Agora, pare de ler essa merda toda e vá ler um bom livro...

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