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segunda-feira, 17 de março de 2008

O nóio poder da nóia


Eu deveria andar de ônibus. Mas Santo Ângelo é a única cidade onde eu não ando de ônibus. E não é porque aqui eu posso dar uma lascadinha no carro dos tios Nanas (tios pra você, nobre leitorinho, e pai e mãe para mim). Mesmo sem carro, só lembro de ter andado de ônibus aqui em Santo Ângelo para ir até o Clube 28 de Maio para jogar bola quando era piá.
Para ir até a Sede Campestre da AABB, ou em qualquer lugar, por mais longe que fosse, a gente sempre dava um jeito (a pé ou de bike). Já nas outras cidades por onde eu andei e fiquei por mais de uma semana, isso nunca aconteceu. No Rio, por motivos óbvios. Em Porto Alegre, nos quatro meses em que morei lá, eu andava a pé para economizar. Cheguei a ir a pé do prédio da Band, lá perto da ESPM, no Santo Antônio, até o bar do meu tio, na Venâncio Aires, na Cidade Baixa. Ou senão, do shoping do Moinhos de Vento até a Voltaire Pires, no Santo Antônio, e por ai vai... Tudo para economizar alguns centavos na dura época em que eu era um jornalista duro e desempregado. Bem, agora eu não sou desempregado... Já em Ijuí, devido ao sobe e desce das ruas eu me sentia obrigado a pegar os polentões. Em Santa Maria, idem.
Mas enfim, estava falando que deveria pegar um ônibus aqui em Santo Ângelo para conferir de perto o Poema nos Ônibus, uma parceria da prefeitura com a empresa de transporte coletivo Viação Tiaraju, a exemplo do que ocorre em praticamente todos os municípios do Estado. No total, são 40 poemas que foram escolhidos para tornarem a viagem de ônibus dos nobres leitorinhos mais divertida e agradável! Sei, estou parecendo mais um publicitário do que jornalista, mas, porra, preciso vender o meu peixe, carajo. E acontece que em um desses ônibus está circulando um poema meu. Meu, sacaram? Que eu escrevi, justamente no período em que estava morando no bar do tio em Porto Alegre. Fiquei curioso para ver o poema no ônibus. Esses dias quase entrei num para ver se o meu estava lá dentro. Caso não estivesse, eu desceria na primeira parada e pegaria o próximo, e iria fazer isso até achar o maldito desgranido!
Mas ei-lo então o meu poema:

O nóio poder da Nóia

Caminho pelos corredores escuros
Escuros e cheio de bêbados
Que sofrem por amores perdidos
Pelos sonhos vendidos
Estropiados e trocados por copos de cachaça
Além de falsas ilusões, abandonadas e estupradas
No caminho de um mundo desnudo
Que faz um desgraçado vagabundo
Ficar perdido em meio a lobos traiçoeiros
Que protegem os seus filhotes
Mas que comem o rabo de quem os rodeia
De quem eles querem tomar o osso
Alucinógeno que lhes mantém a ilusão
De serem os Deuses da terra
(Pseudônimo: Old Bukowski)

O dia da entrega dos certificados também foi curiosa. Os três primeiros lugares ganhavam um troféu. E, após entregarem os certificados, chamaram três gurias, com idade aproximada entre 7 e 9 anos, para lerem os três poemas vencedores. Ali, fiquei sabendo que não venci, porque comecei a imaginar uma daquelas crianças lendo para o auditório do Centro Municipal de Cultura completamente lotado: “Além de falsas ilusões, abandonadas e estupradas” e ainda “Mas que comem o rabo de quem os rodeia”. Eles gostaram da loucura do meu poema, mas não seriam tão loucos a ponto de permitirem isso. No fim, acompanhei toda a programação e voltei para casa, sozinho, com o certificado embaixo do braço, assobiando Carnaval em Veneza.

5 Comentários:

  • E eu aqui, me divertindo com as histórias do Eduardo, enquanto a comida queima nas panelas.
    Você é dez, parente.
    Eu nasci com aptidões para Literatura, mas enterrei meus talentos e isso é muito ruim. A desculpa é "falta de oportunidades", mas quem quer mesmo alguma coisa, vai à luta, mesmo tendo que renunciar aoconforto da casa dos papás.

    Quando eu crescer, quero ser igual a você.
    Beijos.

    Por Blogger Unknown, às 18 de março de 2008 às 07:03  

  • manuxo uxo uxo
    li teus últimos textos q ainda não tinha lido! primeiro: vivaa os companheiross!!! as vezes se é necessário ter atitudes radicais para sermos ouvidos...estávamos discutindo isso em aula hj...hauhauhuhauahuahuahauhauhua e nós chegamos antes!!bububa
    depoiss li a do papai noel, engraçada, keria ver esse vídeo...
    e depoiss esses dias tava lendo os poemas dos busão aki de poa e pensando que diver! parabéns manuxo, tb kero andar de onibus em santo city só pra ler o q tu escreveu! q orgulhooooooo!!!!
    bjuss

    Por Blogger Carolina, às 18 de março de 2008 às 17:23  

  • só tenho a dizer... parabéns por toda esta vivacidade rsrs... belo texto, bjs

    Por Blogger Cristiane Campos, às 19 de março de 2008 às 20:13  

  • legal, em Londres tinham poemas no metrô. Eu acho a idéia ótima, a primeira vez q ouvi falar foi em Porto Alegre e qbom q tem no interior tb.
    Mas deixe de ser mentiroso, vc sempre fez o pai e a mãe te levaram de carro jogar bola. a pé e de bike? conta outra

    Por Blogger Fábio Ritter, às 19 de março de 2008 às 21:02  

  • Eu tb lembro desses poemas em porto alegre.

    E quanto ao que o Fabio falou, pelo menos quando eu ia jogar junto, era sempre de carro, eheh

    Isso quando a gente não jogava na garagem e quebrava as torneiras...eheh

    Por Blogger Zaratustra, às 20 de março de 2008 às 18:16  

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