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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mundo dos mortos

Dia desses vi uma notícia na revista da PUCRS que acharam umas ossadas de cidadãos porto-alegrenses dos séculos XVIII e XIX. Fiquei pensando: porra, mas isso foi há praticamente 100 e 200 anos, um nada em termos de história. Então, comecei a pensar: os cemitérios de hoje contam com pessoas mortas de 100 anos pra cá, a não ser uma ou outra exceção. A partir disso, fiquei me questionando: será que quando aqueles das gerações mais próximas nossas morrerem, ninguém vai dar importância para nossos túmulos? Ou seja, será que vão vender nosso espaço no cemitério para outra pessoa. Algum bisneto desnaturado pode, num aperto, negociar o meu ou o seu espaço por vintão pra compra um xis e uma Coca na saída da balada. E, se não acontecer isso com todos nós, meros anônimos (porque o túmulo dos famosos sempre serão guardados para serem pontos turísticos e renderem dinheiro aos vivos), onde vão enfiar tantos mortos daqui a 500 anos, por exemplo? Discutem a superpolução dos vivos, mas a dos mortos é maior ainda, já que todos os vivos morrem.
Imaginem se todos os cemitérios forem preservados. Mesmo que as famílias dos mortos os abandonem (algum parente meu, daqui a dez gerações, dificilmente vai ficar visitando meu túmulo, por exemplo) se essa arquitetura for preservada, sem ser usada por novos mortos, vai chegar uma hora em que não vai mais ter espaço para os vivos! O mundo inteiro vai ser ocupado pelos mortos! Que côsa. Se isso acontecer, o mundo será um cemitério. Nesse dia, o mundo será dos mortos. E será nosso, porque, um dia, todos seremos mortos.
Na verdade as pessoas não querem pensar sobre isso, mas é a lógica. É uma questão física e matemática. Onde enfiar todas as pessoas que morrerem nos próximos mil anos, por exemplo? Ninguém quer admitir que, um dia, será abandonado e esquecido pelos vivos, mas isso acontecerá com todos nós, a não ser com aqueles que se tornarem clássicos de alguma coisa (da literatura, da música, do futebol, da arte, etc).
Mas, de que adianta isso? Enfim, talvez resolva alguma coisa no além, mas não tenho como responder isso, maluco leitor.
Por fim, só sei que nada sei, e saúde é o que interessa que o resto não tem pressa, como diria o Paulo Cintura.
Hasta!

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