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domingo, 18 de dezembro de 2011

No direction home

Assim que terminaram as aulas comecei a ler No direction home – a vida e a música de Bob Dylan, de Robert Shelton. Como é de se presumir, trata-se da biografia do pai da música pop/folk americana. É um livro de aproximadamente 700 páginas e estou recém na 150, portanto, ainda não tenho uma opinião formada sobre o todo. Só posso adiantar que a linguagem é muito próxima de uma grande reportagem de jornal/revista. Shelton conta as histórias com base nas declarações de amigos, parentes, desavenças, ex-namoradas e outras pessoas que conheceram Dylan, além do próprio músico. Ou seja, é um estilo bem diferente daquele do New Journalism de Capote, Talese, Wolfe e Cia, onde, a partir das entrevistas, eles contavam uma história romanceada, com personagens, narrativas, ação, etc. Resumindo tudo ainda mais, é uma linguagem claramente jornalística, com pequenas narrativas em primeira pessoa, mas no nome de Shelton, não de Dylan.
Por não ter tantos recursos literários, confesso que não era exatamente o que eu esperava, entretanto, o livro fica no meio-termo: não chega a empolgar, daqueles que você devora rapidamente de tão bom que é, mas também não é massivo e cansativo. Se você não tem tempo para lê-lo, não fica com as mãos tremendo em crise de abstinência. Mas se você está com tempo, você consegue ler umas 50 ou 100 páginas tranquialamente, sem se cansar muito.
Sobre a vida de Dylan, bom, ela segue um padrão da maioria dos músicos, como o Lobão, que já comentei aqui, e de outros: era de família de classe média alta conservadora, morava numa cidade pequena do Oeste americano e, assim que terminou o segundo grau, deixou tudo para trás em busca da fama e do sucesso, através de drogas, bebidas e sexo. Tem algumas peculiaridades na personalidade de Dylan, até a sua entrada na casa dos 20 que são interessantes, como por exemplo a fama que ele tinha de mentir para parecer mais do que era, a sua repulsa pela cidade natal, a criação de “personagens” para a sua própria personalidade. Aliás, esse último item, tratado no livro como algo diferente, considero absolutamente normal, pois todos nós assumimos diversas “personagens” conforme a situação/momento da vida. Enfim, o nome dele inicialmente era Bob Zimmerman, que depois virou Bob Dillon, para só depois virar Bob Dylan. A cada novo nome, uma nova personalidade.
Outra característica marcante na vida de Dylan, pelo menos até essa fase dos 20 e poucos anos, é o estilo de vida beat, meio On the Road, meio Hunter Thompson. Logo que chegou a Nova York, por exemplo, ele chegou a se prostituir para ter dinheiro para poder ir aos lugares que eram frequentados pelos músicos semi-famosos da época. Além disso, ele escolheu a dedo músicos, intelectuais, escritores, etc, para tentar sugar o máximo de conhecimento que pudesse deles. O resultado todos sabem, não é preciso ler o livro até o fim para descobrir...
Enfim, trata-se de um grande livro (em tamanho e qualidade) que vale a pena de ser lido quando não se tem muito mais o que se fazer.
Hasta.

1 Comentários:

  • Assista o documentário homônimo do Martin Scorsese, sobre o Dylan. Mostra a primeira fase da carreira dele, do surgimento como cantor folk, passando pela apropriação de sua música pelos diversos grupos políticos que agitavam a cena sessentista nos Estados Unidos e chegando até o uso da guitarra elétrica, que causou a revolta dos fãs, que consideravam aquilo uma rendição do artista ao ˜mainstream˜. Foda demais. Dylan é uma lenda viva. Um monstro. O cara que apresentou a maconha aos Beatles. E que escreveu aquela que talvez seja o melhor rock de todos os tempos: Like a Rolling Stone. Dylan é genial.

    Por Blogger ababeladomundo, às 18 de dezembro de 2011 às 17:30  

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