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segunda-feira, 1 de março de 2010

Testemunho de um quase defunto

Bem, o que vou contar agora, confesso que se me contassem, não acreditaria. Mas, pelo menos na minha cabeça, tudo aconteceu conforme vou relatar, destacando que não é para ser, em nada, ficção, diferentemente de outros textos já publicados aqui.
Eis que, sábado à noite, após assistir ao filme Sex Drive, que aliás, quase me matou de tanto rir, tomando duas latinhas de Nova Schin, lá por uma da manhã, fui dormir. Está certo que eu havia viajado oito horas de Bento a Santo Ângelo na véspera, chegando aqui às quatro da manhã e ficando praticamente sem dormir o dia todo e tudo o mais, mas (sempre tem o mas) achei que com o cansaço todo e as latinhas de cerveja na cabeça iria dormir feito uma pedra até o meio dia do domingo. Doce ilusão.
Da parte da minha cabeça (que não sei o quão corresponde à realidade) sonhei que estava jogando bola na garagem, como nos velhos tempos, só não consigo me lembrar até agora quem estava no jogo. O que lembro foi que de repente eu caí, (o que vou falar agora vai parecer cena de filme de terror barato, mas me senti exatamente assim) um espírito entrou no meu corpo e eu comecei a subir, mostrando o dedo indicador pra todo mundo. E eu fui subindo, contra a minha vontade, lutando para ficar, quando, de repente, acordei. No momento em que abri os olhos, ouvi a Cris perguntar do meu lado:
- Está tudo bem, amor? Você não pára de se mexer.
Eu não conseguia falar, sentei na cama, e acho que balbuciei alguma coisa como “tive um sonho horrível”, e comecei a sentir um formigamento em todo o corpo, que ficava mais forte na espinha até a nuca, passando por cada centímetro do meu coro cabeludo. Não sabia para onde ir e não conseguia pensar em nada, olhava a Cris, apavorada ao meu lado, e por alguns segundos parecia que eu não era eu, que eu não conhecia aquela mulher que estava ali. Só lembro de dizer “vou acender a luz”, mas quando levantei, pareceu que eu estava saindo do meu corpo, como se meu espírito estivesse subindo, e meu corpo descendo, de rente, cai sentado na cama, e a Cris ascendeu a luz. Segundo ela eu estava pálido e com os lábios roxos.
Nesse momento parece que o cérebro voltou ao lugar, no entanto, meu coração estava saindo pela boca, minhas pernas estavam bambas, e eu estava tremendo de frio e gelado. Jurei que ia morrer. Achei que tivesse chegado o momento. Fiquei angustiado e mais nervoso, só não falei “não quero morrer” para não assustar a Cris, que a essas alturas abria a garagem para me levar ao hospital. A meu pedido (teimosia dos Ritter), ela ainda tentou me levar até a cozinha para pagar água e eu senti algo vindo, aquela mesma sensação de que eu estava subindo, e ouvi, juro, que no meu cérebro, contra a minha vontade, ouvi com todas as letras vozes falando “ele vem com a gente, vamos levar ele”, e eu fiquei arrepiado da cabeça aos pés (literalmente) e a Cris estava apavorada, e eu com a certeza de que estava morrendo, pois estava vivendo tudo aquilo simplesmente acordado, era como um sonho, mas eu sabia que estava acordado, ou seja, era o momento de eu ir não sei praonde, mas eu não queria, queria ficar ali, simplesmente ficar ali. Poderia agora até exagerar, dizer que queria terminar o mestrado, viajar, e blá, blá, blá, mas não pensei em nada disso, queria simplesmente ficar no meu corpo, nada mais do que isso. E no meio disso tudo, quando me dei por mim, estava no carro, e depois no hospital com uma ficha onde estava escrito “taquicardia” esperando o medicamento. Para a minha sorte a médica do plantão era filha de uma ex-colega minha de trabalho (até porque já peguei cada um nesses plantões do SUS que só vendo) e ela me tratou super bem. Fiquei em observação por um tempo, quando senti aquela mesma coisa de novo: pernas fracas, meu espírito parece que estava indo, eu querendo ficar, falei pra Cris “to mal de novo” e ela foi correndo chamar a médica. Fiz uns exames, na qual tiveram que raspar meu peito, mas, a essas alturas o remédio já tinha dado efeito e meus batimentos já estavam reduzindo. Acabei saindo do hospital lá pelas cinco da madrugada, passei o domingo em repouso, e agora estou aqui, escrevendo isso tudo com atestado até quarta.
Depois disso tudo, fiquei me questionando, para onde eu teria ido se meu coração tivesse parado? E aquelas vozes? E o sonho? Que uma coisa tem a ver com a outra? Quem tem razão, a ciência ou a religião? Confesso que sou completamente dependente das duas, pois a presença da médica me deu uma baita tranqüilidade (e os procedimentos dela também), enquanto que ao mesmo tempo eu devo ter orado e feito umas dez vezes o sinal da cruz, principalmente quando a voz do “estamos levando ele” sumiam. Ah, e só para constar, essas vozes eram em tom de ameaça, vozes más, de monstro, não eram nada amigáveis. E no momento em que ouvia essas vozes, tudo estava escuro.
Bom, como disse no início, se alguém me contasse essa história, eu duvidaria muito, mas, como foi comigo mesmo, não tenho a felicidade de poder não acreditar no que aconteceu.

7 Comentários:

  • Oi Ritter! Você teve uma taquicardia, provavelmente pelo estresse, seu maluco!
    hauhauhau

    Hei, anota aí uma dica: não vai em direção da luz, não vai!

    huahauhaua

    Agora que tás de atestado, comenta nos meus textos!
    Bjos

    Por Blogger Juliany, às 1 de março de 2010 às 14:36  

  • Porra alemao, tenho algumas historias parecidas, mas nao tenho como te explicar em comentarios, tudo isso mereceria algumas cervejas no bar.

    Mas se quiser pesquisar sobre o assunto, tem a ver com lucidez nos sonhos e outras coisas doidas. Uma espécie de transe e tal.

    Tenta achar um filme chamado Waking Life.

    E nao se assusta alemao, que eles chamam, mas è sò pra encher o saco eheh

    Por Blogger Zaratustra, às 1 de março de 2010 às 15:13  

  • Só tenho uma coisa pra te dizer: PARA DE TOMAR NOVA SCHIN.

    Por Blogger Espaço Diverso, às 2 de março de 2010 às 06:36  

  • que doiderada, heim maluco?

    Por Blogger ababeladomundo, às 5 de março de 2010 às 11:52  

  • Tu queria o que tomando NOVA SCHIN?
    A voz ameçadora era eu te putiando por não ter bebido KAISER.
    Espero que tenha aprendido a lição.

    Abraço
    Maiquel

    Por Blogger make, às 6 de março de 2010 às 19:55  

  • Bah! Ou como diria o Bobi - "Bóh"

    Mue velho, não me despedi direito de ti, e te confesso, despedidas são um saco... ainda mais qdo se trata de pessoas que gostamos.

    Com certeza, nos falaremos para sempre meu velho. Obrigado pela amizade e um dia vamos conversar... eu tenho umas viagens dormindo tb, que não sei se estou dormindo ou se estou acordado. E o mais louco, eu por muitas vezes, além de subir, giro no ar... é um saco, faz tempo que não me dá mais.

    Abraço meu velho!!!!!

    E sucesso!!!!!

    Por Blogger Rocko, às 9 de março de 2010 às 06:20  

  • depois eu que sou a louca. isso chama-se pânicoo filhote, sensação de morte, de que tu não é tu, formigamento, tremor, taquicardia... tanto duvidaram de mim... exatamente oq eu passei mtas e mtas vezes...e mesmo tu sabendo disso, ainda duvida... tchau pra ti sagui

    Por Blogger Carolina, às 9 de março de 2010 às 11:59  

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