Não
sou um fanático ou especialista em poesia. Até gosto, mas como não entendo da
parte teórica da coisa, meus critérios são totalmente amadores e sentimentais.
Odeio aquelas em que passo os olhos e não entendo patavinas e adoro as que consigo
captar o que o poeta quis dizer e com a qual me identifico. Dos brasileiros,
lembro que gostei quando li alguma coisa do Vinícius de Moraes e do Mario
Quintana. Universalmente, gosto das do Bukowski e do Jorge Luis Borges (comprei
a obra completa dele, em espanhol, numa livraria de Burgos, na Espanha). E
tenho uma vaga lembrança de que gostei muito das Flores do Mal, de Charles
Baudelaire, quando li há uns 15 anos, ainda na graduação. Enfim, vez ou outra gosto
de pegar um livro de poesia para tentar me inspirar. Recentemente comprei “100
sonetos de amor”, do chileno Pablo Neruda. Daí parti diretamente para a autobiografia
dele, pois gosto de narrativas de memórias dos monstros da literatura
universal.
Confesso
que quando pedi o livro para o Papai Noel da minha mãe eu não sabia quase nada
sobre o Neruda. Dando uma pesquisada na internet, descobri que ele era o poeta
do amor na América Latina (eu o colocaria ao lado do Vinícius de Moraes) e que
foi ativista político de esquerda, lutando contra ditaduras e contra o nazismo
na Segunda Guerra. Outra coincidência que fez com que me interessasse ainda
mais pela obra, é que ele é contemporâneo do Erico Verissimo: Neruda nasceu em
1904, no interior do Chile, enquanto Verissimo nasceu em 1905, no interiorzão
do Brasil – mais especificamente em Cruz Alta, cidade natal de meu pai. As
datas das mortes também são próximas: Neruda em 1973 e Verissimo em 1975. Por
si só, achei isso interessante: dois monstros da literatura de dois países
latino-americanos que se consagraram com estilos diferentes: Verissimo no
romance e Neruda na poesia. Os dois viveram a mesma época de história universal
(Primeira Guerra na infância, Segunda Guerra na idade adulta) e ainda
acompanharam momentos históricos semelhantes de seus países. Mas não vou entrar
nessa questão, pois isso não é um artigo científico em que vou comparar as
narrativas. Apenas me limito a dizer que, “Solo de clarineta”, de Verissimo, e
“Confesso que vivi”, de Neruda, são semelhantes e diferentes ao mesmo tempo.
Talvez
a principal diferença (e a partir de então não vou mais mencionar o livro de
Verissimo) é que o autor brasileiro conta em detalhes a infância e comenta a
fundo as personalidades dos integrantes da sua família, enquanto Neruda passa
rápido pela infância vivida em Temuco. Sobre a mãe biológica, o poeta conta que
tinha apenas uma informação sobre ela: uma foto em um quadro e o seu nome. Ela
faleceu um dia depois do nascimento do futuro poeta chileno. Então, Neruda foi
criado pelo pai (maquinista) e pela madrasta, que acabou sendo a sua mãe de
coração. Na narrativa, Neruda comenta bem brevemente esse período e pula direto
para a adolescência, quando ele explorava a região de Temuco andando a cavalo.
Ele também não fala muito sobre o liceu, ou seja, o colégio interno onde estudou
o que hoje é chamado de Ensino Médio. Rapidamente ele parte para a sua mudança a
Santiago, já ingressando na universidade. A partir de então, o autor começa a
se aprofundar um pouco mais em alguns acontecimentos e sentimentos.
A
vida de Neruda em Santiago reflete bem o clima da época: ele logo se junta a outros
candidatos a escritores e poetas, todos cheios de sonhos e sem dinheiro no
bolso. Moram em quartos baratos e comem mal. Um deles recebe o apelido de
“Defunto”, de tão magro. Todo o ano, no dia de finados, Neruda e seus amigos
ofereciam um jantar no cemitério para o “Defunto”. O livro, aliás, está cheio
de anedotas como essa. Também é marcante a narrativa sobre a publicação de seu
primeiro livro: ele tinha menos de 20 anos e vendeu praticamente todos os seus
pertences para pagar o impressor. O dinheiro não foi o suficiente e o
impressor, impávido, não queria liberar as cópias sem a dívida ser quitada. Um
crítico literário, amigo de Neruda, acabou doando a quantia que faltava. Assim,
mesmo sem um puto tostão no bolso, Neruda saiu da gráfica com suas cópias de
livros e o coração alegre.
Nesse
período, Neruda também publica frequentemente em revistas e jornais e com 20 e
poucos anos já tinha algum nome. Assim, um amigo lhe apresentou para um
funcionário do Ministério das Relações Exteriores, que adorava poesia. O
sujeito prometeu ao poeta um cargo de diplomata fora do país. O tempo passou e
nada do cargo surgir. Mais adiante (Neruda não é muito preciso nas datas, às
vezes ele dá a entender que está pulando alguns anos sem mencionar o tempo
exato que se passou) um amigo pertencente a uma família influente resolve lhe
apresentar ao próprio ministro de Relações Exteriores. Na conversa do ministro
com um assessor, ele tenta ouvir as cidades que teriam uma vaga disponível, e a
única cidade que ele consegue pescar é Rangoon (hoje a maior cidade de Mianmar,
país que fica entre a Tailândia e Bangladesh). Assim, quando o ministro lhe
pergunta para onde quer ir, ele responde, sem pestanejar:
-
Rangoon!
A
partir de então, as memórias de Neruda se tornam uma narrativa de viagem digna
dos aventureiros contemporâneos como Airton Ortiz e o meu amigo Sérgio Stangler
(que, aliás, é casado com uma chilena). Ele conta nas páginas seguintes sobre a
viagem até Rangoon, sobre a falta de grana, sobre os desencontros numa época
sem internet e sem telefone (estamos na década de 1920). Não lembro exatamente,
mas ele também mora em outros países das redondezas, e em um deles, o poeta se
envolve com uma nativa que é descrita como ciumenta e psicótica. Ele conta que a
moça tinha ciúmes de tudo e que escondia a sua correspondência, desconfiada de que
poderia ser de outras mulheres. Em outro momento, o escritor desperta de
madrugada e a flagra acordada, com cara de maluca e com uma faca na mão.
Por
sorte, Neruda é deslocado para Ceilão (onde hoje é o Sri Lanka) pelo governo
chileno. Para não levantar suspeitas na amada, o poeta sai de casa, como todos
os dias, mas embarca em um navio e some para sempre – pelo menos é o que ele pensava.
Tudo vai bem, segue a narrativa de Neruda, até que ele está lá no atual Sri
Lanka quando de repente a sujeita aparece e arma o maior barraco. A polícia
local lhe dá duas opções: receber ela ou deixar que a polícia a deporte na
marra. Neruda acaba acalmando-a e convencendo-a a retornar ao seu país de
origem. Em uma despedida de lágrimas e muito drama, ele confessa que quase
cedeu à emoção, mas a razão venceu, e ele a despachou de volta ao seu país
natal.
Nesse
trecho do livro há várias histórias que têm como palco o Oriente. Se por um
lado Vinícius de Moraes foi casado nove vezes, Neruda desmanchou corações ao
redor do mundo. Outra moça, que ele conheceu em uma viagem e que era a mulher
“encomendada” para um chinês, acabou lhe dando uma calcinha com dedicatória ao
amado chileno. “A vaporosa calcinha, com sua dedicatória e suas lágrimas, andou
em minhas valises misturada com minhas roupas e meus livros por muitos e muitos
anos. Não soube nem quando nem como alguma visitante abusada saiu de minha casa
vestida com ela” (p.103).
A
próxima parada de Neruda é a Holanda. Sobre essa breve passagem, ele conta
algumas anedotas, porém, a principal é o comentário de um alemão sobre o
aparecimento de um maluco chamado Bolso... ops, quer dizer, Hitler. Transcrevo
o diálogo relatado pelo poeta:
“-
E esse Hitler, cujo nome aparece de vez em quando nos jornais, esse chefe antissemita
e anticomunista, não acha que ele possa chegar ao poder?
-
Impossível – disse.
-
Como impossível se o absurdo é o que mais se vê na História?
-
É que você não conhece a Alemanha – sentenciou. – Ali é totalmente impossível
um agitador louco como esse poder governar qualquer aldeia” (p.108).
Não
preciso dizer mais nada... A partir de então, Neruda, que relata que os poetas
são as pessoas mais “da paz” da humanidade se veem obrigados a tomar partido
diante do caos da guerra. Primeiro, ele vai para Madrid e lá está quando
estoura a Guerra Civil com o golpe franquista que leva o militar e ditador
Franco ao poder. Neruda, por criticar os franquistas é demitido do cargo de
cônsul e se manda para a França com os derrotados. Depois da guerra, ao
retornar ao seu apartamento, ele encontra marcas de balas, livros revirados,
porém, a única coisa que os soldados levaram foram máscaras que ele carregava desde
o Oriente. É pela guerra civil que Neruda se torna comunista. Ao se deparar com
a execução aleatória de qualquer pessoa por desconfiar que fosse antifranquista,
ele percebe nos comunistas espanhóis a única força organizada para combater os
malucos sanguinários. Assim, ele se junta a outros escritores e poetas europeus
que organizavam movimentos antifascismo.
Nesse
período, o poeta chileno fica entre Europa e Chile. O relato, porém, é
interessante, pois enquanto no Brasil o Partido Integralista era um braço do
nazismo, no Chile também havia diversos grupos apoiadores de Hitler. “Em toda
parte formava-se pequenos grupos que levantavam o braço fazendo a saudação
fascista, disfarçados de guardas de assalto. Mas não se tratava somente de
pequenos grupos. As velhas oligarquias feudais do continente simpatizavam (e
simpatizam) com qualquer tipo de anticomunismo” (p.138). Familiar, não?
Neruda, mesmo sendo o poeta da
natureza e do amor, vivendo num ambiente desses, acabou tomando partido e usou
a imprensa para combater os fascistas de ultradireita, sendo ameaçado de morte
e sofrendo boicotes. Mais adiante, quando troca o governo chileno, o presidente
envia Neruda para buscar os espanhóis derrotados na guerra civil para emigrarem
ao Chile. Depois de alguns desentendimentos com o chefe de Estado, Neruda
cumpre a missão. Sobre isso, por pura coincidência, tive que ver o Diogo
Mainardi criticando e ironizando o novo livro de Isabel Allende, intitulado
“Longa Pétala de Mar”, que narra a empreitada encabeçada por Neruda e que levou
mais de dois mil espanhóis para a América do Sul após a Guerra Civil. Ao ver
aquela cara deslavada do Mainardi no Manhattan Connection, fiquei me
perguntando: quem diabo é Mainardi se comparado com Neruda?? Um zé ninguém...
Um ser completamente insignificante, que desponta para o anonimato, como diria
Paulo Francis, que ele tanto gosta de imitar. Quem vai ler uma biografia
escrita por esse zé mané de meio neurônio (e para piorar: brasileiro!!) daqui a
50 anos, como eu estou lendo a do grande Neruda hoje, em 2020?? Ninguém!
NIN-GUÉM! N-I-N-G-U-É-M!!
Bem,
feito esse parêntese, seguimos com o “Confesso que vivi”. A partir de então a
narrativa é um longo revezamento entre momentos em que Neruda estava em paz com
o governo e, nesse caso, ou morava no Chile ou ocupava alguma embaixada fora do
país, e momentos em que estava cumprindo o seu papel de senador da oposição e,
consequentemente, sendo perseguido, refugiando-se em outros países e sendo
caçado pela direita chilena aonde quer que estivesse.
Na página 160, ele
comenta porque adotou o nome de Pablo Neruda, pois seu nome de nascença é
Neftali Ricardo Reyes Basoalto. O motivo, conforme aponta o poeta, é bem
simples: quando tinha 14 anos e começou a publicar as primeiras poesias nas
revistas, ele teve que criar um pseudônimo para que o seu pai, conservador, não
o reconhecesse (ora, já se viu, meu filho ser poeta e vagabundo!). Assim, ele
encontrou esse nome tcheco sem saber, na época, que se tratava de um grande
escritor do leste europeu.
Conforme
já mencionado, Neruda atuou ativamente na luta contra os nazistas na Segunda
Guerra, porém, findado o conflito, em 1945, quando tinha 41 anos, iniciou-se
uma guerra quase silenciosa e que, ideologicamente, persiste até hoje: a Guerra
Fria. Muitas das descrições do conflito Estados Unidos/capitalismo e União
Soviética/socialismo seriam completamente aplicáveis à contemporaneidade.
Filiado ao partido Comunista chileno, Neruda volta e meia é perseguido pelo seu
próprio governo. Essa relação conflituosa vai até o fim das memórias e da vida
do poeta, assim, não aparecem muitas informações e detalhes sobre vida familiar
e nem sobre os seus dois casamentos.
Não
vou me alongar muito mais (pois esse texto já está bem grande), porém, quero
fazer algumas últimas considerações antes de encerrar essa resenha. Primeiro,
uma curiosidade: estava Neruda na companhia de Jorge Amado, em visita a China,
quando de repente, ao passar por turbulências próximas aos montes gigantescos
chineses, começou a chover dentro do avião. A narração de Neruda é hilária e
apavorante para ser lido por alguém como eu, que tem fobia de avião: “Começou a
chover dentro do avião.
A água se infiltrava por grandes goteiras que me
recordavam minha casa de Temuco, no inverno. Mas eu não achava a menor graça
nestas goteiras a 10.000 metros de altura. O engraçado, isto sim, foi um monge
que vinha atrás de nós. Abriu um guarda-chuva e continuou lendo, com a
serenidade oriental, seus textos de antiga sabedoria”. Caso isso acontecesse
comigo, não haveria nenhuma possibilidade de eu sobreviver, pois enfartaria na
mesma hora.
Agora
sim, para finalizar, breves considerações sobre temas mais delicados. Primeiro,
Neruda justifica em diversos momentos porque é de esquerda. Isso, para mim,
também é óbvio: logicamente que os grandes magnatas e ricaços da humanidade vão
lutar sempre e financiar o máximo que podem a luta contra a esquerda, como
aconteceu na Operação Condor na América Latina e em outros diversos exemplos.
Isso é compreensível e justificável, pois obviamente eles não querem partilhar
a sua fortuna com mais ninguém. Quem tem bilhões não se importa se há gente
morrendo de fome. Cobrar mais impostos das grandes fortunas sempre despertou a
ira das oligarquias, e isso sempre foi assim no Brasil, no Chile, na Argentina,
no Uruguai, no México, enfim, no mundo inteiro. Então, ideologicamente a
direita sempre defendeu o cada um por si, onde se uma pessoa tiver “competência”
para ganhar todo o dinheiro do mundo, enquanto o resto come migalhas, está tudo
conforme a regra do jogo. Já a esquerda prevê regras onde não se pode alguém
ter bilhões enquanto outros morrem de fome. Logicamente que a esquerda tem uma
visão mais humanista. O problema começa, no entanto, quando deixamos a teoria
de lado e vamos para a prática.
Na
prática – e aqui vem minha crítica ao Neruda – isso poucas vezes deu certo. O
poeta chega a descrever um Mao Tse Tung libertador (pois ele foi resultado de uma
revolta contra um governo ainda mais sanguinário e opressor), porém, ele mesmo
se desilude e logo vê a psicopatia do líder chinês, caçando os “direitistas” da
mesma forma que os nazistas caçaram os judeus e as minorias. A minha crítica
mais forte, porém, é o enaltecimento acrítico que ele faz de Fidel Castro e Che
Guevara. Os dois comandaram revoluções, é verdade, porém, basta ler alguns
livros de autores cubanos que você vê que o governo Fidel ferrou com a vida de
muita gente logo que tomou o poder. Sem contar as perseguições e os julgamentos
injustos que condenaram à morte quem pensava diferente. Não vou me aprofundar
nisso, mas tanto direita quanto esquerda perdem a razão quando perseguem
opositores com qualquer tipo de repressão, seja censura, prisão ou morte.
E, ao
não reconhecer as atrocidades cometidas não só por Fidel e Che Guevara, mas
também pela coluna Prestes (ver reportagem da Eliane Brumm sobre o assunto),
ele está defendendo o indefensável: governos e movimentos que perseguiram e
mataram opositores. Eu, particularmente, por defender essas críticas à grandes
nomes da esquerda, já fui chamado de “direitista”, bem como sou chamado de “esquerdista”
e “comunista” por apoiadores de governos que, ideologicamente, assemelham-se ao
nazismo e que tem raízes fascistas, como os atuais governos Trump e Bolsonaro.
Mas não vou entrar nesse assunto hoje.
Pulo
direto para a morte de Neruda, assassinado pelo governo Pinochet. Há
reportagens sobre isso de 2017, quando ficou comprovado cientificamente que
Neruda foi assassinado. O golpe do general Pinochet ao governo de esquerda de
Salvador Allende (assassinado em um ataque aéreo comandado pelos americanos)
foi em 11 de setembro de 1973. Neruda escreve o último parágrafo do livro,
conforme ele mesmo, três dias depois, ou seja: 14 de setembro de 1973. E
exatamente nove dias depois de colocar ponto final em seu livro de memória,
quando estava no hospital para tratamento de um câncer de próstata, os
militares de Pinochet conseguem se infiltrar no hospital para colocar uma dose
letal em uma das injeções que são aplicadas no poeta. Neruda era senador, era
ativista, era pacifista. Ele fazia barulho e incomodava, sendo inclusive cotado
para ser o candidato nas eleições de 1970, só desistindo da candidatura devido
à intenção de Allende de concorrer ao cargo de presidente. Quando Pinochet mata
Allende e seus apoiadores, certamente Neruda estava na lista dos que deveriam
apagar. Não perderam tempo, pois em outras vezes, o poeta conseguiu fugir de
outros governos militares para partir para a Europa (numa dessas vezes, ficou
preso na Argentina). Os embaixadores do Chile pressionavam os governos dos
países aonde ele se encontrava para deportá-lo. Assim, ele tinha que ir
fugindo, de país em país, até que encontrasse um lugar onde lhe dessem asilo
político (Roma e Paris são duas dessas cidades). Aliás, essa é a temática
principal da segunda metade do livro, pois ele narra essas fugas e perseguições
ao mesmo tempo em que comenta a sua obra.
Bueno,
empolguei-me, pois é empolgante, complexa e histórica a vida de Neruda. Mesmo discordando
de alguns pontos de vista do poeta, considero que ele viveu em um período em
que era impossível ficar em cima do mundo: foram duas guerras mundiais, a guerra
civil espanhola e o auge da Guerra Fria. Infelizmente, ele não pode viver uma
vida para apenas escrever sobre a natureza e o amor, temas que lhe eram muito
caros. Hoje, vendo o que está acontecendo no Chile, penso que certamente ele
estaria incomodando os poderosos, lutando do lado do povo. E, mais uma vez,
estaria sendo perseguido. Por isso não me canso de repetir: cada vez mais
precisamos de escritores, artistas e poetas humanistas. Quem quer, pode chama-los
de comunistas - que se fodam -, afinal, é função dos humanistas fazerem as
massas acordarem, pois, se um dia isso acontecer, não sobrará pedra sobre pedra
nas oligarquias espalhadas pelo mundo. Mas isso já é outro assunto... Aqui,
fica a dica de leitura: “Confesso que vivi”. Em tempos de ressurreição de
radicalismos que flertam com o fascismo, só posso admitir: confesso que li e
que gostei.
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