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terça-feira, 31 de julho de 2018

Um guri todo cagado

Você já foi pego por ter feito alguma merda na infância/adolescência? Já levou uma dura dos teus pais ou professores por ter feito uma cagada daquelas e, na ânsia de se safar, os seus pensamentos foram a mil e você não conseguiu inventar nada convincente que lhe livrasse a cara? Comigo isso já aconteceu algumas vezes. Numa delas, eu e um colega, quando estávamos na quarta série, pegamos um giz e riscamos as paredes da escola. Não sei como, as freiras nos pegaram. E fiquei assim: um guri todo cagado com medo que contassem para os nossos pais. E foi assim que eu senti o Bolsonaro ontem, no Roda Viva: um guri todo cagado.
A impressão que fiquei é que ele deve ter recebido todas as orientações possíveis e imagináveis de seus assessores: não agrida, mantenha a calma, tente não falar nada muito polêmico que vá te tirar votos de determinados grupos ou regiões, etc. E o resultado disso foi um Bolsonaro boçal, tentando esboçar tranquilidade por trás de um sorriso nervoso. O típico sorriso nervoso de um guri que estava todo cagado. Sozinho, sem ninguém para concordar com as suas opiniões absurdas, Bolsonaro foi facilmente à lona. Ficou claro que a única proposta dele é: matar vagabundo. Só. E nem explicar como ele vai fazer isso, ele consegue. Em resumo, a campanha de Bolsonaro é: matar vagabundo armando a população (sem considerar que os bandidos também fazem parte da população). Simples assim. Mesmo quando os questionamentos são sobre esse tema, ele não consegue responder. E se for sobre outros, então, ele se mostra mais burro que um jegue e mais ingênuo que um guri de quarta série. E, diante das perguntas e da recuperação de várias frases absurdas dita por esse guri cagalhão de mais de 60 anos, ele não conseguiu sair das cordas. Economia? Não sabe nada e não esconde isso. Não tem plano B para o caso de seu hipotético ministro da economia falecer, ficar doente ou brigar com ele. Saúde? Não entende bulhufas. Trabalha há quase três décadas na Câmara Federal e quer bancar o fiscalizador do executivo sem saber nada sobre nada – apenas falando frases feitas, lugares comuns e clichês, dignas de um verdadeiro analfabeto.
Ficou claro, para mim, duas coisas. Em qualquer debate, tanto o Bolsonaro quanto qualquer um de seus eleitores será surrado intelectualmente por qualquer um dos outros candidatos. Ele deveria pleitear um cargo de secretário de segurança de alguma cidade conservadora de interior, no máximo, pois ele só não gagueja e não se caga todo para falar quando o tema é segurança (apesar de nem disso ele entender, pois se para ele ofender um negro não é racismo, então ele deveria ler a lei e estudar um pouco de História). Isso tudo sem contar na hipocrisia: se diz o caçador de corruptos e aceitou propina da Friboi, ficou puto quando lhe questionaram sobre os privilégios dos deputados (dizendo que não tem condições de pagar passagens aéreas – coitadinho!), mama nas tetas da política há 28 anos e, durante todo esse tempo (a maior parte dele fazendo parte dos partidos mais corruptos do país), teve apenas DOIS projetos aprovados, e ambos sem muita utilidade. Sem uma equipe para editar seus vídeos, sem recortar e fazer montagens apresentando Bolsonaro como o super homem, enfim, ele tendo que se virar sozinho em um espaço sem edição, ficou claro quem realmente é esse sujeito racista, homofóbico, misógino, machista, corrupto e preconceituoso – enfim, um crápula analfabeto.
Agora, o que mais me surpreende, não é um animal desses se candidatar à presidência. Já tivemos outros na história. O que me surpreende são os 15% que vão votar nele. Apesar de que, com os 8 segundos de horário gratuito, tenho certeza que esse número vai despencar, pois ele vai tomar pau de todos os lados (enche a boca para falar na quadrilha do PT e diz que fuzilaria FHC, por exemplo). Fazendo declarações preconceituosas contra nordestinos, negros, mulheres e homossexuais, ele perde pelo menos uns 70% dos votos dos brasileiros. E esse é o segundo ponto: ele vai ficar com os 15% ou menos de acéfalos que caem na ladainha dele e não conseguem enxergar que, por trás do discurso, há a hipocrisia: ele é o anti-parresiasta, o sujeito que se vale da retórica para ganhar votos dos menos afortunados intelectualmente. Enfim, sujeitos tão burros quanto o próprio Bolsonaro. Tenho conhecidos que vão votar nele, mas, me desculpem, por mais que não tenha nada contra vocês sob a perspectiva pessoal, o voto no Bolsonaro é a declaração da burrice intelectual e política de qualquer cidadão brasileiro.
Hasta.

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