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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Aprendendo a sofrer

O Brasil aprendeu a sofrer. Pelo menos no futebol. Essa é a frase do momento no futebolês: saber sofrer. Os jogadores da seleção vencem e vão aos microfones dizer: “sabemos sofrer no momento em que eles atacaram”. O técnico vai lá, e fala o mesmo. O comentarista (no caso, ouvi Muricy Ramalho falando isso no Sportv) diz: “o time soube sofrer no momento certo”. Diante de tudo isso, e das últimas vitórias convincentes dos últimos jogos, incluindo a de hoje por 2 a 0 contra o México, concluo que, no futebol, o Brasil aprendeu a sofrer. Lambeu todas as feridas do 7 a 1, colocou um treinador de verdade no comando no lugar de um técnico fake (Tite no lugar de Dunga) e, desde então, nunca mais perdeu em jogos oficiais. Tite ensinou os jogadores a sofrer.
E assim foi o jogo de hoje. Os mexicanos iniciaram tentando fazer uma pressão. Todos sofreram, calados. Tentaram se organizar, mas não estava dando certo. A partida corria com o 0 a 0 e o Brasil errava a saída de bola. O México retomava a pelota e partia pra cima. A torcida mexicana, empolgada, gritava “olé” desde os 5 minutos de jogo. Os jogadores e o treinador sofreram o quanto foi necessário para, então, retomar o controle do jogo lá pelo final do primeiro tempo. E, desde então, o México não teve a mínima chance. Um típico 2 a 0 ao natural aplicado pelo melhor time. Placar que poderia ter sido maior se houvesse um pouco mais de tempo. No segundo tempo, o México não ameaçou o gol de Alisson. Um 2 a 0 justo, categórico, com a autoridade e o selo de qualidade do melhor time.
Com a força do único país que pode ser seis vezes campeão do mundo. E agora?
Agora vem a Bélgica. De time com o melhor futebol da copa, para a seleção que sofreu diabos para eliminar o fraco time japonês por 3 a 2, de virada. No jogo do final da tarde, ficou comprovada a força aérea do time belga: bola na área geralmente é sinônimo de perigo. Diziam o mesmo da Sérvia, e o Brasil fez 2 a 0, sem problemas. Já comentei aqui que a seleção de Tite não jogou nada nos dois primeiros jogos. Sofreu na hora certa e, mesmo assim, empatou uma e venceu outra. Agora, deixou o sofrimento para trás e venceu dois times mais compactos e fortes (Sérvia e México) jogando muito mais do que seus adversários. Passou o sofrimento para o outro time. Contra a Bélgica, a expectativa é que as dificuldades aumentem e, passando do time de Lukaku, o sofrimento será ainda maior contra uma das duas seleções que ganharam títulos mundiais em cima do Brasil: Uruguai ou França. Qual toca é a pior para enfrentar? Na minha opinião, a França, hoje, é o grande adversário brasileiro na briga pelo título. Ousaria dizer que, no caso de um Brasil x França na semifinal, o classificado será o campeão (apesar da minha torcida pelo Uruguai no confronto contra os franceses). E, passando para a final, são diversas as possibilidades: Inglaterra, Colômbia, Rússia, Croácia, Suíça ou Suécia.
Minha impressão inicial é que as quartas de final e a semifinal serão mais difíceis do que uma eventual final. Apesar de que, numa Copa maluca como essa, em que a Rússia eliminou a Espanha e a Coréia do Sul a Alemanha, é difícil apontar favoritos em jogo algum. Essa, aliás, está sendo uma copa de quem sabe sofrer. Argentina, Alemanha e Espanha não souberam sofrer durante os 90 minutos e acabaram sofrendo eliminações categóricas e doloridas. E sobre sofrimento, dor e lágrimas são poucos os que superam o Brasil e os brasileiros.

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