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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Assim fica melhor

Torcedor é foda. Basta o time/seleção jogar um jogo bem e já se ilude. Por outro lado, são um ou dois jogos sem conseguir encaixar as jogadas, sem os principais jogadores brilharem, sem a bola entrar como gostaríamos, que já desanimamos. Nos dois primeiros jogos do Brasil nessa Copa, cheguei a pensar que cairíamos na primeira fase. Porém, após a vitória convincente de hoje, contra a Sérvia, por 2 a 0, o otimismo voltou com tudo – como nos casos mais doentios de torcedor impulsivo. O time voltou a ser o mesmo das eliminatórias e dos amistosos: marcou bem, jogou simples e sério e venceu com sobra. Claro, não foi nenhum show, mas teve fila de Neymar, lançamento de Coutinho e gol de cabeça de Thiago Silva. E, o mais importante, contra um time que, antes da Copa, era o principal cotado para se classificar ao lado do Brasil. Se depois do jogo contra a Costa Rica eu disse que assim ficava difícil, agora eu digo que assim fica melhor – e espero, depois do jogo contra o México, poder escrever “assim fica fácil”.
Antes da bola rolar, eu temia pelo futuro, mesmo com a classificação. Sempre disse que, se o pênalti desperdiçado pelo Chile nas oitavas de 2014 tivesse entrado, os 7 a 1 nunca teriam acontecido. E, com toda a sinceridade, nessa Copa de 2018 já estava pensando que era melhor cair na primeira fase do que fazer fiasco de novo nos jogos em que só um passa. Porém, depois do jogo de hoje, combinado com a goleada que o México levou da Suécia, já estou colocando o Brasil nas quartas-de-final e pensando em um possível adversário: Colômbia? Inglaterra? Bélgica? Senegal? Japão? Só saberemos amanhã... Mas uma certeza eu tenho: se o Brasil continuar jogando assim, agora que engrenou, encontra adversário a altura apenas se cruzar com a Bélgica ou a Inglaterra.
E a Alemanha, heim? Eliminada pela já eliminada Coréia do Sul na fase de grupos. Assisti um pouco aos programas de mesa redonda de hoje e a discussão era mais ou menos essa: o que é pior, levar 7 a 1 numa semifinal de Copa do Mundo em casa ou 2 a 0 da Coréia do Sul (já eliminada) e cair na primeira fase jogando em outro país? As opiniões variam. A minha? Olha, se não fosse o fator “em casa” eu até preferia os 7 a 1, mas como foi no Brasil, fica difícil, pois no futebol o fator “casa” tem uma importância absurda, mais do que em qualquer outro esporte. Você tomar 5 a 0 fora, é uma coisa. Dependendo da situação dos times, é até justificável. Mas nenhum time grande aceita levar 7 a 1 em casa, seja contra quem for. Então, na minha humilde opinião, pelo fator “em casa” eu prefiro ser eliminado pela Coréia do Sul na primeira fase. Apesar de que, no fundo, essa é uma discussão inútil e sem fundamento. O fato é que o jogo dos 7 a 1 foi o jogo mais importante e memorável da história do futebol (comparável apenas aos 4 a 1 da seleção de Pelé contra a Itália na final de 1970), por tudo o que envolveu aquele jogo: semifinal de Copa do Mundo, maior goleada nessa fase entre dois times grandes e na casa da equipe derrotada. Em outras palavras, daqui a 50 anos vai se falar dos 7 a 1. Por outro lado, dificilmente alguém vai dizer “ah, a Alemanha foi eliminada pela Coréia do Sul na primeira fase da Copa do Mundo de 2018”. Até porque, grandes seleções caírem na primeira fase está virando rotina. Um exemplo disso foram as eliminações igualmente fiasquentas das também detentoras do título França (2002), a Itália (2010) e a Espanha (2014).
Já um 7 a 1, é uma vez a cada 200 anos, e olhe lá! Na verdade, apenas nós, brasileiros, é que discutimos isso, pois para qualquer outro torcedor de qualquer outra nacionalidade isso é questão resolvida.
O fato é que a autoestima do futebol brasileiro e da própria Seleção precisa ser retomada aos poucos. E jogar um bom futebol, como o de hoje e, de preferência, ganhar a Copa do Mundo (jogando sério, sem querer dar show forçado, como o time tinha tentado contra a Costa Rica), pode deixar os 7 a 1 apenas como uma página virada para ser lida nos livros de história do futebol, sem ter mais o poder de afetar os jogadores brasileiros das seleções que estão por vir. O resto é papo de torcida.
Para finalizar, uma ressalva importante: eu só consegui recuperar o otimismo, voltando a torcer um pouco mais fanaticamente pela Seleção, graças ao bom futebol apresentado pelo time do Tite e (muito importante) por não ter assistido ao jogo na Globo com o Chatão Bueno. Aliás, pretendo terminar a Copa sem ter ouvido a voz dele. Assim, dá até gosto de começar a sonhar com o hexa!

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