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sábado, 23 de junho de 2018

Assim fica difícil

Como eu já falei em outras oportunidades, as únicas Copas em que torci para a Seleção Brasileira como se fosse o Grêmio foram nas de 1994 e 2002. Na primeira, eu tinha 12 para 13 anos, ou seja, nada surpreendente. Na segunda, era simplesmente um dos melhores selecionados de todos os tempos com Rivaldo e Ronaldo comendo a bola e Felipão ainda no auge. Uma questão de justiça.
Hoje eu sou pragmático. Quando merece vencer ou é formado por jogadores e comissão técnica que tem caráter, eu torço. Caso contrário, não chego a secar, mas não lamento derrotas e eliminações. E, se durante o jogo a seleção + comentaristas e locutores estiverem me irritando demais, sim, passo a torcer pelo adversário. Isso quase aconteceu no segundo jogo dessa copa, ontem, na vitória por 2 a 0 contra a Costa Rica.
Foram 90 minutos de futebol medíocre contra uma seleção fraquíssima. Até aí tudo bem, ninguém é obrigado a jogar 100% o tempo todo. Mas a postura de Neymar passou dos limites. Além de continuar se jogando de maneira ridícula, ainda reclamou, brigou com a arbitragem e adversários e pagou o maior mico da Copa: simulou um pênalti em tempos de árbitro de vídeo. O árbitro principal, inicialmente, engoliu a encenação, mas alguém lá de cima avisou o dito, que foi conferir no vídeo e cancelou o pênalti quando o jogo já estava indo para o seu final e o placar ainda estava 0 a 0. Saiu muito barato não ter levado um amarelo. Foi uma atuação lastimável, pior do que a da própria seleção brasileira.
Não vou chegar ao ponto de torcer contra o Brasil por causa do Neymar. Mas então, depois do jogo, circula a informação de que para Galvão Bueno e Tite foi pênalti. Não acredito, posto isso no Facebook, e pessoas comentam argumentando que, sim, o teatro amador de Neymar não foi encenação, mas sim, que foi pênalti. Assim fica difícil, ô! Não consigo torcer para um jogador que, ao invés de tentar jogar, tenta ganhar na trapaça. E acompanhar uma torcida que enxerga miopemente o que o mundo inteiro enxergou: que Neymar tentou enganar a arbitragem na cara dura. Não vou nem entrar aqui no mérito da questão, pois tentar explicar o lance é o mesmo que tentar demostrar que o gramado é verde para um daltônico. O fato é que já estou chegando ao estágio de, se perdermos para Sérvia na quarta-feira e cairmos fora, não ficar nenhum pouco triste.
Também já fiz isso com o Grêmio. Quando o time não joga nada, faz coisas erradas e treinador, jogadores e imprensa querem dizer que está tudo bem, torço para levar uma chapoletada para se ligar. Se cair fora, o Brasil começa a seguir o caminho da Itália: fiasco atrás de fiasco até ficar fora de uma Copa. Será que vai ser assim? Do jeito que a coisa anda, impossível duvidar.
Por fim, o que mais irrita é a postura da imprensa brasileira (acompanhada pelas massas). Parece que é proibido criticar o Neymar e a seleção. Nenhum comentarista ou narrador diz com todas as letras, como é dito sobre o Messi, “o Neymar não jogou nada nessa Copa até agora e está sendo arrogante pa caralho! Ele ainda não entrou em campo!”. Por quê? Até no Rio Grande do Sul, quando um craque ou estrela da dupla Grenal não joga nada os comentaristas e narradores dizem: ele não está jogando nada!!! Mas, no Brasil, parece que vivemos sob censura futebolística. Todos tentam vender a ideia de que está tudo bem, até que surja um novo 7 a 1. E, se alguém fala isso, já vem os replicadores de Galvão Bueno argumentar: “ah, mas esse ano a Alemanha está mal”. Como se fosse esse o ponto, cara pálida.
Jogando desse jeito, com jogadores arrogantes e um treinador que passa a mão na cabeça deles e, tudo isso, com a complacência da imprensa brasileira (nada de novo no front), pode não ser 7 a 1 para a Alemanha ou 3 a 0 para a França, mas certamente aparecerá outro carrasco. E o pior é aguentar depois o papo de que a Copa foi vendida, como se nenhum outro país pudesse nos vencer nesse esporte que deixamos há algum tempo de sermos reis. Como diria Úrsula Buendía de 100 Anos de Solidão: o mundo anda mesmo em círculos...

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