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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A pequenez e a sovinice dos “grandes” clubes brasileiros

Alguém dentro da Chapecoense disse em entrevista há poucos dias que na hora da emoção todo mundo oferece mundos e fundos mas que depois, com a cabeça fria, colocando os números no papel, a ajuda é bem mais tímida. Nessa semana o novo técnico da Chape, Wagner Mancini, disse que até o momento apenas quatro clubes contataram a Chape para oferecer jogador. O time do vizinho Oeste catarinense ainda não tem o número de jogadores suficiente para fechar um elenco a poucas semanas do início dos campeonatos estaduais. Do Grêmio, veio Moisés. Fluminense empresta Wellington Paulista. Um ou outro time, se não me engano Cruzeiro e Atlético-MG, também já se manifestaram para ceder algum jogador. Isso é pouco, muito pouco.
Obviamente que os jogadores que estão vindo não podem ser criticados, muito pelo contrário, devem ser ovacionados. Mas os clubes da Série A mais um ou outro com mais condições da B devem levar porrada. O Grêmio tem muito mais a oferecer do que um Moisés. Aliás, cada clube deveria DOAR um jogador para a Chape, sem exigir o seu retorno ou qualquer tipo de pagamento. Solidariedade de verdade. E um jogador BOM! Nada contra o Wellington Paulista, mas ele está a anos luz do que vinha jogando um Bruno Rangel, por exemplo, que faleceu no acidente. Onde estão os jogadores do nível do Rangel, do Cléber Santana, do goleiro Danilo? Tchê, era um time que estava na final da Copa Sul Americana!!! Não era um time de Série B, C ou D, ou que estava na zona de rebaixamento do Brasileirão. Era um BOM TIME! Quando a tragédia aconteceu, eu imaginei o Inter cedendo um Ânderson ou um Paulão (que não são as estrelas do time, mas também não são terceiros reservas), o Grêmio abrindo mão de um Wallace Oliveira ou de um Éverton.
Os times deveriam ceder jogadores com condições de serem titulares do clube campeão da Sul Americana e que vai jogar a Libertadores 2017!!!
Mas, às vezes eu esqueço do planeta e, principalmente, do país em que vivo. É mais fácil o Barcelona mandar o Messi vir jogar na Chape ou o Bayer doar milhões para a Chape do que os clubes brasileiros abrirem mão da sua sovinice por uma causa maior. Dia desses, o vigia que trabalha aqui perto, que frequentemente paro para conversar, me entregou duas cartinhas do Papai Noel escritas pelas filhas dele. Ele disse que não tinha condições e pediu uma ajuda.
Eu não tenho um puto pila sobrando, mas sei que lá na frente recupero o que eu cederia. Então, ajudei-lhe. Não quero nada em troca. Não quero pagamento de volta, apenas quero que ele e a família dele tenham um feliz natal. Mas, infelizmente, a “solidariedade” dos clubes de futebol (na figura de seus dirigentes, treinadores e jogadores – que poderiam se impor diante de seus empresários e que deveriam, pelo menos de vez em quando, mandar a deusa cadela do dinheiro tomar no rabo) não sabem se colocar no lugar do outro. Infelizmente. É triste, mas a comoção passou, o sentimento de solidariedade está passando e a deusa cadela cada vez mais torna o futebol um esporte menos bonito, menos envolvente, menos sincero. E todos, eu disse TODOS os grandes clubes brasileiros, pelas “doações” que estão fazendo, no meu conceito, são verdadeiros clubes pequenos, chinelentos e medíocres.

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