.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ok, you win

Justamente hoje, que estava inspirado para começar a escrever textos para um super blog, que se chamaria "Fear and Loathing in New York", esse ultrabook de merda só deu pau e não consigo fazer nada direito (estou até sem o Word). Então, vou esfriar a cabeça e escrever tudo aqui (sem fotos, postei algumas no Facebook).
Comecemos pelo começo.
Talvez um dia, com calma, eu resolva contar toda a história da viagem, desde o nascimento de sua ideia, mas estou cansado e somente vou contar algumas impressões que tive hoje, dia em que cheguei a Nova York.
A viagem começou no aeroporto Galeão, no Rio. Eu fui para a capital carioca no sábado pela manhã e me hospedei no hotel Paissandu, no Flamengo. Fiquei lá porque meu amigo que mora no Rio estava de mudança, então, no domingo, depois do meio dia, fui para o apartamento novo dele, no Humaitá, onde fiquei até às seis da tarde, hora em que parti para o aeroporto Galeao. Aí começou o drama, pois eu estava uma pilha de nervos só em pensar em ficar dez horas dentro de um avião (em pleno ar!). Então, antes de pegar o táxi rumo ao Galeão eu tomei meu diário Citalopran mais uma dose extra de Rivotril (tudo devidamente medicado, pois como todos que me conhecem sabem, tenho pânico de avião). O negócio resolveu um pouco. Quando entrei no avião, percebi que ele era muito mais do que os da Gol, que vezemquando eu faço dentro do Brasil, e fui me tranquilizando... São três fileiras separadas por dois corredores, cada uma com três lugares. Acabei ficando na coluna do meio na parte mais traseira do avião. Acontece que o troço levantou voo e o tempo passou e passou e passou e nada da luzinha do cinto de segurança se apagar e muito menos de começar o serviço de bordo. Aquela geringonça só balançava (parecia que estava andando em uma estrada de chão). E o pior era quando o piloto ou as comissárias começavam a falar em inglês, e numa dessas, acho que esqueceram de traduzir. Eu olhava para o casal de americanos que estava na fileira ao lado, para ver se eles se apavoravam, mas eles nem piscavam. Pouco mais de uma hora depois que levantamos voo, finalmente começou o serviço de bordo. Fiquei relativamente tranquilo - já era mais de dez e meia. Às onze tomei mais um Rivotril e aí aconteceu: deitei nos três bancos da minha fileira (pois ao meu lado não tinha ninguém) e dormi. Acordei às 6h, com o pessoalzinho servindo café da manhã. Em poucos minutos aterrissamos no JFK, em New York.
Pra falar a verdade, como estava meio dopado de Rivotril, não posso dizer que me emocionei, ou que pensei "PUTA QUE PARIU, ESTOU EM NOVA YORK!". A verdade é que eu estava chapado mesmo. Se me dissessem que estava chegando em Catuípe acho que sentiria a mesma coisa. Só queria uma cama e dormir um pouco.
Saindo do avião, foi tudo mais do tranquilo, só ia seguindo o resto dos brasileiros, mostrando os documentos, e seguindo em frente. Ninguém questionou sobre as minhas dez caixas de Citalopran nem sobre o desodorante (teoricamente, não poderia levar líquido). Quando vi, estava do lado de lá do desembarque. Consegui me explicar num inglês meio rude para uma mulher que atendia o pessoal que pegava a van (é 25 dólares até Manhattan - o aeroporto fica no Queens). Ela me deu um cartão e um número. 15 minutos depois, a outra mulher que trabalhava para essa empresa me levou até a van, onde tinham nove passageiros, incluindo esse que vos escreve - a maioria brasileiros que tinham chegado no mesmo voo.
Eu fui o primeiro a descer, e o resto do pessoal da van (que provavelmente iriam para áreas mais nobres de Manhattan) ficaram me olhando apavorados descer ali, no East Harlem, com minha mala. Um senhor gordo me disse algo que não entendi. Seguindo a dica que meu amigo do Rio deu, além dos 25 dólares, dei mais 5 para o motorista (ele me disse que se não da gorjeta os caras podem te xingar e atirar a tua mala com força no chão). Na dúvida, preferi não arriscar.
O prédio, logo na entrada, é meio assustador, pois está em obras. E os vizinhos, em maior parte (como em todo o Harlem) são negros e hispânicos. Mas, pelo menos hoje, todos ou não me olhavam ou até cumprimentavam ou acenavam com a cabeça, ou diziam "morning". Achando o AP, a senhoria me esperava (ela não mora aqui). Paguei o combinado e ela me deu as chaves. Durante o dia fui descobrindo quem eram os moradores desse Ap.
Mas antes disso, dormi. Acordei era uma hora da tarde. Tomei um banho, e para isso, tive que pedir ajuda de um cara gente fina que mora aqui, mas que ainda não gravei o nome. Ele pesa mais de 150 quilos e (como fui descobrir mais tarde) ele faz arte no corpo (ele me mostrou um vídeo fazendo sair sangue do pescoço de alguém que estaria sendo degolado) - ou seja, faz maquiagem para o pessoal do cinema, etc. Enfim, ele me ensinou a ligar o chuveiro. Sobre o apartamento, ele é meio velho, o piso é de madeira, mas é relativamente espaçoso. Estou em um quarto pequeno, mas sábado me mudo para um grande, depois que um casal de espanhóis for embora. Enfim, depois do banho, resolvei dar uma caminhada. Para isso, levei embaixo do braço a manual da Folha, que tem um mapinha e tudo. Diferentemente da maioria das cidades brasileiras, aqui se você tem um mapa, fica fácil de se achar. As quadras são todas quadradas e as ruas são numeradas em ordem crescente (ou decrescente, depende o sentido em que você está indo). Eu rapidamente me achei e comecei a andar em direção ao Central Park. Segui a dica de só atravessar a rua com o sinal aberto para pedestre. Nessa região do Harlem em que estou, o movimento é um tanto quanto interiorano. Vezemquando via algum carro de polícia ou ambulância passando com sirene ligada, mas as pessoas caminham despreocupadas pela rua. Você cruza com o típico negro do Harlem, com corrente de ouro, e ouvindo rapp com um som de um lado do ouvido, ou com uma gurizadinha zanzando brincando com uma bola de basquete pela calçada (como postei a foto no face) como você cruza por turistas japoneses com máquinas de última geração penduradas no pescoço. A sensação de segurança é incrível (acho que nunca senti isso no Brasil, até nos bairros mais famílias). E assim, achei o Central Park. Tirei algumas fotos (que estão no Face) mas estava realmente cansado, então, caminhei um pouco (acho que não conheci 5% do CP), mas enfim, o cansaço realmente bateu e tive que voltar. Antes, comi o tradicional cachorro quente de 3 dólares, vendido por um cara de Porto Rico. Na ponta do Central Park, no lado norte, uma negra, de mais de 100 quilos, batucava um tambor dando um ar único ao local. Na volta, ainda com fome, passei num mercadinho que tem aqui perto de casa e, na tentativa de me fazer entender, mas vendo que era um lugar onde falavam espanhol, acabei conversando com o atendente (que deve ser o dono e deve ter minha idade) e ele é da República Dominicana. "Brazil? A lot of hot women, hãn?" "Yeeeeees"! Conversei um pouco com ele e, voltando pra casa, depois de comer o tradicional fast food (peguei nesse mercadinho dois litros de Coca e o hambúrguer com fritas e mais um pacotão de bolacha tipo Negresco - tudo por 12 dólares) sentei e conversei mais com o referido cara de mais de 150 quilos (ele é do Arkansas - acho que é isso) e com uma outra guria, que também deve ter quase 150 quilos, e que é de Los Angeles. O outro cara que mora aqui é mais quieto, e que imagino que é o russo, que a senhoria me falou. Basicamente passa o dia na frente do computador, sem falar com ninguém. O casal de espanhol é turista e passa o dia na rua. E agora à noite descobri que tem mais um morador aqui, que parece que vai ficar aqui até amanhã, e que está dormindo no sofá (ele disse que é de Chicago).
Considerando que não encontrei ninguém que fala português, consegui me virar na base do inglês e, um pouco, na do espanhol.
Foi basicamente esse o meu primeiro dia em New York. Tive que escrever hoje, pois senão depois as minhas impressões mudam, e, além disso, os próximos dias devem ser cheios. Amanhã tenho que ir até a NYU, que fica no centro de Manhattan, e, provavelmente eu aproveite para visitar lugares turísticos ao redor.
Até teria muito mais o que escrever, mas o efeito dos dois comprimidos de Rivotril ainda não passou e ainda estou meio sonolento e cansado de tanto caminhar e tentar formular palavras em inglês....
Portanto, até breve! (provavelmente eu fique, mais por preguiça do que por qualquer outro motivo, escrevendo nesse mesmo blog). Ah, e como estou realmente cansado, não revisei erros de português, repetições de palavras, etc... portanto, vai assim mesmo...
Ah, e lembrei de outra coisa. Até uma mulher veio pedir informações para mim! Podem acreditar! Uma morena chegou e disse "excuse me. Where is the South.... (e não entendi o resto)?" Eu fiz cara de entendido, pensei um pouco, e respondi "Sorry, laly, but I don't know...".
Hasta!

2 Comentários:

  • Porra alemao! lembrei de quando fui pra Italia, me senti ao mesmo tempo perdido e deslumbrado. E a sensação de segurança, fora do Brasil, é coisa de louco.

    Tu vai ver o choque qdo voltar pra cá e estiver acostumado com as coisas daí.

    Good luck, german!

    Por Blogger Zaratustra, às 13 de agosto de 2013 às 14:54  

  • Porra alemão, mantenha-nos atualizados!

    Por Blogger Marcos, às 14 de agosto de 2013 às 05:06  

Postar um comentário

<< Home