Lendo por nós e por eles
Mas, como bom brasileiro, tenho me dedicado com afinco a compensar a falta vontade de colocar os neurônios para funcionar de muitos brasileiros e melhorar a posição do Brasil nos rankings de leitura. Quando estava sem trabalhar, “só” fazendo o mestrado, como diria a minha sogra, enfim, quando era um legítimo vagabundo, eu estava lendo um ou dois livros por semana. Sacumé, aí aparece o agente do IBGE para entrevistar alguém que nunca lê, essa pessoa pode ter o seguinte diálogo com o entrevistador:
- Quantos livros a senhora lê por ano?
- Olha... eu não leio nenhum, mas o meu genro disse que leu uns 80 no ano passado e ele pediu pra colocar uns 10 na minha cota. Para aumentar a média, sacumé...
Viu? Inclusive, alguns podem até pedir emprestado para os netos, que estão nas séries iniciais.
- Pois olha, seu moço, eu nunca li um livro, mas a minha neta lê uns dois por mês e ela me empresta uma meia dúzia para a minha cota anual.
Assim nós conseguiremos melhorar essa média e a nossa imagem fora do país. Enquanto aqueles que estudam e gostam de ler leem muito, eles emprestam a “sobra” da sua média para aqueles que têm verdadeira preguiça de pensar. Afinal, enquanto eles nos criticam por não cortar a grama do pátio da nossa sogra, nós os criticamos por não lerem sequer histórias em quadrinho!
Concluo a coluna de hoje indicando para o leitor o livro que estou lendo no momento. Na verdade são dois. Ler dois livros ao mesmo tempo dá um barato muito doido, mas, com o tempo, você se acostuma. Trata-se de livros de dois porras-loucas que marcaram época na literatura americana a partir da década de 1960: Pedaços de um caderno manchado de vinho, de Charles Bukowski, e A grande caçada aos tubarões, de Hunter Thompson. O segundo é o repórter fundador do jornalismo gonzo, que é algo mais literário do que o movimento que ficou conhecido como New Journalism. Mas, para o leitor entender melhor, é uma espécie de jornalismo literário, mas com um tom irônico e humorístico. Seria algo como a versão impressa do jornalismo praticado por programas como o CQC.
Pronto, escrevi demais por hoje. Até a próxima!
Texto publicado em A Tribuna Regional
5 Comentários:
Pode crer, é verdade, apesar de eu ler alguma coisa somente quando me chama muito a atenção, ou quando preciso aprender algo, geralmente manuais, e tutoriais são os mais cotados para a minha leitura. Mas a vida é assim, uns se interessam mais outros menos. Abração!!!
Por Marcos Fontoura, às 16 de fevereiro de 2011 às 12:04
porra alemao!
ainda bem que tu ta lendo, porque eu tenho maiso que fazer...
Por Zaratustra, às 17 de fevereiro de 2011 às 16:56
Estou te acompanhando neste esforço de melhorar as estatísticas!
Se bem que nas férias li muito pouco.
Porra alemão!
Por Marcos, às 19 de fevereiro de 2011 às 17:02
Tava de férias, agora vou recuperar o tempo perdido lendo teus posts (q eu gosto tá). E pra começar a pergunta: tua sogra não lê livros mas ela lê a tua coluna?
E o que ela acha?
Por Dilea Pase, às 22 de fevereiro de 2011 às 16:16
podes crer, Dudu, que estou te ajudando a melhorar a estatística, e compensando os que têm preguiça mental e ignorância..."juntos chegaremos lá! "(slogan de antiga campanha política...hehe...)li 3 livros na praia, fora revistas e jornais, e mais 2 nesta semana; só não li mais pois também me ocupo de outras atividades tipo "mariazinha"...
Por Lorení , às 24 de fevereiro de 2011 às 13:51
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