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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Divagações

Lendo paralelamente “Pedaços de um caderno manchado de vinho”, do Charles Bukowski, e “A grande caçada aos tubarões”, do Hunter Thompson, estou me consolando. Como nesses dois livros têm muitos textos dos dois autores que foram publicados por jornais convencionais da época, vejo que eles, às vezes, também escreviam umas merdas sem graça para agradar aos editores. Claro que, nos dois livros, também há textos fodões dos dois, com o que Bukowski e Thompson têm de melhor, mas, digamos, 10% dos textos desses dois livros são verdadeiras merdas sem cheiro. Textos que, se você dissesse que foi escrito por um jornalista conservador e sem opinião, eu acreditaria sem questionar.
Fiquei consolado porque às vezes escrevo textos que me envergonham. Aquela coisa, sacumé, “tem que escrever” aí escrevo um monte de banalidades sem palavrão que agrada aos editores, mas desagrada aos esquecidos leitores. Escrever textos assim é como tomar cerveja sem álcool ou como tirar o pau de dentro da mulher na hora em que você vai gozar. Você está lá, todo empolgado, feliz da vida, aí você vem que a coisa toda está vindo, vindo, vindo, vindo até que... ahhhhhh, você tem que tirar pra fora. Algum pingo de consciência parece surgir aos 18 minutos do segundo tempo da prorrogação, alguma força superior que o puxa para fora daquele corpo delicioso e, então, pelo bem da sua consciência e o mal do seu prazer você tira o troço pra fora e joga um monte de seres microscópicos na barriga ou nas costas da criatura. Depois que você retoma o fôlego, você abre uma latinha de cerveja e fica olhando para o teto pensando “que porra toda é essa? Qual o sentido disso tudo?” e então, você desiste de pensar nisso, porque a criatura que está ao seu lado está falando um monte de coisa sem parar, mas você não está prestando atenção nela, e então, para não deixá-la furiosa você murmura um “aham” e toma mais um gole de cerveja olhando para o teto e daí, você vê uma aranha andando pelo teto e fica pensando no que a aranha estará pensando. Será que as aranhas trepam? E então, você descobre que nunca pensou no assunto, mas imagina que elas devem trepar, sim, pois a fornicação é a base da sobrevivência dos seres. Claro que, algum dia, provavelmente ficarei impossibilitado de fornicar, mas então você não quer pensar nisso, porque é muito deprimente pensar nessa possibilidade, e daí você percebe que acabou a cerveja, se levanta, murmurando “aham” para a criatura que está deitada ao seu lado na cama e, quando ela para pra respirar, você diz “vou pegar mais uma cerveja”, mas é como se ela não te ouvisse porque ela continua falando sem parar sem se preocupar realmente com o que VOCÊ está pensando. Então, você vai caminhando até a cozinha e observa aquele troço que, outrora estava duro como uma rocha, agora molenga, balançando de um lado para o outro no meio das suas pernas enquanto você caminha e, então, você para na frente da geladeira, mas, ao botar a mão na latinha de cerveja, você murmura “puta merda, está morna”, mas você acaba pensando “que bosta, mas foda-se, vou tomar assim mesmo” e, então, você abre a latinha e volta para o quarto, tomando-a no gargalo, mas você pensa “porra, latinha não tem gargalo!”, o que não faz a menor diferença, pois você beberá toda a cerveja que está nela. E quando você volta, a criatura parou de falar, mas a aranha continua no teto, o que talvez queira significar alguma coisa. Então, você toma a sua latinha de cerveja nos poucos minutos de silêncio que há no quarto, pois em poucos instantes a criatura está dormindo e começa a roncar. Seu pau fica duro de novo e, então, você a acorda e começa tudo de novo, enquanto a aranha continua lá no teto, só observando...

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