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domingo, 9 de julho de 2017

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Existem pessoas, conselhos, frases, palavras, que nunca esquecemos. Pela minha situação atual, veio-me à mente um conselho que o professor Juremir Machado da Silva deu durante uma aula de Sociologia da Comunicação no mestrado da PUCRS há mais de oito anos atrás. Eu lembrava que tinha escrito sobre isso no passado, e consegui recuperar o texto “Estranho no ninho”, publicado nesse blog, em abril de 2009. Apresento aqui um trecho do que contei: “Ele [Juremir] disse que, quando não está inspirado para escrever as suas colunas diárias no Correio do Povo, ele expõe o seu cérebro e as suas ideias ao maior número de estímulos possíveis, e esses estímulos são o combustível para as novas ideias e inspirações”. Naquela ocasião, eu radicalizei: fui para o Beira-Rio assistir a final do Gauchão entre Inter x Caxias (8x1) e quase apanhei. Agora, apesar de ter viajado durante uma semana recentemente, nos últimos dias tenho me sentido um pouco assim: estou tomando um banho de produção cultural com leituras, séries, filmes, produções de artigos, correções de provas e trabalhos, etc, mas tenho sentido falta do vento no rosto, da multidão, das pessoas, do mar, de paisagens, etc. Sei que é momentâneo, que logo vou voltar para as ruas como um flânuer qualquer, mas senti a necessidade de escrever isso. E senti essa necessidade, possivelmente porque, ou quando eu leio muito e vejo filmes, ou quando fico semanas envolvido em andanças por aí, preciso escrever... Sei lá.. cada com seus vícios...
De sexta para cá, consegui a proeza de assistir a dois filmes (o que é bem difícil de se fazer quando há crianças em casa). Moonlight, o vencedor do Oscar de melhor filme, e Uma longa jornada, adaptação do livro que já comentei aqui outra vez. Também assisti a vários episódios que ainda não tinha visto de Friends, Two and half man (com Charlie) e até de Um maluco no pedaço.. (Yes, I like Will Smith). E, ao mesmo tempo, escrevi um artigo inteiro, brinquei com a Larissa, corrigi trabalhos, preparei provas, levei a Bolinha passear e estou quase terminando de ler Gringo (um romance sobre um mochileiro que cruza a América Latina e que te deixa louco para cair na estrada) e Sobre o amor, livro de poesias do velho Bukowski.
Também tenho ouvido algumas músicas diferentes, que eu nem conhecia, como Beirut (que toca nesse momento, enquanto escrevo) e Outro Eu. Sei lá, acho que tudo isso mais as viagens mais os sentimentos vão nos transformando com o tempo e penso que isso só termina quando a nossa passagem por esse planeta chega ao fim...
Com certeza posso dizer que hoje não sou mais o mesmo de um ano atrás, nem de cinco, nem de oito, quando estava na sala de aula ouvindo atentamente o professor Juremir. E muito menos sou o mesmo dos tempos de graduação e, menos ainda, de antes disso, quando eu vivia no meio de um monte de gente que pensava que a cidade em que morávamos era o centro do universo. Para o bem ou para o mal, mudamos: viajamos, lemos, nos apaixonamos, deixamos de ter aquele sentimento que pensaríamos que seria eterno (thanks, God!), assistimos a filmes, revemos e relemos aquilo tudo que nos marcou, lembramos de conselhos feitos por pessoas que nos marcam como, no meu caso, o professor Juremir, que por sinal me mandou ontem um puta prefácio para o meu segundo livro que terá como tema o Jornalismo Gonzo e que será publicado, talvez, ainda nesse ano (\o/).
Mas, em meio a tudo isso, a essa espécie de fuga da realidade na literatura, no cinema, nos artigos, nas brincadeiras de criança e nas lembranças, como num filme, numa saída sem maiores pretensões, eu me deparo com a imagem que talvez mais tenha me mudado e me feito acreditar que tudo é possível (algo que sempre levei comigo, mas que é reforçado quando me deparo em uma situação como a que vivenciei esses dias). Foram poucos minutos (talvez segundos), mas que me tocaram lá no fundo: aquela imagem não me saiu da mente por praticamente nenhum instante durante os últimos dias e, enquanto eu lia, assistia a vídeos, escrevia artigos, passeava com a cachorra, brincava com as crianças, aquele brilho, aquela energia, aquela sensação de tirar o fôlego por ver o que eu vi, esteve sempre presente. E, justamente por ter tido essa experiência simples, rápida, mas marcante, de um simples encontro casual, de ver uma bela paisagem, é que bateu novamente essa vontade de sair de casa e voltar a tentar conhecer e entender o desconhecido. Como escreveu o personagem do livro que estou lendo: “Antes desta viagem, eu tinha respostas para tudo, agora não sei mais nada; só tenho perguntas”. E é essa sensação que essa bela imagem que ficou gravada em minha mente causa quando penso nela: eu não sei nada sobre tudo aquilo que eu pensava que sabia.
É algo único. Mágico. Inesquecível. Para tentar entender o incompreensível, uma dose de álcool pode ser útil, como diria o velho Buk. Portanto, garçom, traga uma caipirinha, afinal, eu amo caipira!

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