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quinta-feira, 12 de julho de 2012

O estado natural das coisas: Inter campeão e o Grêmio não

O torcedor do Grêmio está chegando ao último estágio possível de indignação futebolística. Esse é o estágio mais perigoso de todos. Os gremistas já passaram pela fase da raiva, da inveja do rival que ganha tudo, da ironia, da soberba, da revolta contra a direção e os jogadores, do apoio incondicional na vitória ou na derrota, e agora estão entrando na pior de todas as fases: a depressiva. Essa fase pode ser comparada ao espírito geral do brasileiro: está tudo errado, mas esse é o estado natural das coisas, e isso nunca vai mudar. No Brasil, a população já chegou ao estágio de que político ladrão é normal, injustiça na “Justiça” é normal, ladrão roubar e ser solto cinco vezes em uma semana é normal, assassino ficar dois meses na prisão (quando muito) e ser solto por uma justificativa qualquer, que ninguém entende, todo mundo crítica, e ninguém faz nada também é normal... Enfim, o lema do brasileiro é: “fazer o quê, se todo mundo faz errado? Vou cuidar da minha vidinha que ganho mais”. Assim, rouba-se em Brasília, rouba-se em Porto Alegre, rouba-se em todas as esferas públicas e privadas, discreta ou descaradamente, mas o barco segue andando, rumo a lugar nenhum, pois o futuro será igual ao hoje que está sendo igual ao ontem, quando o neto do imperador roubava escondido o dinheiro do avô para ir nas casas de massagem da época... E é nesse ritmo que está andando a pobre vida dos tricolores...
Nós, gremistas, chegamos ao ponto em que ouvimos promessas da diretoria, do treinador, dos jogadores, mas no fundo sabemos que tudo é um discurso vazio, que enquanto alguns estarão sofrendo nas arquibancadas geladas do estádio durante o inverno, outros (os jogadores) estarão em um puteiro qualquer torrando os seus dólares e enchendo a cara de champagne... Paralelamente a isso, o pobre torcedor tenta justificar para a mulher porque gastou o dinheiro do leite das crianças no churrasco com os amigos, que se reuniram para assistir a mais um fiasco tricolor... Entra ano, passa ano, e tudo continua a mesma coisa: chega em dezembro, muda-se o treinador, troca-se meio time e a porcaria continua a mesma. Perde-se em casa a Copa do Brasil para o Palmeiras, o time entra em campo para enfrentar sua maior desavença (Ronaldinho Pilantra) e, além de perder, ainda é derrotado levando pau do adversário. Vende-se o goleiro, que era o principal jogador, por uma merreca, torra-se essa merreca em outro medalhão, o goleiro que assume leva quatro gols, enquanto o antigo faz milagres em um estádio longe do Olímpico. A Geral canta, pois parece que é melhor para eles terem a fama de sempre apoiar do que ver troféus na estante do clube...
Gastam-se mais alguns milhões, trocados, com estrelas já gastas, que há muito já não brilham, elas fazem de conta que jogam por um tempo, não ganham nada dentro de campo, ninguém lhes incomoda, e depois de alguns meses elas vão embora para outra galáxia ou se aposentam e voltam para a sua terra natal com a consciência tranqüila, afinal, já ganharam muitos títulos no passado... pra que mais?
No Olímpico não há nenhum capitão Nascimento, nenhum Ânderson Silva, nenhum Hunter Thompson, nenhum Chucki Norris, sequer, um Felipão para quebrar o vestiário e botar o dedo na cara dos jogadores. E nas arquibancadas não há uma torcida, como a do Corinthians ou a do Boca, para perseguir jogadores sem-vergonha na cara durante a semana... Enfim, esse é o estado natural das coisas: mais um ano sem títulos no Olímpico...
Hasta!
* Texto publicado no J Missões do próximo sábado.

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