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segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Grande Gatsby

Li, mais por obrigação do que por qualquer outra coisa, o Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald. Na verdade, esse foi o livro preferido de Hunter Thompson, e como agora estou pesquisando o cara, me senti na obrigação de lê-lo. Inclusive, Hunter, na tentativa de aprender a escrever, em sua juventude, digitava a obra de Fitzgerald na máquina de escrever para ver se aprendia um pouco do então consagrado escritor. Enfim, tenho muitas considerações acerca desse livro. A primeira de todas, é que ele está (ou já foi) filmado e vai ser lançado em 2013. Já tem o trailer na internet e a estrela é Leonardo Di Caprio, interpretando o grande Gatsby. Pelo trailer, o filme ficou muito bom. O romance de Fitzgerald, publicado pela primeira vez em 1925, já foi filmado nos anos 1970. Bom, mas vamos à história do troço todo. Inicialmente meu sentimento foi de decepção. Por essa obra ter influenciado um cara como Hunter Thompson, imaginei que fosse um livro mais para o estilo “maldito” do que para o novelesco-dramático-romântico. Lembro que li John Fante pela primeira vez quando descobri que ele tinha influenciado a escrita de Charles Bukowski. E, de fato, com Fante não me decepcionei, pois ele tem algumas características que podem ser percebidas em Bukowski. Entretanto, o início do Grande Gatsby é de dar sono. A linguagem é excessivamente polida para influenciar Hunter Thompson, porém, com o andar das páginas, você vai associando uma coisa à outra e entendendo o negócio. O Grande Gatsby conta com o personagem narrador chamado Nick, que é um cara que cai por acaso no enredo da história. Na verdade, na primeira metade do livro ele é mais um personagem-narrador-observador. O problema é que essa parte ficou um tanto maçante. Depois a história começa a melhorar. Nick começa a participar do enredo e se torna amigo de Gatsby. E quem é Gatsby? Trata-se de um cara que, você vai descobrindo a história dele aos poucos. Resumindo, era um pobre coitado que trabalhava para um milionário, e acaba passando pelo exército, por Oxford, mas sem ter um pila no bolso. Ele conhece Daisy (e isso tudo é relatado apenas com lembranças ou com terceiros contando essa versão, que é bem breve e superficial), mas a perde, justamente, por não ter grana. Ele parte para a Europa e um ano depois ela se casa com Tom. Quando ele retorna para os Estados Unidos, ele fica milionário (a encarnação do sonho americano) e resolve correr atrás da antiga amada. É justamente por essa parte, lá pela metade do livro, que tem 158 páginas na edição em que eu o li, que a história começa a parecer uma novela mexicana ou novela das oito da Globo. O drama clichê ganha espaço. Sintetizando, Gatsby mora em uma mansão, onde dá festas grandiosas e glamurosas praticamente todos os dias, com a única esperança de que Daisy apareça a uma delas. E Nick conhece Daisy, e assim, Gatsby pede ajuda a Nick, que faz o meio-campo para ele encontrar a antiga amada. Então, rola uma cena bem estilo novela da Globo: ficam todos frente a frente (mulher, marido, amante, Nick e uma outra, que estava afim de Nick, que não me recordo o nome) e acontece um dramalhão com choros, gritos, xingamentos, acusações, etc, etc, etc. Tudo isso, obviamente, depois de já ter rolado novamente um sentimento entre Gatsby e Daisy. Resumindo, a discussão entre a malucada toda gira em torno da seguinte questão: a quem Daisy ama e a quem ela sempre amou? Na verdade, nem ela sabe. Tom diz que ela o ama e que nunca amou Gatsby, e Gatsby defende o contrário. A discussão vai indo, até que Tom manda a mulher e o amante embora. Entretanto, o amante a deixa na casa de Tom e fica de vigia em frente à mansão para ver se ele não vai a tratar mal. Aí começa outro drama: uma senhora é morta atropelada por um carro amarelo, que era o carro em que Gatsby andava com Daisy. O marido, que estava brigando com a mulher, pois ele sabia que era corno (e isso fez com que ela, em meio à surra, tentasse fugir e fosse atropelada), resolve se vingar do motorista do carro, que ele acreditava ser o amante da mulher. Tom, espertamente, conta para ele que Gatsby estava dirigindo (entretanto, não era Gatsby, e sim Daisy). Então, acontece o óbvio: esse senhor corno vai até Gatsby e mata o herói para, logo em seguida, cometer suicídio. E aí então termina a fase novela mexicana e começa a fase reflexão filosófica sobre o sonho americano. Ninguém vai ao funeral de Gatsby, a não ser Nick, seu pai, que não via o filho morto há dois anos, e um terceiro personagem misterioso. E aí começam as divagações sobre o fato de Gatsby ter acreditado no sonho (americano) de sair da pobreza para se tornar milionário, mas morre tragicamente deixando a questão: e daí? De que serviu? Para que tudo isso, se no fim a amante ficou com o marido e, enquanto ele ficou esfriando no caixão, eles seguiram suas vidas como se nada tivesse acontecido, voltando a sua atenção e suas preocupações para os bens materiais? Enfim, tire você mesmo suas próprias conclusões, pois minha cuca está fundindo. Bom, estraguei a sua leitura, pois contei tudo, até o fim do livro. Não posso garantir que contei também o fim do filme, pois, os últimos filmes que vi e que foram adaptados de obras literárias, literalmente, foderam com os originais. Dois que lembro agora, de cabeça: Pergunte ao Pó, do John Fante (final do livro genial, e final do filme tosco), e Diário de um jornalista bêbado (idem). Na verdade escrevi esse texto aqui muito mais para que, no futuro, quando eu esquecer a história do livro, eu vir aqui e consultar, do que para qualquer outra coisa. Mas estou ansioso para assistir ao filme. Ah, e as influências de O Grande Gatsby na obra de Thompson? Agora, pensando friamente, e concordando com algumas declarações de amigos e colegas de Thompson que estão no filme The life and work of Hunter Thompson, vejo que O Grande Gatsby traz vários elementos que aparecem na obra e na biografia de Hunter Thompson, sendo que a principal, é a obcecada cada preocupação em buscar e desvendar o sonho americano. Para além disso, há ainda a questão do suicídio e, também, as duas cidades que aparecem na obra de Fitzgerald: New York e Louisville (a primeira, cidade em que Thompson morou, e a segunda, cidade onde Thompson nasceu e foi criado). Agora sim, paro por aqui, pois está na hora de encarar mais uma aulinha. Hasta!

1 Comentários:

  • Porra alemao! Provavelmente quando este livro foi lançado não era um clichê, visto que tuas referencias de novelas mexicanas e da globo vieram décadas após o livro.

    Fitzgerald retrata sempre ou quase sempre a alta sociedade e suas vidas fúteis. Tenho um livro com 24 contos do Fitz e ali talvez tenha coisas mais a ver com o Hunter. Mas cuidado pra não desprezar bons autores por engano alemao!

    abraço ae

    Por Blogger Zaratustra, às 13 de junho de 2012 às 12:29  

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