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sábado, 16 de setembro de 2017

Crônicas do golpe

Textão que postei no Facebook:

Há algum tempo desisti de falar de política nas redes sociais. Decidi postar apenas cornetas futebolísticas e rotinas fotográficas familiares, acadêmicas e de viagem (até porque, quando tenho algo a dizer - geralmente sem ninguém querer saber - uso meu blog). Mas terminei de ler há exatos 8 minutos e 39 segundos (tempo exato que levei para escrever esse texto) o livro "Crônicas do Golpe", do Felipe Pena, professor da UFF e com um currículo que, por si só, já seria outro textão. Após terminar de ler (coincidentemente dois dias depois de ver uma palestra foda do Juremir Machado da Silva em FW, criticando os "em cima do muro"), só posso assinar embaixo de tudo o que Pena escreveu sobre o golpe civil-midiático de 2016 (que começou em 2014, se não antes). Identifiquei-me com cada linha escrita pelo Pena, mas, em especial, com essa que, sem a autorização do autor, transcrevo abaixo (e que está na parte dos agradecimentos de Pena). Acho que todos os que tem consciência do que aconteceu, passam por isso, ou em família, ou com amigos, colegas de trabalho, etc. Enfim, segue:
"Almoço de família.
Pergunto aos parentes que vestiram a camisa da CBF e seguiram o pato amarelo pela Av. Atlântica contra Dilma por que não fazem o mesmo contra Temer. Argumento que, desta vez, as provas são incontestáveis. Há gravações, documentos, malas de dinheiro e até uma confissão feita em rede nacional. A resposta é seca, recheada de hipocrisia: 'Pelo bem da estabilidade econômica é melhor o Temer ficar'.
A indignação seletiva é escancarada. As manifestações pela saída de Dilma nunca forma contra a corrupção. Meus parentes só confirmam o que já sabíamos: eles foram às ruas por misoginia, ódio de classe e ignorância histórica".
Perfeito. E, fazendo propaganda para o Pena, o livro é baratinho (paguei 25 pila no Intercom e se acha por 23 na internet). Vale a pena. Pena (a palavra, não o sobrenome de Felipe) que geralmente quem lê são os que já sabem o que aconteceu, enquanto que os que deveriam ler (como os parentes do Pena e de tantos outros) preferem continuar se informando pelos canais que apoiaram o golpe. E, para quem é da minha família ou de meu ciclo de relações (favoráveis ou contrários ao golpe), o livro está aqui, esperando para ser emprestado. Esse é o documento que traduziu em uma linguagem clara, coloquial e objetiva o que milhares e milhares de documentos jurídicos, depoimentos políticos, gravações, etc, já provaram: em 2016 o Brasil viveu, sim, um golpe.

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