Sobre alienação, mães, pesquisa e baseados
Duas semanas atrás, tive uma experiência parecida com a relatada por Alberto Dines. Estava participando de um encontro nacional sobre história da mídia e tive a felicidade de ser presenteado com o livro “Verdades absolutas e outras mentiras”, do professor da Universidade Federal do Acre, Francisco Dandão. E mais: ganhei o livro do próprio autor! E esse livro, que nunca teria chegado às minhas mãos se não fosse pela iniciativa do escritor, é uma dessas pérolas que a gente só encontra por conta própria, pois a grande mídia medíocre tem mais com o que se preocupar (como oferecer produtos rasos para uma sociedade idiotizada – facebookiziada?). E falo isso num momento em que acho raro achar um novo escritor/obra que me empolgue. A minha teoria é que a cada mil bons escritores no mundo, existem dez milhões horríveis/chatos/ruins/clichês. Portanto, senti-me um premiado por ter recebido tal presente. Assim como Dines, lendo um livro que ao mesmo tempo é tão bom e é ignorado pela grande mídia, também dou meu humilde chute nas nádegas da alienação e da idiotização da população brasuca.
MÃE É MÃE – Por falar em idiotização, nada melhor do que começar essa nota com um clichê. Quero registrar aqui o puxão de orelha que levei da minha mãe pela última coluna, em que defendi a crucifixação da atriz travesti na parada gay de São Paulo. Fiquei na dúvida em quem acreditar: na minha mãe (que disse que não se brinca com coisa sagrada) ou no meu colega de doutorado que defende que religião é conto de fadas para adultos, ou seja, em algum lugar do além, alguém ri da humanidade adulta, da mesma forma que a “gente grande” ri da inocência dos pequenos que acreditam em bicho-papão e Papai Noel. Creio que cada um tem uma parcela de razão. E vou levar mais um puxão de orelha da dona Nara quando ela ler isso, afinal, mãe é mãe...
SETE HORAS NA PUCRS – Acabo de sair de uma maratona de sete horas ininterruptas na PUCRS, onde participei de um seminário de pesquisa durante cinco horas e mais duas de reunião de grupo de estudos. Ninguém sai impune de uma tarde como essa. O efeito é semelhante a uma mistura de cachaça com LSD com algumas pitadas de cocaína, tendo um baseado como sobremesa. E o resultado disso tudo foi a presente coluna. Gracias pela audiência.
(*) Texto publicado no J Missões dessa semana.
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