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domingo, 6 de julho de 2008

Leveza


O peso de uma folha seca caindo do alto de uma árvore no outono. O impacto da pena rebelde que separou-se do corpo da pomba e caiu no chão da calçada que foi limpa há poucos instantes pela vassoura de uma senhora gorda viúva que perdeu o marido há 10 anos e que está apaixonada pelo vizinho que perdeu a esposa na semana passada. O último fio de cabelo do mais novo careca que está fresquinho no piso do banheiro. A pluma que caiu do colar da madame que passeia com seu poodle em uma tarde ensolarada de inverno. A semente que voa ao sopro de uma criança, que observa aqueles pontos brancos voando de forma desordenada como se fossem pequenos flocos de neve que não tem peso nenhum. A cabeça de um ser humano no momento em que está tomando o sétimo copo de cerveja. O cérebro de um homem após ter um orgasmo. O cérebro de uma mulher após ter múltiplos orgasmos. Uma bexiga aliviada depois de meia hora de aperto. Um estômago esvaziado após um porre de vinho. A poeira levantada pelo vento e que teima em não baixar nunca. A mãe que pega pela primeira vez aquela pequena criatura que estava em sua barriga há poucos instantes. O nevoeiro que impede o vôo das aeronaves em um aeroporto de alguma metrópole qualquer de um estado qualquer de um país insignificante. Um balão sendo jogado da mão de um pai para a mão do filho. Um movimento preciso e perfeito de uma bailarina. A acrobacia minuciosamente calculada de um artista de teatro circense. A concentração de um jogador de xadrez que vence 12 adversários ao mesmo tempo. O beijo de um casal de noivos apaixonados. O último suspiro de um cachorro agonizante após 20 anos de vida bem vivida. O sorriso de um velho bêbado na porta de um bar por ver a vida se exibir diante de seus olhos. Uma folha de papel carbono que vai ao chão em um escritório de advocacia de uma cidade interiorana. A carta do namorado que está na guerra. O olhar cúmplice da mãe no momento em que o filho recebe o diploma. O sorriso da esposa que após 20 anos de casados recebe um buquê do marido. A alegria do marido ao ver o sorriso da esposa. O entusiasmo da criança que procura o ninho de páscoa na madrugada de domingo. Os nervos do aluno antes de apresentar a monografia e o alívio ao dizer a última palavra de sua explanação. A música que toca no bar. O casal dançando. O gozo na cama. A alegria na vida.
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É mais ou menos assim que estou me sentindo nesse mês de julho após todas as leituras, trabalhos, viagens semanais, apertos no peito, angústias e ansiedades vividas nesse primeiro semestre. Até o final de julho, é assim que vou continuar me sentindo e em agosto tudo recomeça, em um ciclo sem fim. Mas em dezembro tem mais. Ah, tem muito mais. E viva a leveza da vida! E viva o amor! E viva la revolución!

2 Comentários:

  • q bonitooooooo
    adorei o texto!!!
    muito bommmm
    BjOOOOOO

    Por Blogger Daniele, às 8 de julho de 2008 às 19:13  

  • Caros leitores deste blog,

    peço, por gentileza, que façam seus comentários em grande quantidade e com alta frequência (sem trema mesmo, já estou me adequando às novas regras de nossa língua), pois,caso contrário, serei demitido.

    Obrigado!

    Não entenderam?
    Eduardo, explica aí!
    hahahahahah

    Por Blogger Espaço Diverso, às 10 de julho de 2008 às 15:04  

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