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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O OVO ASSASSINO - A saga continua



É amigo, a vida segue sendo dura. E pelo jeito que as pessoas insistem em falar o tempo todo na minha maldita alergia a ovo, acho que até eu morrer vou poder escrever um mega-livro dividido em 25 volumes de 500 páginas cada sobre o assunto. Depois da minha primeira crônica sobre o ovo assassino, muitas pessoas me disseram: “ficou bom o texto, mas é sério isso?”. Bom, como tratam-se de nobres leitorinhos, e eu adoro todos os leitorinhos da minha coluna, eu não dei nenhuma daquelas respostas mentais e segui guardando elas para as profundezas do meu intelecto. Mas confesso que com os leitorinhos eu não chego nem mesmo a ter elas... Pelo contrário. Resolvi fazer mais, muito mais! Claro, que com a ajuda da minha maninha queridinha (pra não dizer sarninha) Carol Ritter.

Eis que eu estava com meu amor e toda a minha família em um rodízio de pizza em Meia-Praia (SC), maior clima de praia, todo mundo muito alegre, animado e tudo mais, quando eu peguei o cardápio, e ao passar os olhos por ele fui vendo que lá só tinha... só tinha...? só tinha...? tchan tchan tchan tchan!! BINGO! Só tinha pizza, ora pois! Muito interessante. Chamei o garçom, que confirmou a minha hipótese inicial de que a massa continha ovo. Mas antes de dar risada e dizer “óbvio que tinha, seu escritorzinho tupiniquim idiota”, eu lhe informo que aqui em Santo Ângelo tem pelo menos duas pizzarias que fazem a massa sem ovo, e ainda farei fotos nelas. E na padaria aqui da esquina também fazem pizza sem ovo, e minha mãe também!!! Mas, infelizmente, a maioria dos cozinheiros das pizzarias pelo mundo afora são malvados e ficam colocando ovo na massa... Ainda serei deputado só para apresentar um projeto de lei que proíba o uso de ovo na massa de pizza (como diria o David Coimbra, já que querem proibir tudo mesmo...). Pois é, mas no fim, como ia dizendo, o fiá-da-puta do ovo estava no meu caminho mais uma vez.

Mas como os restaurantes catarinenses primam pelo bom atendimento, o garçom logo me informou que no final do cardápio, lá na última linha, com letras minúsculas, tinha o tal de filé na chapa! Filé na chapa! Eis a solução. Três palavrinhas mágicas: filé-na-chapa! Nunca imaginei que um dia ficaria tão feliz em ver essas três palavras impressas em um papel plastificado. Cocei o queixo com o dedo indicador e fiz um “hmmmmm” como se a decisão fosse muito difícil de ser tomada, esperei exatamente 14 segundos e 27 décimos, e respondi para o garçom, categórico: “um filé na chapa, por favor”.
- Sim senhor – respondeu o garçom, que ia saindo, provavelmente pensando: “nossa, esse cara tem um gosto apurado”, quando alguém, provavelmente a Carol Ritter, disse:
- Ele tem alergia a ovo!
Ai o garçom me olhou com aquela cara que falei da outra vez: como se eu fosse um híbrido humano alienígena ou algo semelhante, e seguiu em frente.
A seqüência do jantar, as fotos da Carol Ritter dispensam minhas palavras. Enquanto todo mundo enchia o buxo com pizza, eu fiquei ali, aguardando, pensando na vida. Não adiantava nem falar, que ninguém prestava atenção.

- Pai, tu viu que o Inter perdeu para o Juventude em pleno Beira-Rio?
Em uma situação normal ele ficaria espantado, diria “fala sério!”, mas dessa vez não. Na-nã-ni-nã-não! Ele disse:
- Pede pra alguém trazer uma portuguesa.
Pra mim portuguesa é a Lusa! Vice-campeã do Brasileirão de 96. Mas enfim, olhei para o lado e resolvi tentar o meu amor:
- Amorzinho, vamos voltar a pé pela praia? Está tão bom de caminhar olhando as estrelas...
- Mas que coisa, eu pedi para o garçom trazer calabresa e ele sumiu! Ei! Calabresa, por favor!
Olhei em volta, todo mundo, em todas as mesas, estavam centrados única e exclusivamente na maldita pizza! Parecia uma droga alucinógena! Havia dezenas, talvez centenas de pessoas ali, e todas estavam completamente obcecadas por pizza! Mas minha mãe é minha mãe. Você sabe, mãe é mãe. Mãe nunca abandona o filho em hipótese alguma. Para a mãe, o filho está acima de tudo! Ela me dará ouvidos! Ahá! Agora vocês vão ver! A minha mãe está aqui!
- Mãe! – chamei.
- Hum? – perguntou ela de boca cheia.
- O pai estava só olhando para aquela mulher ali, de mini-saia branca. Pois é, pois é, pois é...
- Eu não gostei muito dessa de frango, prefiro a de quatro queijos.
- Nara – disse meu amor para minha mãe – experimenta essa de strogonoff, está ótima!
- Eu gostei mais da de coraçãozinho – disse minha irmã do outro lado.
- É boa, mas a melhor é a portuguesa – respondeu o namorado da minha irmã.
- Hmmmmmm – resmungou o pai com a boca cheia.
Eu realmente não existia ali. Restava pensar na vida, nos meus cachorros que estavam em Santo Ângelo. Será que estão se alimentando bem? O Jimbo já tem 16 anos... a Pipoca uns 14, e a Pretinha, bom, a Pretinha tem só uns 4. Somando tudo dá 34 anos. É muito tempo para um cachorro...
Enquanto eu divagava mentalmente sobre o assunto, chegou o garçom com meu filé na chapa. Vinha arroz, salada, filé e batatinha frita. Ai, como se não bastassem encher o buxo com pizza, ainda se atracaram nas minhas batatinhas!!!!!!!! Onde andamos? Quando vi, restavam poucas dezenas delas no prato! Mas antes que você, nobre leitorinho, sinta pena de mim, eu digo que o bife estava muito bom. Até levamos metade dele para o outro dia, já que o preço não era lá muito bom não.

Pois é, nobre leitorinho tupiniquim. Essa foi apenas mais uma das tantas histórias que vivo diariamente em função da dita alergia. Ah, o pessoal aos poucos vai me lembrando de outras perguntas, então lanço mais uma para o dicionário do óbvio ovante (não precisa me criticar, é imitação pura do Zé Simão e o dicionário do óbvio lulante...):
- E ovo de páscoa, você come? – como em todas as piadas, a pessoa se mata de rir se achando um Shakespeare do ovo (se você tem preconceito com Shakespeare, leia, é muito cômico. Esse sim é um gênio do humor).
- E capim, você pasta? O quê!? Não?! E desde quando jegue não pasta? – HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, como sou engraçado!! E por ai vai...

Seguem as fotos, para sua diversão!
































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