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sábado, 27 de setembro de 2014

Ritter Country

É, amigos (imaginários). Faz tempo que não escrevo aqui. Na verdade, escrevi alguns textos razoáveis para o Jornal das Missões - prometo publicar aqui o último que, modesta parte, não é tão ruim. Primeiro, vou justificar para o meu ego bloguístico a minha ausência: tese, família, tese, família, tese, família, etc.
Mas, nesse sábado à noite, estou aqui, vendo a pilha de postagens no Facebook, metade delas reclamando do Brasil. Pensei muito sobre isso, inclusive, quando estava nos Estados Unidos. I mean, penso que os Estados Unidos mesmo não me agradaria, enquanto país.
Tive que scanear essa charge do Iotti sobre os States: o país dito o mais democrata do mundo é um dos que mais proíbe. Não se pode beber na rua, se você bebe "demais" num boteco eles podem te expulsar, se você for pego bêbado na rua pode ser preso, a prostituição é proibida (e a polícia pode, legalmente, te induzir a cometer um crime), em certos estados vocês sequer pode atravessar a faixa de segurança para pedestre quando o sinal dos carros estiver verde, etc. Leis absurdas e fiscalização rígida. E o Brasil? Nem se fala. Dois casos:
1) A punição do Grêmio pelas atitudes de sua torcida. A torcida do Grêmio cometeu atos racistas. O clube foi expulso da Copa do Brasil. Sou a favor. Inclusive, se a mesma cena (a que envolveu o goleiro Aranha, do Santos) tivesse ocorrido no Brasileirão, seria a favor do rebaixamento, a exemplo do que ocorreu com o Esportivo, no Gauchão. Porém, racismo é crime, e dos brabos. Mas e homicídio? Torcida do Corinthians matou um jovem dentro de um estádio na Libertadores. O que aconteceu com o clube? Nada. Torcedores foram presos, mas o clube não foi penalizado. Mas se o Grêmio foi penalizado pela atitude de sua torcida, por que diabos o Corinthians não foi penalizado pela atitude criminosa de seus torcedores? O mesmo vale para a torcida do Paraná: matou um torcedor do Avaí. Por que esses dois clubes não foram expulsos das competições que disputavam? Racismo é mais grave que homicídio? Não creio que se deva comparar os dois crimes, ambos repugnantes. Mas sim, os dois deveriam ser exemplarmente punidos.
2) A comparação de leis entre Brasil e Estados Unidos. Lembro que, no metrô de Nova York, havia uma placa que dizia: cometer assalto a um funcionário do metrô: sete anos de cadeia. E, no Brasil, leio no Jornal das Missões uma notícia de que um sujeito foi condenado a sete anos de prisão por homicídio. Ou seja, sete anos de prisão nos Estados Unidos ocorre por um assalto no metrô. No Brasil, por um homicídio. Isso sem contar que, no caso brasuca, o sujeito vai ficar três anos, quatro talvez, no presídio e será solto por bom comportamento, por ser réu primário, etc. Nos Estados Unidos, independente do status do cidadão, ele cumprirá rigorosamente os sete anos de cadeia previstos em lei.
Resumindo, nem um dos modelos me agrada. Nem um pouco. Então, qual a solução? Para mim, seguir o modelo do personagem do livro "Exército de um homem só", do Moacyr Scliar. Montar meu próprio país.
A ideia é a seguinte: cercar a propriedade Ritter e criar leis próprias. Eis algumas delas:
1) A propriedade Ritter se torna um país independente, com leis próprias, e tem seu território em formato de um quadrado, cercado por quatro bandeiras com o brasão dos Ritter;
2) Para entrar, ou é preciso ter o sobrenome Ritter, ou o visto;
3) Qualquer Ritter pode ter porte de arma;
4) Ritters que torcem para o S.C.I. devem passar por uma entrevista específica para entrar no país;
5) Eduardo Ritter, o original, nascido em Santo Ângelo no dia 21 de outubro de 1981, é soberado e tem o total poder de decisão sobre todos os casos verificados no país;
6) Os poderes Executivo, Legislativos e Judiciários estão concentrados em seu monarca, Rei Eduardo Ritter I;
7) Qualquer tentativa de invasão de países vizinhos, como Brasil, deverão ser combatidos com o poder bélico do Império de Ritter I;
8) Uma vez obtido o visto para ingresso no Ritter Country, é garantida a liberdade de expressão no país;
9) A maconha é legalizada;
10) É permitido beber em todas as calçadas da Ritterlândia;
11) Sexo pode ser feito em qualquer local, a qualquer momento, excetuando-se na frente de crianças (se feito em frente de crianças a pena é a castração de ambos);
12) As crianças são as primeiras autoridades depois do Rei Eduardo I;
13) Todo o estrangeiro, que não seja Ritter, precisa de visto para entrar no país;
14) São vedadas e proibidas em quaisquer circunstâncias os barracos, brigas, dramas e troca de xingamentos em território Ritteriano na presença do Rei;
15) Qualquer policial brasileiro que apertar a campainha para ingressar no país indevidamente (alegando loucura ou perca da razão por parte do Rei Eduardo I) deverá ser preso e amarrado no banheiro para julgamento a ser realizado pelo Rei;
16) É proibido proibir, excetuando-se as proibições proclamadas pelo Rei;
17) Todo o cidadão, nascido ou aceito no país (com a obtenção do Tricolor Card - azul, preto e branco) tem direito a cinco latonas de Polar e um baseado por dia;
18) Em território Ritteriano, a comida é free. Se faltar, o exército da salvação invadirá o Brasil, saqueará mercados e açougues, e trará comida e bebida suficiente para o seu povo;
19) O sistema de saúde é público. No caso de falta de médico, um Dotô brasuca será sequestrado e obrigado, mediante o uso da força, a cumprir a sua vocação de salvador de vidas no território ritteriano;
20) O Rei Ritter I julgará todos os casos excepcionais ocorridos em território ritternês.

Enfim, há muitas outras, afinal, a Constituição do Ritter Country é muito mais complexa do que a constituiçãozinha brasuca que ninguém respeita e, como diria o Renato Russo, ninguém dá bola e, ainda por cima, cagam e cospem em cima...
E, se você deu risada do meu país, ou do meu country, fique sabendo: ele é muito mais sério do que a piada verde-amarela ou a "compra-se e vende-se tudo azul, vermelha, azul e branca com estrelinhas do Obama".
Fim.

domingo, 7 de setembro de 2014

Eles não quiseram

Como de praxe, sempre quando eu publico aqui, antecipadamente, uma coluna minha enviada ao J Missões, eu escrevo embaixo "se Deus, o editor e o dono do jornal quiserem". Pois é, dessa vez, o texto abaixo "Morte anunciada" foi censurado. Talvez Deus até quisesse que o texto saísse - mas o dono do jornal e o editor, não. Portanto, a publicação passa a ser exclusiva do humilde e solitário blog e, consequentemente, apenas eu e o meu leitor imaginário (e os integrantes da família mais fieis) leram... Em um 7 de setembro passo aqui para lembrar que não somos França nem Estados Unidos, e que se o Bourdieu tentasse fazer o Sobre a Televisão dele em terra puniquim ele seria considerado apenas mais um lunático oriundo de um país abaixo da linha do Equador...

Sem mais, um bom domingo a todos