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quarta-feira, 30 de abril de 2014

On the road - Reflexões texanas

Uma pausa no diário da Gonzofest de Louisville para algumas breves reflexões feitas a bordo, enquanto estou no ônibus, depois de um dia de estrada (ainda falta mais um) até chegar a San Diego, Califórnia. Vamos tentar botar um pouco em prática uma das ideias que Hunter S Thompson deixou para a prática do jornalismo gonzo: escrever o troço enquanto tudo está acontecendo.
Nesse exato momento estou em algum lugar não identificado do Texas, cercado por montanhas e grama seca – a impressão que se tem é que não chove aqui há um bom tempo. Provavelmente entre Dallas e a fronteira com o Novo México, próximo estado por onde o ônibus vai passar. Saí de Louisville ontem, às duas da tarde, e agora são quase cinco da tarde do dia seguinte. Cruzei alguns estados, como Teneese e Arkansas, sendo que o segundo em sendo atingido por tornados e tempestades nos últimos dias, deixando mais de 20 vítimas fatais.
Enquanto cruzávamos o Arkansas, aonde foi feita uma parada em Little Rock, passamos por uma tempestade, mas não sei identificar se era um tornado ou não (não sou meteorologista ou geólogo ou geógrafo para saber o que torna uma tempestade com ventania em tornado ou em furacão). Mas enfim, haviam muitos obesos no ônibus, por isso não fiquei preocupado que ele pudesse sair do chão.
Aliás, um gordos sentou do meu lado e outros dois nos bancos laterais ao meu. Entraram no ônibus com uma bandeja de plástico com hambúrguer cheio de condimentos e batata frita gordurosa, mesmo eles estando quase explodindo. Dois dos gordos faziam barulho de ronco, mesmo acordados, provavelmente de tão gordos – e mesmo assim não calavam a boca e não paravam de se mexer. Um tinha a pança com o umbigão de fora, pois a camiseta não dava conta. E falavam e riam alto, como o gordo caricatural das comédias americanas. O motorista pediu três vezes para baixarem o tom de voz, mas eles debochavam e davam risadas tão estúpidas quanto as suas panças.
Passados os gordos, que desceram em algum lugar pelo caminho, sentou-se do meu lado um senhor velhinho com cara do Batoré, da Praça é Nossa. Eu estava no Facebook, e quando alguma amiga minha postava uma foto que aparecia na minha timeline ele comentava “hmmmmm, she is so beatifull”. E quando alguém postava aquelas mensagens com fotos ele queria que eu traduzisse para o inglês. Enfim, pelo menos com esse acabei me divertindo um pouco, pois era engraçado traduzir aquelas mensagens toscas de Martha Medeiros e Jô Soares para um senhor texano.
Ah, e a outra coisa a comentar. Estou viajando pela empresa Greyhound, que, creio eu, é a maior empresa de ônibus interestadual norte-americana. Tchê, eu tenho seis passagens (que equivale ao trajeto Louisville-San Diego). Isso mesmo, ao invés de eu ter apenas uma passagem e a cada “conexão” apresentá-la, eu tenho uma para cada trajeto. E, além disso, eles me deram um ticket, com um número, para quando eu descesse do ônibus no caminho. Então, na primeira parada eu desci e na volta mostrei o ticket. O cara queria a passagem (além do ticket). Eu disse que estava dentro do ônibus e o cara fez eu esperar todo mundo entrar para eu ir lá buscar a porra da passagem para mostrar para ele (não sei por que então deram o maldito ticket!!!). Na outra parada, eu peguei apenas a passagem do trajeto que eu estava fazendo. Então, eu mostrei para a motorista o ticket e a passagem referente ao trajeto em questão. E a filha da puta queria ver TODAS AS PASSAGENS!! Caralho. Lá fui eu de novo buscar a papelada no ônibus. E, além disso, a cada parada, TODOS DEVEM SAIR DO ÔNIBUS E ENTÃO TEM UMA FILA PARA EMBARQUE E OUTRA PARA REEMBARQUE! PUTAQUEPARIU!!! Por isso postei no Facebook que começo a achar que os americanos querem superar os brasileiros em burocracia (apesar de na real, nós, brasileiros, é que copiamos o sistema deles em quase tudo – até no que não deveríamos).
Bom, enfim, assim cheguei em Dallas hoje de manhã, aonde troquei de ônibus, tirei umas fotos da cidade, e agora estou no meio do Texas. Nas paradas para comer já vi uns sujeitos com estilo de cowboy usando chapéu tipicamente texano. Ah, e claro, lembrei da minha colega (ou melhor, ex-colega, pois agora ela já é doutora) Lirian, que fez o sanduíche dela aqui no Texas.
Para passar o tempo, tento ouvir a Gaúcha, pois hoje de noite tem jogo do Grêmio, mas a porra do sinal cai a toda hora, o que quer dizer que provavelmente vai ser um inferno e uma angústia sem fim acompanhar Grêmio e San Lorenço.
Mesmo crendo que ninguém chegou até aqui no texto, queria comentar outra coisa, aproveitando os ares texanos. Eu desisti de comentar questões políticas e de segurança e justiça no Face, pois essa é uma verdadeira zona virtual. No entanto, vou escrever aqui a minha incapacidade de entender como a cara de pau do trio envolvido no assassinato do garoto Bernando pode ser tão grande quanto a crueldade. E não é questão de a imprensa e o jornalismo julgar e condenar antes da Justiça (até porque não confio muito na Justiça e nas instituições oficiais do nosso país). Os jornalistas divulgaram o que estava sendo apurado desde o início e, nas redes sociais, as pessoas que conheciam a família também publicaram muita coisa, como fotos e histórias revoltantes, etc. Ou seja, considerando que tudo o que foi dito sobre o fato do Bernardo ter procurado as instituições responsáveis (vejam só, para um garoto de 11 anos fazer isso a situação era horrível mesmo), tendo visto as fotos de todos os colegas do Bernardo no colo de seus pais, enquanto o monstro estava sentado e o garoto de pé em uma reunião de pais do colégio dele, tendo ouvido a entrevista em que o pai do Bernardo estava praticamente rindo ao falar que o seu filho estava desaparecido há uma semana (e que ele chama de “esse menino”), tendo lido o depoimento da ex-empregada da família que disse que a madrasta tentou sufocar o garoto com um travesseiro tempos atrás, enfim, são tantas provas que foram divulgadas ao público, e sabendo que tem gente que é assim mesmo, que põe o dinheiro acima de tudo, não tem cabimento ver agora o jornalismo dar tanta trela para as histórias absurdas e sem sentido e claramente elaboradas para aliviar a pena do trio! Porra, acabei de ler que o advogado da madrasta está dizendo que o crime foi UM ACIDENTE!!!! Não tem como acreditar!!! Aliás, não tem como acreditar numa cara de pau dessas!!! É muita desumanidade! Se esses três monstros quisessem aliviar um pouco a alma (mesmo considerando isso praticamente impossível) eles mesmos deveriam dizer “eu quero passar o resto da minha vida na cadeia para pagar pelo que fiz!”. É muito, mas muito revoltante. E, para um jornalista metido a escritor amador como eu, é impossível ver tudo isso sem manifestar nada. E o pior, pelas notícias que vejo, não me surpreendo se os grandes veículos baixarem a cabeça para ordens de uma Justiça corrupta e ficarem divulgando apenas as “versões oficiais”. Putaquepariu. Esse é o típico jornalismo engessado e medíocre, aliás, um anti-jornalismo que se baseia apenas nas versões das autoridades, que não são nem um pouco confiáveis nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, como já mostraram Hunter Thompson, Gay Talese e tantos outros....
É triste ver jornalistas baixarem tanto a guarda para essas instituições oficiais, ao invés de fazerem o seu trabalho (e o pior é que quando fazem, chove acadêmicos de diversas áreas querendo dizer que “o jornalista não é policial e não é juiz”. Pois aí é que está. O jornalista deve revelar os fatos, e não se basear na versão da polícia ou do juiz. E se a polícia e o juiz estão fazendo um péssimo trabalho, isso deve ser mostrado, sim senhor. Aliás, imaginem se Truman Capote tivesse escrito A Sangue Frio de um escritório em Nova York baseado nas versões oficiais e apenas na história das "autoridades".
Bom, me empolguei. Caso eu não volte mais a bordo, no próximo post sigo com a Gonzofest, que celebra o trabalho e a vida de um cara que, à sua maneira, cumpriu a função que o jornalismo e o jornalista tem na sociedade.
Enquanto isso, sigo on the road.

domingo, 27 de abril de 2014

Gonzofest - Day 2

O Gonzinho roncou a noite inteira e tive que dar umas almofadadas nele. O filho da puta acordou antes do que eu, lá por duas da tarde, e mandei ele dar uma volta e que retornasse apenas na hora de sairmos para o segundo dia da Gonzofest, que seria na Open Galery. Antes do azulzinho narigudo azul voltar, eu conferi no Google Maps a localização do troço e constatei que era relativamente longe de onde estávamos hospedados. Ele chegou. O desgraçado entrou no quarto fedendo a elementos químicos não identificados e não estava falando coisa com coisa. Mandei tomar banho e ficar pronto, pois teríamos que sair mais cedo para achar o tal lugar.
Pegamos o busão 23 na Brodway (creio que quase todas as cidades americanas tem a sua Brodway) e descemos na 4th Street (estávamos na 36th com Brodway). Então, acreditei que o troço fosse relativamente perto de onde descemos, mas tudo não passou de ilusão.
Passamos pelo Central Park - um parquinho com o mesmo nome do coirmão famoso de Nova York - pela University of Louisville e andamos mais um monte. Passamos uma ponte e o estádio dos Cardinals Louisville, o time de baseball e de futebol americano da cidade. E, finalmente, depois de mais de uma hora de caminhada, chegamos na tal Open Galery.
O lugar era pequeno mas sinistro. Provavelmente o espaço mais bem produzido de todos os utilizados para a Gonzofest. Era uma galeria de arte, com toda a decoração feita em estilo Gonzo, mas havia sala, cozinha, sofás, mesas, e um bar improvisado num canto. O Gonzinho sumiu. Em pouco tempo, apareceu com dois copos de vinho. Eu disse: “vá devagar, bicho estranho!”, mas ele nem bola. Em pouco tempo começou a dizer que estava vendo mulheres só de roupas de baixo andando pelo salão. Por um momento jurei ter visto o mesmo, mas não, creio que era tudo fruto da imaginação do Gonzinho...
Logo que chegamos, o cansaço físico bateu. Foram alguns quilômetros de caminhada. Sentei no sofá, junto com um cachorro preto, que andava circulando por lá com um lenço kentuckyiano. O bicho sentou no meu lado e trocamos uma ideia rápida.
- O que você pensa que o Hunter Thompson pensaria disso aqui se fosse vivo?
- Olha bicho, não sei – começou o cachorro – Mas pelo que conheci dele, provavelmente estaria bebendo, sendo o centro das atenções, conversando com todo mundo e pedindo para que cada um lesse em voz altas um de seus textos, exatamente como ele fazia em Owl Farm.
Boa. O Gonzinhou voltou abraçado em duas mulheres seminuas. É o preço que se paga por ser fofo. Elas pegavam no seu nariz grande e azul e faziam “cuti-cuti”. Ao contrário da obesa da noite anterior, que quando o enxergou abanou balançando os dedinhos, agora ele queria ficar no meio de uma loira e uma ruiva. Legítimo jaguara, como diriam nas Missões.
Dali a pouco sentou uma mulher afrodescendente do meu lado, de cabeço pixaim. Contou-me que era jornalista de um país da América Latina, que já não lembro o nome – algo como Haiti ou Panamá. Quando eu disse que era brasileiro, pediu para me entrevistar. Ok.
Falei sobre a minha pesquisa, como fui parar em Nova York, o motivo de eu gostar do Jornalismo Gonzo e me interessar no trabalho do Hunter Thompson. Passou um tempo, e outra jornalista sentou-se do meu lado. Trabalhava para uma revista de cultura de Kentucky. A mesma conversa. Depois que fiquei a sós com o cachorro preto no sofá de novo, eu simplesmente fiquei um bom tempo ali, sentado, olhando tudo, tomando uma cerveja, observando tudo o que se passava.
Quando ganhei ânimo para sair dali, conversei com o Ron Whitehead, que como disse no post anterior, vai ser tema de um texto futuro específico. Também conversei com o senhor da Califórnia e com a dupla que na noite anterior estava bêbada e que, curiosamente, agora estavam tão sãos quanto um mórmon. Um carinha, que disse trabalhar para uma rádio local, aproximou-se e perguntou se eu era o brasileiro. Pediu para me entrevistar. Eu expliquei que meu inglês não era lá essas coisas, mas como ele topou, vambora.
Durante a noite, várias bandas se apresentaram e, novamente, houve várias leituras de textos com acompanhamento musical. Para quem leu a biografia de Thompson, isso faz todo o sentido, pois ele, sempre que terminava de escrever um texto, pedia para alguém ler em voz alta para ele ver a “sonoridade” e a “música” das palavras e da narrativa. Ou seja, era comum um convidado chegar a Owl Farm, no Colorado, e ser recebido com um “pegue isso aqui e leia em alto e bom tom, please”.
No geral, as pessoas estavam estranhamente mais bem comportadas do que na noite anterior. Talvez estivessem intimidadas pela decoração mais agressiva. Ou cansadas mesmo, vá saber. O único que não se intimidou foi o Gonzinho, que em pouco tempo estava ensinando a Dança do Esquisito pra um grupo de americanos.
O pessoal já estava dispersando quando o Nick novamente me ofereceu carona. Até ele estava irreconhecível, pois estava absolutamente sério e comportado. No caminho, percebi que estava nervoso. Quando começamos a entrar na parte negra da cidade, o bairro em que eu estava hospedado, ele explicou os seus motivos: “não me sinto confortável nessa região, sabe... E o pior é que não tenho nem uma arma aqui comigo...”. É, meu amigo, problemas raciais e sociais não são exclusividades brasileiras...
Cheguei em casa e, dessa vez, dormi antes que o Gonzinho.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gonzofest - Day 1

- Gonzinho! Hora de sair, man! Nosso primeiro dia de Gonzofest, num total de seis dias e seis noites de tributo ao Dr. Hunter S Thompson em sua hometown! Yesssssss! – como diria o poeta Ron Whitehead!
Visto a minha camiseta do Fear and Loathin in Las Vegas (Medo e delírio em Las Vegas), comprada no Strand Bookstore, o maior sebo de Nova York!
- Pronto Gonzinho?
- Pronto, motherfucker!
Saímos. Como não conhecíamos muito bem Louisville, resolvermos ir indo a pé, mesmo sabendo que eram mais de 30 quadras de caminhada, indicadas pelo Google Maps. No caminho, fomos identificando a Louisville descrita por Hunter Thompson em seus textos biográficos, em que ele falava sobre o lado branco e o lado negro da cidade. Para entender, a cidade era (e ainda é) dividida na parte em que vivem os negros e na que vivem os brancos (tirem suas próprias conclusões), e nós, eu e o azulzinho Gonzinho estávamos definitivamente na parte negra. O Hunter conta que quando era criança ele e seus amigos iam mexer com as crianças do lado negro, e vice-versa, numa espécie de guerra de brincadeira.
No caminho, passamos por uma praça, que parecia saída de um filme hollyoodyano: vários carros velhos parados, com as portas e o porta-malas abertos, tocando muito rapp norte-americano e vários caras no maior estilo malandragem, com corrente de prata, boné virado, etc.
- Gonzinho, negócio é fazer cara de mau e passar reto.
Passamos. Na verdade, eu ficava olhando mesmo, pois queria gravar as imagens que estava vendo na minha memória. E tenho a minha teoria: se alguém se metesse comigo, eu ficaria puto e diria “caralho, eu venho de um país pobre, explorado pelo teu, então, enfia essa tua raiva no olho do seu cu antes que eu arrebente os seus miolos com esse... boneco de pelúcia narigudo e azul?”.
No entanto, indo rumo ao local aonde aconteceria o primeiro dia de Gonzofest, passaram por nós dois caras negros, um segurando um celular aonde que emitia em alto e bom som um autêntico rapp americano e o outro ostentando uma senhora pistola prateada na cintura. Afinal, como diria o D2, “a minha segurança eu faço na cintura”. Bom, como aqui algumas pessoas devem ter posse de arma com direito a andar com ela na rua, tudo bem... Cadum, cadum. Qualquer coisa, eu estava com o Gonzinho.
Achamos o lugar: o Old 502 Winery, que fica perto dessa praça pela qual passamos. O troço era sinistro, tipo, totalmente beat. Um prédio que por fora parecia velho e grande, mas que por dentro é uma espécie de.. vinicultura? Com bar/pub e salão? Não sei explicar bem... Logo na entrada, tinha um carinha fazendo um puta pôster da Gonzofest.
Na entrada, vários quadros muito fodas, muitas garrafas de vinho, e uns caras que tentam manter viva a cultura dos anos 1950-70, uns vestindo roupas pretas, lembrando monstros da música americana e da literatura do período, outros com barba cumprida, uns jovens e outros velhos... Senti-me em casa.
- E aí, Gonzinho, qual vai ser?
- Vamos beber, caralho!
Esse azulzinho é foda. Fomos para o bar e pegamos umas Buds. Havia um palquinho, aonde aconteceriam as apresentações musicais e poéticas. De cara, identifiquei o poeta Ron Whitehead, que foi amigo pessoal de Hunter Thompson em Louisville: com roupas identificadas com o nome e o estilo Gonzo, a barba branca e comprida e óculos. Como tive bastante contato com ele durante toda a minha estada em Louisville, vou deixar para falar mais sobre ele e a sua relação com Hunter Thompson mais adiante.
Gonzinho e eu nos apresentamos e conhecemos outras pessoas, alguns fãs de Hunter Thompson, outros que estavam trabalhando por ali, vendendo blusas, bonés e souvenirs Gonzos. Também conhecemos uma dupla que estava empolgadíssima. Tinha um cabeludinho que pedia para todo mundo tirar foto dele. “O negócio é estar na mídia!”. E eu, pra dar trela, tirei várias fotos do cara, que não lembro o nome, mas é meu amigo no Facebook. Às vezes olhava e ele estava de cabeça baixa, cansado, então eu mirava a câmera e dizia “hey! Picture, man!”. Ao que ele logo se acordava, sorria e fazia pose pra foto.
Também tinha um senhor com a maior pinta de ter sido amigo de caras como Hunter Thompson e Bukowski. Obviamente puxamos assunto com ele, que contou ser da Califórnia (óbvio). Tinha viajado até Louisville apenas para participar do evento. Disse escrever para uma revista da Califórnia mas não chegou a conhecer o Hunter pessoalmente. No fim, Gonzinho e eu ficamos por ali, assistindo aos shows e apresentações artísticas com os dois malucos das fotografias e o tiozinho da Califórnia.
O primeiro dia funcionou mais como uma abertura do evento mesmo. Teve a apresentação de bandas, e todos ficaram embasbacados com o som emitido por uma gaita tocada por uma gaiteira, que deixaria muito gaudério no chinelo. Outros tocaram blues e rock. Depois, houve a leitura dos textos vencedores de uma espécie de concurso Gonzo. Eram poemas, crônicas e contos, que eram lidos com uma trilha sonora do caralho.
O Gonzinho estava muito empolgado. Sentia-se em casa. Já estava meio tonto pela cerveja, apesar de que a maioria ali parecia estar relativamente sóbrio. Fiquei com medo que o Gonzinho passasse dos limites – e era recém segunda-feira. Havia também um cara com uma jaqueta de couro gonzo, escrevendo (provavelmente poemas) em um caderno. Enfim, se de repente alguém chegasse lá e perguntasse: “em que ano estamos?” e eu respondesse “nos anos 1970?” estaria tudo ok.
Quando me dei por conta, olhei pro lado, e o cabeludinho das fotografias estava trovando a vendedora de chapeis.
Os chapeis eram legais, estilo Hunter Thompson mesmo, mas o troço era chique e o preço era acima dos 150 dólares. Também havia por ali um jornalista, que falaria no palco noutro dia, vendendo e autografando livros. O foda é que o cara ficou ali até uma meia hora depois de começarem as apresentações, e como ninguém comprou o seu livro, ele simplesmente foi embora. Achei a atitude meio imatura, pois Hunter Thompson, Bukowski, Jack London, Kerouac, John Fante, enfim, todos os pesos pesados da literatura maldita norte-americano sofreram e penaram pra caralho até chegar lá – e alguns só chegaram lá depois de velhos ou mortos. Mas...
O Gonzinho murmurou um “fuck motherfucker”. Senti que ele estava muito alegrinho.
Então, quando acabaram as apresentações, a programação teria sequência no Mag Bar. Acabamos indo de carona com o Nick, um dos caras que estava trabalhando na organização do evento. Chegando lá, o Gonzinho se perdeu. Enquanto eu conversava na copa com a galera Gonzo, eu vi ele sentando numa mesa ao lado de uma mulher que, sem brincadeira, devia ter uns 150 quilos. Em pouco tempo ela já estava pegando ele no colo e puxando o seu narigão fazendo “guti-guti-guti”. Porra, Gonzinho! Fui lá e puxei ele pelo nariz e disse “escuta aqui, filho da puta, a hora que eu resolver ir você esteja por perto senão te abandono!”. Ele prometeu contar tudo para a minha irmã, que gostou dele em Nova York.
No fim ele sumiu um pouco, mas depois apareceu, tentando fugir da loira obesa. Já era madrugada quando Nick ofereceu carona de volta pra casa.
Entramos no carro e o Gonzinho sentou no banco de trás. O Nick colocou uma música meio Hare Krishna e me ofereceu um cigarro.
Agradeci mas disse que não fumava. O Gonzinho, do banco de trás, começou a gritar: “aêê, cagalhão de merda!”. Eu mandei ele se foder, peguei o cigarro e disse “vou enfiar isso no teu cu, filho da puta”. Ele tomou o toco da minha mão e ascendeu, lá atrás. Fomos conversando durante o trajeto, e logo senti que o cheiro do cigarro não era de cigarro normal, se é que você me entende. No trajeto, tocou o celular do Nick. Ele atendeu. Era a mulher. Perguntei se ela tava puta por ele estar na rua ainda, ao que ele respondeu, “que nada, ela tá em outra festa e tá podre de bêbada”. Olhei pra trás e o Gonzinho estava com os olhos vidrados.
Yes, man. Welcome to Gonzofest!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Partiu Louisville!

Finalmente chegou a hora de partir para Louisville, no estado de Kentucky! Mas antes, para não perder o costume, tinha que ter um último drama da mala no ônibus. Peguei um taxi do hostel até a parada, pois já era onze e pouco da noite de domingo, o que quer dizer que os horários do metrô são alterados. Cheguei cerca de meia hora antes do previsto. Um carinha com um crachá veio me abordar, se apresentando como o representante dos moradores de rua de Chicago. Ele contou uma boa história e, como é costume aqui nos States, eles te fazem um favor, como carregar as tuas malas, e depois esperam uma retribuição. Várias vezes eu não dei porra nenhuma, caralho, se quer me ajudar que seja de coração, não em troca de dinheiro. No entanto, amoleci o coração e dei um dólar a ele, que, vejam vocês, ficou bravo porque era muito pouco. “I need more, boss”. Suspirei fundo e disse que não tinha. Ele saiu resmungando. Cambada de gente maluca...
A parada da Megabus em Chicago é na frente da Union Station. Havia outros ônibus que iriam para outros destinos, e dentro do bagageiro deles, havia os carinhas com cara de mau e de donos do mundo. Senti o drama. Dessa vez, achando que pegaria um motorista gente boa, como o do trajeto Detroit-Chicago, e não botei os livros na mochila de mão, o que quer dizer que a minha mala estava mega pesada. Antes de chegar a minha vez, eles já estavam brigando com outros. A tensão estava no ar. Havia uma mãe com uma nenê no colo, e eles não recuaram, fizeram ela pagar os 25 dólares – que alguém emprestou, pois ela não tinha. Depois, havia um grupo com umas 8 pessoas, que deviam ter, juntas umas 15 malas. Tinha criança no meio do negócio. Provavelmente iriam fazer uma mudança. Eles estavam todos ali, discutindo, gritando, quando um dos carinhas malvados da Megabus veio na minha direção para colocar a minha mala no bagageiro. Ele mal a ergueu e disse “too many, man”. Teu cu, filho da puta. De novo, abri ali e escancarei as minhas cuecas e meias sujas na frente de todo mundo para tirar os livros de dentro e levar comigo. Depois ele pesou de novo e disse um “ok”, meio inconformado.
Eu subi no busão e a confusão lá fora continuou. No fim, acho que a galerinha não tinha grana pra pagar o excesso de bagagem, e acabou todo mundo indo embora, xingando e amaldiçoando a Megabus. Essa foi a maior confusão que vi e, realmente, a não ser que você está com uma mochila nas costas, o tratamento é péssimo. Ok, por outro lado, eu paguei apenas 5 dólares para viajar umas sete horas entre Chicago e Louisville.
O busão saiu meia noite e chegou lá às sete e quinze, só que tem um detalhe: em Louisville é uma hora a menos do que em Chicago. Então, no meu relógio ainda faltava uma hora para chegar, e, dali o busão iria para Nashville. A minha sorte que foi que perguntei “aqui é Louisville”?, e ao que disseram sim, saltei pra fora.
Bom, para ficar em Louisville eu aluguei um quarto em uma casa por um mês. Fiz isso por vários motivos: primeiro, com o dinheiro que eu pagaria um hotel para os sete dias da Gonzofest, eu poderia pagar um mês inteiro em um quarto. Segundo, porque eu poderia visitar os lugares em que o Hunter Thompson morou, estudou, frequentou, etc, e entrevistar as pessoas com calma. Terceiro, para sentir o clima da cidade que tanto influenciou Thompson.
O carinha que me alugou o quarto foi me buscar na parada. Estava frio pra caralho. Fiquei pensando “quando essa merda vai terminar??”. Fomos até a casa, que é bem grandinha, porém, mora ele, a mulher, dois filhos adolescentes e mais três pessoas que também alugam quarto. Bom, sobre a casa e a família eu vou comentar depois dos textos da Gonzofest, pois nos sete primeiros dias eu fiquei focado apenas no evento feito para homenagear Hunter S Thompson, criador do Jornalismo Gonzo: objeto da minha pesquisa de doutorado.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Chicago Tribune – Beijinho no ombro

Ao contrário de Washington DC, aonde devido ao pouco tempo em que fiquei na cidade acabei não marcando uma visita no Washington Post, dessa vez eu teria tempo suficiente para tentar agendar uma visita no maior jornal de Chicago: o Chicago Tribune. O processo foi simples: eu entrei no site do jornal e enviei um email para alguém de lá, que imaginei que pudesse me ajudar. Então, encaminharam-me para uma das editoras, Margaret Holt. Ela disse que não havia nada específico para visitantes de fora, mas como eu expliquei que era um jornalista brasileiro que estava na New York University (NYU), todas as portas se abriram e ela me convidou para ir numa quinta-feira de manhã.
Quinta-feira cheguei uma hora antes do combinado.
Dei uma volta nos arredores, aonde tem uma estátua de um locutor (pois, assim como no Brasil tem grupos com emissoras de rádio e jornal – como o Grupo RBS - o Chicago Tribune pertence a Tribune Company, que também tem uma rádio, que fica no mesmo prédio). Quando entrei na recepção, percebi que guardinhas e porteiros que te olham desconfiados, que tentam te intimidar e se acham a última bolacha do pacote não são exclusividades brasileiras. Pedi para falar com a Margaret, então a mulher com cara de bunda ligou para ela e disse para eu aguardar. Preenchi uma “mini-ficha” aonde tinha que colocar meu nome e organização. Pensei em botar Farc, Al-Qaeda, Grêmio ou coisa assim, mas coloquei “Brazilian Government”. Sei lá, de repente aqueles gorilas gigantes poderiam pensar que eu era o presidente desse país bizarro que se chama Brasil. Mandaram-me para o quinto andar.


No corredor até o elevador, você já vê um monte de quadros, com matérias, fotos, etc. Chegando no quinto andar, você entra num Hall aonde há várias placas de jornalistas do Chicago Tribune que venceram o prêmio Pulitzer.
Apenas para contextualizar, o jornal é o maior de Chicago e o oitavo de maior circulação nos Estados Unidos e foi fundado em 1847, ou seja, cobriu diversos temas históricos, que estão estampados nas capas postas em quadros pelos corredores, como o anuncio do fim das duas grandes guerras, os conflitos sociais de 1968, títulos de baseball, futebol americano e basquete, posse do Obama e coisas do gênero.
Enfim, no quinto andar encontrei a Margaret, uma senhorazinha que não quis tirar fotos. “Tire a vontade, menos de mim”. Ela me tratou muito bem e me mostrou as salas de redação do quinto e do sexto andar (as duas são gigantes).
Há várias salinhas com paredes de vidro, aonde acontecem umas reuniões misteriosas e as salas dos editores. O editor, que agora me fugiu o nome e estou com preguiça de olhar na internet, é o típico estereotipo de editor antigo de jornal americano: cabelos brancos, ar pensativo – como se as principais decisões do mundo estivessem em suas mãos – olhar sério, uma semi-carranca na testa (creio que para intimidar os jornalistas mais novos), etc.
De início, achei que a minha visita ficaria só nesse “aqui é isso, aqui é aquilo, aquele é Fulano, aquele outro é Beltrano”. Mas não. De repente fomos para uma sala de reuniões e a Margaret disse “aqui é aonde acontecem as reuniões dos editores, que define a capa do jornal”. Então, começou a chegar gente que, pela postura, deviam ser os editores. Ela me apresentou a todos eles individualmente, e depois, antes da reunião começar, disse que havia um visitante, e falou brevemente sobre o que eu estava fazendo nos Estados Unidos. Eles me olharam com curiosidade, e o editor de Mundo falava um português meio precário – morou dois anos no Rio de Janeiro como correspondente.
A reunião na verdade não é muito diferente do que todas as reuniões de pauta dos jornais de Santo Ângelo, Ijuí, Porto Alegre ou Rio. Na verdade, é tudo padronizado. Mas, não tive como não lembrar das reuniões de pauta do Jornal da Manhã, aonde você apresentava uma lista de pautas (havia um mínimo para cada um) e tinha que defender a sua ideia (às vezes elas eram simplesmente cortadas sem dó nem piedade nem explicação). Claro que, em Chicago, você tem muito mais coisa acontecendo. Então, cada editor falou as matérias que tinha para aquele dia, tentando vender seu peixe – afinal, é sempre bom estar na capa. Alguns até usaram apresentações de Power Point e foi muito legal ver o editor de política mostrando uma foto do Obama tirada há poucos minutos... Durante a reunião, também houve a participação do correspondente em Washington. Parecia uma reunião da Liga da Justiça, pois o editor chefe apertava um botão e a voz dele vinha de algum lugar. Ele também falou sobre o que tinha para o dia e defendeu suas matérias. Ah, e o diretor de arte e fotografia também mostrou vários power points mostrando o que estava fazendo. No caso, era quase tudo relacionado ao sumiço do avião da Malásia, pois ele ainda estava sumido e aquele era o principal assunto de momento.
Óbvio que também há piadinhas, risadas e contação de história. Você também consegue identificar os perfis: tem o novinho metido a intelectual, com gel no cabelo e óculos com armação preta e grossa, o velho experiente que está com cara de que está cagando e andando pra todo mundo, o editor-chefe com ar de “vou te demitir”, a mulher ousada, a gordinha assustada, o brincalhão, o irônico que na sua fala a cada três palavras da uma alfinetada em alguém, etc. Pena que não pude tirar fotos da reunião, pois era tudo “confidencial”
Logo após a reunião, eu troquei umas palavras com o editor de mundo. Ele perguntou de que estado eu era, e quando eu falei Rio Grande do Sul, ele sorriu e disse: “Grêmio?”. E eu, “yessssss!”. Então, ele disse no “soccer” torce para o Flamengo. E, antes de eu ir embora, a Margaret me deu um monte de livretos que eles publicam nas edições de domingo (incentivando a literatura). Pelo que vi, são livrinhos escritos por autores locais. Também ganhei diversos cadernos de cultura, aonde tem matérias sobre livros, literatura, etc. E, ao se despedir, ela se dispôs a me ajudar no que eu precisasse na minha pesquisa.
Ao descer novamente para o primeiro andar, acabei indo para o lado errado e fiquei alguns minutos perdido. Enquanto andava e suava frio, imaginava os seguranças me vendo nas câmeras, prontos para atacar. Então, quando finalmente achei a saída, despedi-me da galera da portaria e segui rumo a minha limosine presidencial que me aguardava do outro lado da rua... Olhei novamente para a turma da portaria e mandei um beijinho no ombro – honrando a tradição brasileira em solo americano.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Chicago - Windy City

Antes de chegar em Chicago, não sabia do seu apelido de Windy City (cidade ventosa). Na verdade, fiquei lá por 12 dias no final de março e, apesar de teoricamente o inverno estar no final, fez muito frio (na maior parte do tempo, temperaturas abaixo de zero) – e com o vento a sensação térmica é ainda mais congelante. Chicago é a terceira maior cidade dos Estados Unidos (atrás apenas de Nova York e Los Angeles). E, por isso mesmo, falar sobre tudo o que vi na cidade em um texto é completamente impossível.
A imagem que tive ao chegar em Chicago foi a de uma cidade sensacional. Nas minhas primeiras saídas, fiquei embasbacado com a arquitetura dos prédios. E tem várias atrações, tanto para quem quer dar uma turistiada e pagar ingresso para entrar em museus, planetários, etc, quanto para quem não tem muita grana, como foi meu caso. Por um momento, cheguei a me questionar se Chicago seria melhor do que Nova York. Mas então lembrei que em Nova York, assim que cheguei, foram mais ou menos uns 20 dias saindo todos os dias para ver, sei lá, ¼ do que a cidade tem a oferecer. Por essa e por outras, ainda sou mais New York City. No entanto, Chicago com certeza entra na lista de uma das cidades mais fodásticas que conheci.
Um dos lugares mais impressionantes que fui, e que você pode gastar mais de um dia andando e conhecendo, é o Grant Park. Na verdade, nesse parque gigante fica o Millenium Park, que é aonde tem o feijão gigante, que na verdade se chama “Cloud Gate”, algo como “porteira de nuvem”, mas que ficou mais parecido com um feijão, daí o apelido de “feijão gigante”. Esse parque é foda pois de lá você tem uma puta vista dos prédios que formam o centro da cidade, e tudo o que está lá conta com uma arquitetura pós-moderna que por um momento faz você se sentir no desenho dos Jetsons.
Um exemplo é a ponte que vai ligar os dois lados do parque (o outro lado está em construção, mas a ponte já está lá). Então, nesses dois parques você tem muito o que olhar, além de ficar na beira do lago Michigan, que estava todo branco, congelado, e que permite que você enxergue a outra ponta da orla, aonde tem o planetário, os museus e essa porra toda.
Bom, como não pretendo fazer dos meus textos algo informativo para turistas, apenas posso dizer que fiquei igual a uma criança tirando fotos e querendo ver todas as imagens possíveis e imagináveis que poderiam ser formadas no feijão gigante.


O vento nessa região, no inverno, é sinistro. E a parte que seria verde, estava cinza (provavelmente no verão ou na primavera o troço todo fica ainda mais bonito).
Já do outro lado da orla, como disse, há o planetário e os museus e, na minha opinião, é da frente do planetário que você tem a vista mais fotogênica da cidade. Talvez não exatamente a mais bonita, mas a mais completa.


E, mais ao lado, tem o estádio do time de futebol americano, que parece mais uma espaçonave estacionada.
Outro parque maneiro é o Lincoln Park. Esse fica perto do hostel. Nele há um zoológico, que umas brasileiras tinham dito que tinha que pagar, mas quando fui lá acabei entrando e ninguém pediu ticket nem nada, então, pelo menos pra mim, saiu de graça. Lá consegui ver alguns bichos que não vi no Bronx por não estarem “disponíveis” quando fui lá com a minha irmã. E, definitivamente, eu tenho que escrever um texto separado sobre os chipanzés e gorilas. Primeiro, no Bronx, eu vi aquele gorila pensando na vida. E, dessa vez, uma cena memorável: estavam lá, todos os turistas, olhando a macacada, inclusive um casal com duas crianças de aproximadamente 5 ou 6 anos, quando uma gorila resolveu simplesmente se deitar, abrir as pernas de frente para o público, e ficar ali, deitada, passando a mão na sua... boceta? É isso mesmo que você leu. Não sei se estava se masturbando, mas a cena dos pais tapando os olhos das crianças e puxando-as para longe dali foi muito cômica. E a cara de tranquilidade da macaca, então, é algo inesquecível.
Além dos macacos, também vi um casal de leões, leopardos e afins. É muito doido você pensar que bichos como o jaguar, que é um mais velozes do mundo, está privado da sua natureza de correr para ficar ali, em um cubículo, andando de um lado para o outro. Fiquei com pena dos animais e pensei no quanto o ser humano é atrasado em fazer esse tipo de coisa: botar bichos presos para turista ver.
Outro passeio foda é o Navy Pier. É difícil explicar o que é, mas, resumidamente, é um lugar gigantesco, aonde você tem um espaço que é tipo um Shopping Center, com lojas, restaurantes, etc; um jardim botânico com as paredes e o teto de vidros, um outro espaço gigante com exposições de tudo que é tipo, um porto de ondem saem e chegam navios e a histórica roda gigante. Conforme o Christofer (se você leu os outros textos, sabe quem é. Se não leu, pare de ler esse texto agora e volte às minhas postagens anteriores), enfim, segundo ele essa roda gigante foi objeto da primeira experiência com luz elétrica à noite. Então, no início do século passado (ou retrasado, a essa altura da madrugada já não sei mais - e se quiser ter sexta pergunta aí para o Mr. Google), milhares de pessoas se reuniram lá para verem as luzes da roda gigante serem acesas de noite. E a tal roda gigante permanece lá e é um dos cartoes postais de Chicago.
Bom, como comentei no outro texto, também teve o show de jazz, que foi incrível.
No Lincoln Park, você também chega a umas praiazinhas, que obviamente estavam fazias, pois havia bolas de gelo espalhadas pela areia... Lá, você pode caminhar pela orla. A vista é sensacional, mas o frio no inverno é congelante. E há também campos de futebol, de baseball e outros esportes.
Bom, resumidamente, esses foram alguns dos lugares que pude conhecer, passear e caminhar pensando na vida nos 12 dias em que estive em Chicago. No entanto, ao contrário do que coloquei no último post, haverá mais um texto sobre a cidade, pois não tenho como deixar de fora o dia em que visitei o Chicago Tribune e participei da reunião dos editores. Não saia daí. É logo após os comerciais!