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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quando a tristeza vence o humor

Estava pensando comigo mesmo sobre o porquê eu escrevo tanta bobagem. Talvez quando fizer psicologia, eu me entenda. Imagino que, se um psicólogo fosse avaliar meus textos, como naqueles testes psicológicos de seleção de emprego, daria um veredicto curto e grosso: escreve bobagens para fugir da realidade. Talvez seja isso mesmo.
Aliás, a realidade muitas vezes é deveras cruel. Admito uma coisa: sofro muito pelos outros. E acho que entrei no jornalismo pelo interesse que tenho pelos outros, ou melhor, pelos seres humanos. Hoje, por exemplo, fui a Cardiocenter (clínica de cardiologia) para pegar meus exames (aqueles, do holtter 24 horas que mencionei outro dia). Entrei na sala de espera, e havia uma mulher fazendo tricô, de óculos, cabelos escuros encaracolados, aparentando algo em torno de 40 anos.
- Vai fazer exame? – ela perguntou.
- Não, vim buscar um que fiz dias atrás. O holtter 24 horas. Tenho que levar para a médica amanhã.
Ela fez um “hmmm”, e comentou:
- Como tem gente adoecendo, né?
É verdade. Nas redondezas dessa clínica há vários consultórios médicos, de todas as especialidades, que estão sempre cheios. Nunca cheguei a um plantão de hospital sem ter alguém na fila. Pessoas circulam por aquela região com envelopes brancos na mão, contendo exames que podem ser um alívio ou uma bomba.
- E a senhora, vai fazer exame?
- Sim – respondeu calmamente. Após alguns suspiros baixos ela acrescentou que provavelmente terá que fazer uma cirurgia no coração, e acrescentou – Estou tratando um câncer e aí descobri isso agora. Fazer o quê? Tenho que fazer os exames...
Fiquei sem saber o que falar. Olhei para aquela mulher falando em tom calmo e imaginei que vida existe por trás daquele sufoco abafado. Quanta coisa não deve passar em sua cabeça? Como ela não deve sofrer por ela mesma, pelo seu marido e pelos seus filhos? Com um aperto no peito, respondi:
- É verdade, não nos resta outra saída.
A enfermeira veio e me entregou os exames, enquanto a senhora seguia tricoteando, de cabeça baixa. Não sei dizer exatamente o que senti. Na verdade, acho que sei sim: senti completa impotência. Queria, de alguma forma, ajudar aquela mulher, dizer para ela que vai dar tudo certo, que vai ocorrer tudo bem na cirurgia e que ela se recuperará do câncer e viverá feliz com seu marido e seus filhos! No entanto, saí para a rua. E com um nó na garganta recebi como um tabefe o ar gelado do inverno que se aproxima, tão frio quanto a tristeza de uma doença.

domingo, 30 de maio de 2010

Perfil (a continuidade)

Bom, como os perfis geram picos de acesso ao blog que chegam a dois milhões de pessoas no globo terrestre, servindo de inspiração para instituições jornalísticas menos sérias do que o meu blog (como as páginas amarelas da Veja, por exemplo), dou seqüência na apresentação de perfis de celebridades mundiais, que só não são conhecidas do grande público por ignorância do mesmo. Enfim, o entrevistado da vez, coincidentemente, é meu primo, filho da irmã do meu pai, a conhecida Dinda None. Ah, como não encontrei foto do cara sozinho, roubei essa da pasta “Natal” do Orkut dele. Ele é o primeiro, de pé, da esquerda para a direita (de braços abertos). Vamos à entrevista, realizada via MSN, desde os bastidores pré-questionamentos:

Quer ser entrevistado pelo meu blog?
Uhum. Já que a minha agenda ta livre.

Então ta. Peço a vossa excelência que tente escrever o mais próximo do correto possível (ou seja, sem pq, vc, etc...) para facilitar o processo de edição, ok?
Blzz.

Porra! Acabei de dizer pra não usar essas gírias internéticas!
Tudo bem, escreverei corretamente.

Ok. Assim espero. Então: nome, idade e profissão?
Vinicius Ribeiro Macuglia, 15 anos e profissão ainda não tenho.

É parente do Guilherme Macuglia, treinador de futebol?
Acho que não, mas meu pai tem grandes historias futibolísticas.

E você? Tem alguma histórica futebolística?
Digamos que eu seja um craque anônimo.

E o que pensa da vida? (...) Vamos logo, não tenho toda a madrugada. Ta frio pra caralho aqui!
Eu penso q a vida é rápida, por isso sempre busco aproveitá-la de diversas formas jogando video-game, pegando a mulherada e vendo jogos do nosso tricolor.

Porra, tu escreveu "q", eu disse pra escrever corretamente! Mas e aí, baixando muita calcinha?
Putz, pior que não.

Porra, tem que honrar a família! Mas enfim... Qual a primeira coisa que pensa ao acordar? Morreu?
Penso: Bah, ta na hora do almoço.

Bate bronha quantas vezes por semana? (ou por dia)?
Putz, essa vamu omiti.

Porra, escreve certo! Não se preocupe, não vou mostrar pra tia, nem pro tio, nem pra Karina (minha prima, irmã dele). Talvez mostre para o Fábio ou a Carol (meus ermões)... Falando nisso, o que pensa sobre seus primos Fábio e Carolina?
O Fábio é meio psicótico e a Carol é a eterna Cenorinha, os dois são bem legais.

Que puxação de saco. E o que pensa sobre esse que vos entrevista? (suas respostas poderão ser censuradas ou alteradas conforme a linha editorial do blog). Vai responder ou não cacete? Puta que pariu, que falta de consideração com o entrevistador... Vou tomar Nescau e já volto, vai respondendo aí.
(...)
“Você acabou de chamar a atenção”.
Porra, o cara morreu no meio da entrevista...Foi no banheiro? Isso não é hora de bate bronha maluco! Pow, o cara agora apareceu offline. Vou editar a porra toda e publicar assim mesmo.
FIM

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Obsessões (2)

Nessa semana assisti a um filme que me fez pensar sobre uma das mais curiosas características psicológicas do ser humano: a obsessão. O filme a que me refiro não é novo – é de 2007. “O cheiro do ralo”, o título, com o Selton Mello interpretando Lourenço, e Paula Braun interpretando uma garçonete. No caso, Lourenço se apaixona pela garçonete. Ou melhor, pela bunda da garçonete. Ele simplesmente fica obcecado pela bunda dela, e fica disposto a tudo para conquistá-la (a bunda, não a garçonete). Ele termina o noivado (que já estava com os convites do casamento na impressão), gasta fortunas, pergunta quanto a dona da bunda quer cobrar para mostrá-la, enfim, faz de tudo por ela (a bunda). Uma louca obsessão.
E assim como Lourenço ficou obcecado pela bunda da garçonete, muitas pessoas se obcecam por outras coisas. Há pessoas obcecadas pelo trabalho, por exemplo. Esquecem o resto. Só interessa o sucesso profissional. Lembro-me aqui do ilustre jornalista, já falecido, Alberto André, que presidiu durante anos a Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), e que tinha orgulho de contar que quando ficou sabendo da morte de um familiar muito próximo (pai, mãe, irmão ou filho, não me recordo agora), não saiu da redação antes de por o ponto na última matéria. Já outras pessoas são obcecadas pelo dinheiro. Pensam apenas em acumular dinheiro e bens materiais, custe o que custar. Sacrificam a família, as amizades, os belos momentos da vida (como atirar uma pedra no rio, por exemplo) para pensar apenas em acumular mais, mais e mais. Enfim, pensando nisso tudo concluo que cada um tem as suas próprias obsessões.
Eu, por exemplo, sou obcecado por livros. Quando estava morando em Bento Gonçalves, até poucos meses atrás, às vezes economizava na comida para comprar livros. Mas a mais bonita de todas as obsessões, não é a por bundas, nem a por livros, tampouco a por trabalho ou dinheiro. É a obsessão da grávida pelo seu nenê.
Digo isso porque, como já me referi em outra coluna, serei papai. Mas às vezes fico meio perdido, queria poder carregar um pouco o nenê na minha barriga, dividir a responsabilidade. Entretanto, o máximo que consigo é passar a mão na barriga da minha noiva e beijá-la, quando estamos juntos. Porém, é como se eu sentisse que, por mais que eu tente fazer o máximo, nunca saberei como é essa obsessão por estar carregando no ventre um nenê. Talvez por não saber disso, já fui chamado (em menos de três meses de gravidez) de pai relapso e que minha filha (se for mesmo mulher) não vai querer me ver. Talvez seja isso mesmo, vá saber, afinal, como diria Lourenço: a vida é dura. Mas acho que isso é natural do homem, sei lá. Enquanto o mundo da mulher passa a ser a sua barriga, o homem não consegue sair e levar o nenê junto, porque ele ficou lá, no quentinho da barriga da mamãe. É algo instintivo. É algo que só as mulheres sabem como é, e isso eu não questiono. Essa é uma obsessão que, se bem administrada, é construtiva, pois envolve amor, afeto, carinho, educação e paciência. E, apesar de não estar carregando o nenê na minha barriga, admito que já estou completamente obcecado por ele (ou ela). Afinal, minha obsessão maior hoje é uma só: a barriga da minha mulher. Independente de lá dentro habitar um guri ou uma guria.
CORREÇÃO – Atendendo às cobranças de meu cunhado, Vinícius Aguiar, corrijo o texto de algumas semanas atrás, aqui em A Tribuna. Na ocasião, disse que meu nenê só havia recebido presentes de mulheres, no entanto, ele, juntamente com sua esposa Kátia, foi o primeiro a dar um presente para o nosso nenê (e, fora os familiares, foi o único homem a dar um presente, até onde eu saiba). Aliás, aproveito para dar os parabéns para o casal, pois eles darão um primo ou prima para o nosso nenê. Isso aí, é a família crescendo. E dê-lhe fralda!

Texto publicado no jornal A Tribuna Regional desta sexta-feira

O poder das argentinas na Copa

Com a lista de exigências do técnico Maradona e a divulgação de como funcionará a concentração da seleção argentina na Copa da África, passo a reconsiderar meu posicionamento diante das possibilidades dos hermanos ganharem a Copa 2010. Antes dessa semana, eu os colocaria como 4° ou 5° favorito. Achava que Brasil, Inglaterra, Itália e França tinham mais chances do que eles. Porém, depois de ver as regras ditadas por Maradona para os seus comandados, os argentinos passaram, em minha opinião, para o primeiro lugar na lista dos favoritos.
O negócio é simples, e você, caro leitor, já deve ter acompanhado o caso pela imprensa nacional: durante a Copa, os jogadores argentinos terão sexo, vinho e churrasco liberados. Tudo com moderação, segundo o médico Donato Villani. Porém, com Maradona estando no comando, é difícil pensar em sexo, vinho e churrasco com moderação.
Outra medida adotada, mas essa já é usada há muito tempo por clubes e seleções, é a utilização do vídeo-game na concentração. Sinceramente, com a mulherada andando pelos corredores da concentração argentina com garrafas de vinho vai ser difícil alguém parar para jogar vídeo-game. A não ser no intervalo do bate-bola romântico. Até já imagino o Tevez batendo na porta do zagueiro Demichillins para convidá-lo a um desafio no Win Eleven, e se deparando com a mulher do zagueirão, Evangelina Anderson (foto), de camisola, falando que agora ele está ocupado e não pode. “Volte em meia hora”, diz ela, fechando a porta na cara de Carlitos.
Porém, o sensato leitor deve estar se perguntando: e por que cargas da água isso tornaria a seleção argentina favorita para a Copa? Simples, porque ela estará leve, solta, feliz, e mais: poderá usar isso contra o adversário. Imaginem um Brasil e Argentina na fase de mata-mata. O Demichilins encosta no Robinho e sussurra: “La noche fue tan maravillosa... y la suya, como fue?”. E sem esforço algum, ele rouba a bola do Robinho e puxa um contra-ataque que resulta em mais um gol argentino.
Por outro lado, o feitiço também pode virar contra o feiticeiro. Imaginem se as mulheres dos jogadores argentinos estiverem todas na TPM? Isso pode destruir uma nação inteira, quem dirá uma simples seleção. A TPM é muito perigosa. Ela testa os nervos de qualquer homem. Já pensou, o Demichillins pega uma taça de vinho para beber calmamente, jogando conversa fora tranquilamente com o Messi, e de repente Evangelina berra: “Tú vas a beber de nuevo su borracho!?!?”. Isso é para desmontar qualquer esquema tático. Nesse caso, os hermanos não passam da primeira fase. Enfim, agora é esperar pra ver como estarão os hormônios das mulheres castelhanas na Copa para sabermos se a Argentina será imbatível ou um alvo fácil. Como diria um amigo meu: tudo depende de tudo.

Texto publicado no JM de sábado

Bunda japonesa

Seguinte: sou fazão da Ju Luz, minha colega de O Rebate que alumina a vida de seus leitores, adoro os seus textos, adoro ela, inclusive já usei uma foto dela para ilustrar um conto meu em algum lugar do passado.
No entanto, porém, entrentanto, ela disse que japonesa com bunda é fruto da minha imaginação. Como bom recherche (as aulas de francês estão rendendo!) encontrei uma foto de uma japonesa com bunda, que posto nesse humilde espaço. É uma imagem que vale por mil palavras. Aliás, a bunda é universal. Existem belas bundas de todas as raças. Ah, e procurem o blog da Ju aqui em O Rebate, que é muito bom!
Au revoir!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Eu - O retorno

Vejam vocês como são as coisas. Eu fiz greve, pedindo para que algum leitorinho espirituoso comantasse o texto do Robertenson, e realmente, a leitorinha Camila comentou. Mas não comentou o texto!! Ela disse que comentou apenas para que eu voltasse a escrever, ou seja, ela NÃO DEVE TER LIDO O TEXTO! Do que adianta eu escrever se os leitores não lêem os textos. Seriam os leitores, leitores mesmo? Ou só acessam o blog pela parceria? Não respondam, cruéis leitorinhos! Prefiro ficar me iludindo que as milhões de pessoas que acessam meu blog diariamente realmente lêem os textos postados aqui, tão humildemente por esse dono de mini-fazenda do Orkut alérgico a ovo. Enfim, fiz uma votação entre os meus correlegionários (os Dudus imaginários) e em uma decisão tumultuada, onde um Dudu chegou a atirar uma cadeira em seu homônimo, optamos por considerar válido o comentário da leitora Camila. Na verdade, eu, o EU de verdade, não queria validar tal voto, mas, como vivemos em uma democracia duduziana, a maioria venceu, portanto, volto neste exato instante a escrever, pelo menos até o próximo "0 comentários".

quarta-feira, 26 de maio de 2010

GREVE

Estou em greve no blog até que algum leitorinho espirituoso comente o texto do Robertenson! Abaixo o "0 comentários"!

terça-feira, 25 de maio de 2010

A primeira vez de Robertenson

Robertenson sempre se considerou um cara diferente. Primeiro, pelo nome. Robertenson. Perguntara certa vez para a mãe de onde ela criara tal nome. A resposta foi curta e grossa: “era para ser Roberson, porém, seu pai estava bêbado, e quando foi te registrar insistiu em Robertenson”. E assim ficou: Robertenson. Desde pequeno sempre fora retraído, porém, gostava de mandar nas outras pessoas. Tinha dinheiro. Seus pais tinham dinheiro. Sabia que todos queriam ser seus amigos porque tinha os melhores brinquedos, tinha piscina em casa, tinha o cachorro mais bonito e esperto da turma (que, inclusive, tinha um professor que lhe ensinava truques), tinha dois carrões na garagem, morava na maior casa, que tinha uma lagoa em seu quintal, cercada por árvores e brinquedos. Também tinha o pai mais sarado e a mãe mais gostosa. Mas sabia que os coleguinhas pensavam isso dela, porém, também sabia que eles não tinham coragem de lhe falar isso assim, cara a cara, com medo de perderem a amizade de Robertenson. Em função disso, também nunca ouviu nenhuma piadinha acerca de seu nome.
O fato é que a presença da mãe gostosa sempre lhe causou inquietação. Via aquele corpo esbelto, sarado, desfilando seminu pela casa, no entanto, aquilo lhe causava certa angústia. Em alguns momentos odiava a mãe por isso. Porém, logo cedo descobriu que queria uma mulher que fosse mais gostosa que a própria mãe para namorar. Talvez não para namorar. Sabia, sim, que queria ter casos com mulheres mais gostosas que a matriarca dos Garcias.
A primeira lembrança que tinha do sexo oposto, além da mãe, era a da Raquel, na 4ª série. Era mais alta que as outras meninas e possuía um lindo cabelo liso e louro. Passava as aulas observando ela, porém, não tinha coragem de dirigir-lhe a palavra. Ela até ia tomar banho de piscina em sua casa, como todo mundo, porém, ele ficava no bar (sim, havia um bar na casa de Robertenson) observando de longe aquela mini-seria, que Nabokov tranqüilamente chamaria de ninfeta.
O tempo passou, e quando estava na 8ª série ejaculou pela primeira vez na aula de matemática. A professora Helena, uma morena semi-japonesa de corpo escultural usava uma calça jeans coladíssima nas coxas e na bunda. Devido ao calor, usava uma blusa branca, justinha, que estava molhada de suor. Robertenson estava sentado na primeira classe, porém, ninguém lhe observava. No entanto, mesmo que lhe observassem, teria feito exatamente o que fez.
Robertenson sentiu que seu membro estava mais duro que uma rocha. Olhava sem parar para a bunda da professora. Observou, cerrando os olhos, que dava para ver a marca da calcinha desenhada na calça jeans. Era minúscula. Estava completamente atolada naquele corpo escultural. Robertenson babava. Saiu de si. Ficou hipnotizado por aquela bunda, por aquele corpo bronzeado, e começou a sentir algo que nunca sentira. Quando menos percebeu, estava gemendo baixinho “ahhhh-hmmmm-ahhmmm” e lambuzou toda a sua calça de esperma. De repente a professora virou-se para ele, e pediu para que fosse ao quadro resolver um problema. Robertenson, fisicamente aliviado, foi ao quadro. A turma toda lhe olhava tensamente. A professora estava de braços cruzados, observando-lhe como se nada tivesse acontecido. Ele deu uma espiada rápida para checar a situação das suas calças e viu uma pequena mancha no lugar onde estava o seu membro. Sentiu-se um pouco menos nervoso ao se dar conta que estava de costas para a turma. Começou a calcular. Foi somando, diminuindo, dividindo, multiplicando, fazendo o cálculo ao cubo, ao quadrado, colocou na raiz quadrada da puta que os pariu, voltou a diminuir, a somar, a dividir, a multiplicar por trinta, e por fim, após encher o quadro de números, colocou o resultado final: 69. Olhou para a professora, que sorria maliciosamente. Ganhou um ponto na média e no final de semana seguinte perdeu a virgindade com a própria professora Helena, que não é a mesma do Carrossel. E assim, Robertenson perdeu a virgindade. E essa foi a primeira de muitas transas inesquecíveis com semi-deusas de carne e osso.
FIM.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Peruzinho

Uma curta. A Mini-Fazenda faz bem para a saúde, para o raciocínio, é uma terapia relaxante e tudo o mais, exatamente como eu descrevi em outro texto. No entanto, às vezes ela nos prega peças. Por exemplo, em maio foi o mês das mães. Aí, você juntava penas, que poderia trocar por filhotes de peru, cabrita, cavalo e bezerro. Primeiro eu peguei a cabrita, que custava 75 penas. Como estamos nos aproximando do fim do mês, quando juntei 50 penas, troquei-as pelo peru. E veja só o que apareceu escrito para todos os meus amigos visualizarem: “EDDU está feliz com seu novo Peruzinho que acaba de trocar e tem um extra para um amigo!”. Como disse a minha irmã às 20 pras duas da madrugada no orkut: “eu mereço ler isso???????????????????????”

Obsessão

Obsessão. Cada um tem ou já teve a sua. Não sou um especialista no assunto, mas, quando eu fizer psicologia, vou querer estudar isso: obsessão. Há vários tipos de obsessões. Há as obsessões consideradas mais “normais”, como as relacionadas a atividades rotineiras, como trabalho, estudo, literatura, cinema, programas de televisão, etc; há aquelas mais “construtivas”, do tipo, alguém obcecado por viagens, ou por alguma viagem específica, como por exemplo, “quero conhecer a China a qualquer custo”, e há aquelas que ninguém assume, ou só assume para o (a) melhor amigo (a), que são as referentes ao sexo oposto (ou ao mesmo, cada um, cada um).
Por exemplo, acabei de ver o filme “O cheiro do ralo”, com o Selton Mello. Genial. O personagem principal, chamado Lourenço, tem várias obsessões: bundas, pagar mulheres para ficarem nuas na sua frente, encontrar pedaços bizarros artificiais do corpo humano para formar o pai que não conheceu, e a principal obsessão: a bunda. Na verdade é uma bunda em especial. A bunda de uma mulher. Ele quer aquela bunda a qualquer preço. Ele ama aquela bunda. Não necessariamente a dona da bunda, mas a bunda em si. Os glúteos. As nádegas. Aquele suculento pedaço de carne que fica na parte traseira do corpo feminino, logo abaixo da cintura. E vamos e convenhamos, a atriz Paulo Braun, que interpreta a personagem dona da bunda (uma garçonete), tem OS GLUTEOS! Algo sensacional.
Inclusive, acreditei na sinceridade das lágrimas do Selton Mello ao beijar aquela bunda carnuda numa das cenas finais do filme. Ele realmente deve ter chorado. Deve ter esquecido que era um ator, e ali, agarrado àquelas nádegas suculentas, desatou a chorar. O diretor deve ter achado a improvisação magnífica, e manteve a cena no filme. Espetáculo. Isso é cinema!
Mas enfim, voltemos às obsessões, antes que os nobres leitorinhos fiquem obcecados pela bunda da Paula Braun. Eu já tive várias obsessões em minha vida. Das mais convencionais, lembro agora, especificamente, de duas: ver jogos do Grêmio no Olímpico e morar em Porto Alegre. Provavelmente uma está ligada à outra. Hoje já estou mais bem resolvido em relação a isso (nada que a Mini-Fazenda não resolva). Porém, sobre aquelas questões mais complicadas, já tive várias obsessões. Nesse caso, as obsessões podem ser chamadas de paixões, do se apaixonar pelo físico, e fantasiar em cima disso. Erotizar em cima do objeto captado por nossas retinas. Lembro-me que quando estava na 8ª série tinha uma colega, Simone o nome dela, que não chegava a ser um avião. Eu nunca havia falado com ela e tal, mal sabia como era o som de sua voz, e não fazia a mínima idéia do que ela pensava da vida (e o que isso importava naquela altura do campeonato?), no entanto, eu me obcequei pela guria. Mais especificamente pelo seu rosto, pelo seu sorriso, pelo seu cabelo. Algo mais inocente do que a obsessão do personagem do Selton Mello. Aliás, nessa fase, eu me obcecava a cada semana. Outra vez, me obcequei por outra, uma loira. A primeira era morena. E vai que numa dessas, eu obcecado pela minha colega loira, fui numa janta em Ijuí, e a enteada de um primo meu (bem mais velho, obviamente), que era uns dois anos mais nova do que esse que vos escreve, simplesmente um espetáculo, pediu (eu disse PEDIU!) para ficar comigo, através de um primo meu. Porra, eu fui fiel à minha obsessão e dei o fora na guria. Tudo bem, tudo bem, se você visse como eu era magro e desengonçado naquela época e visse o corpo deslumbrante da guria, que conseguia ter o rosto mais bonito ainda que o corpo, certamente me daria uma surra daquelas, porém, faz parte da obsessão. A obsessão cega.
Aliás, tem gente que tem obsessão por tipos. Por exemplo: enfermeira loira, loira de calça branca, morena de cabelo bem liso e comprido, loira de oncinha, negra de corpo violão e cabelo bem liso, e por ai vai. E os exemplos são os mesmos para as mulheres: homem sarado policial, bombeiro de camisa aberta, militar fardado (vulgo milico), médico rico, motoqueiro despojado, etc, etc, etecétera.
Porém, eu não sei de onde surge a obsessão. E muito menos para onde vai. Tem gente que acredita que o que chamamos de amor é uma obsessão prolongada. Outras, que o amor envolve obsessão e muitas outras coisas (amizade, confiança, etc). Outras, que o amor é uma coisa, a obsessão é outra. O fato é que a obsessão, às vezes é como uma droga, você não pode ter ela disponível por perto, que senão você vai lá para saciar essa sede causada pela obsessão. O problema é quando essa obsessão é mesmo a droga. Classifico aqui de droga aqueles elementos químicos que realmente acabam com a vida de uma pessoa, como a cocaína, o crack, heroína, etc.
Enfim, acho que já viajei demais sobre o tema e o preguiçoso leitorinho já deve estar cansado. A vida é dura. E cheia de obsessões.

domingo, 23 de maio de 2010

O ovo assassino o (eterno) retorno

Antes de escrever qualquer linha, devo destacar que a parte de “o (eterno) retorno” foi literalmente copiada do título do blog do meu primo Gérson, “Assim falhou Zaratustra - O (eterno) Retorno”, que está disponível no site: http://assimfalhouzaratustra.blogspot.com/
Pronto Alemão, uma Patrícia a menos que te devo.
Agora sim, vamos ao que interessa. Ontem, possivelmente passei pela mais marcante de todas as experiências envolvendo a minha alergia a ovo. Pela primeira vez na vida fui a um lugar onde a única coisa que não tinha nada envolvendo ovo no cardápio eram as folhas de alface. Parece que tinha rucula (é ãnsim que se escreve?), ou algo parecido, mas eu não gosto. Enfim, fui me servir, e voltei apenas com uma folha de alface no prato. Bom, a experiência foi marcante, principalmente, porque se tratava do casamento de um de meus melhores amigos, o Tiago Beck. Eu fui praticamente um cupido quando ele ficou com a Amanda pela primeira vez. Portanto, levei todo o meu estômago vazio e a minha bexiga vazia para encher o bucho e tomar umas e outras no casamento. Esperei anos por isso, e por esse motivo, considerei a experiência traumática. Entretanto, os convidados, comovidos com a minha folha de alface, que estava tão solitária em meu prato, solicitaram para o pessoal da cozinha fritar três pedaços de frango.
Essa era a minha janta: uma folha de alface com três pedaços de frango. Minha alergia a ovo chegou ao ápice do sucesso. Era o assunto do casamento. Pessoas se levantavam para me ver. “Vejam, é ele! Aquele ali, de óculos, de terno e camisa verde. Ele é O ALÉRGICO A OVO!”, diziam, apontando seus dedos indicadores inquisitivos em minha direção. Eu, disfarçadamente, tentava achar alguma carne entre o couro e o osso dos pedaços de galinha que estavam em um pires minúsculo.
Mais tarde, veio a sobremesa. Tentei compensar a falta de comida em meu estômago com sagu. As pessoas me olhavam com ar curioso na fila e diziam “acho que isso tem ovo”, “acho que isso não tem”, até que chegou a cozinheira, que tinha feito a sobremesa, e informou categoricamente: “só o sagu não tem ovo”. E assim, enchi de sagu o meu pratinho da sobremesa. Dirigi-me para a mesa, sendo observado por olhares curiosos. A Cris e meu nenê, que na barriga dela habita, demonstravam-se solidários. Nessa hora percebi a importância da família em nossas vidas. Enquanto você sofre um bulling social ovístico, a sua família está ali, ao seu lado, para te acalmar.
Mas o pior de tudo foi o seguinte: que devido a fome (Desculpa Beck, mas tava com fome mesmo) eu não conseguia me concentrar em nada mais. Desde o almoço, eu só havia comido um pouco de pipoca, e REALMENTE estava com fome. A Cris dizia: “Oba, vai ter música! Vamos poder dançar!”, enquanto eu pensava onde poderia encher o bucho ao irmos embora. Até que tomei duas taças de vinho, com o estômago vazio, e algo começou a se mexer dentro de mim, como se nosso filho (a) estivesse em minha barriga virando cambotas. Putaquepariu, era o que faltava, dor de barriga. Decidi segurar, mas parei de beber. Fui ao banheiro, encontrei um primo do Beck. O papo que rolou foi mais ou menos o seguinte:
- Cara, tomei um vinho, me deu um embrulho no estômago - disse eu.
- É, a gente não está acostumado a comer tanto, aí da nisso.
“Putaquepariu”, pensei, sem falar mais nada, pois no estado em que me encontrava não me sentia apto a dar explicações e a ter que agüentar ofertas de ajudas que não resolveriam o meu problema, do tipo, “vai lá na cozinha e pede um queijo”. Acabei indo ao banheiro, e na volta, todos falavam “nossa, comi demais”, “credo, nunca havia comido tanto na vida” ou “bah, tava muito boa a comida! E a sobremesa então? Você provou aquela torta de...”. E por aí ia. Parece que todas as pessoas naquele lugar só sabiam falar de comida e da minha alergia a ovo. Até que não me agüentei mais, e antes da meia-noite, antes mesmo de tirarem as mesas para o pessoal dançar, eu falei para a Cris:
- Você quer ficar muito tempo ainda?
- Tanto faz, tu que sabe – respondeu ela.
- Então vambora.
No caminho, liguei a cobrar para o pai, para saber se havia sobrado algo da janta deles (carreteiro). Nada. Pensei em irmos até alguma lancheria (lanchonete, para os não-gaúchos), mas no fim, a fome era tanta que não queria esperar mais nem um segundo antes de comer. Chegamos em casa e a Cris fez duas torradas para mim. E assim acabou mais uma noite na vida de um alérgico a ovo.
FIM

sábado, 22 de maio de 2010

Diário de um paciente (Versão Duduziana e Bukowskiana)

Estou cheio de fios pendurados pelo corpo e não tomo banho desde ontem. Tudo por conta do tal exame Holtter 24 Horas. Pelo que entendi, esse aparelhinho colocado em mim fica monitorando meus batimentos cardíacos por 24 horas. A comédia foi que, devido ao grande volume de peitos em meus pelos, quer dizer, é o contrário, devido ao grande volume de pelos no meu peito, a enfermeira teve que fazer quatro círculos para conectar os botõezinhos em meu corpo.
Enfim, além disso, ela me deu uma ficha onde devo preencher tudo o que estou fazendo. Daqui a pouco vou levar lá, a tal ficha. Ah, e por conta disso, não posso tomar banho até tirar o aparelho. Estou me sentindo um leitão gordo, peludo e fedorento.
A minha ficha ficou simples, pois não fiz nada de mais nessas 24 horas. Está exatamente assim:
16h às 18h – Saí da Cardiocenter, passei em um amigo, busquei minha enteada na escola e dei carona para os meus pais [no carro deles]
18h às 19h – Pesquisa na internet [omiti aqui a mini-fazenda]
19h às 21h – Jantar na casa da noiva [só jantar], acompanhado da minha sogra e da minha enteada. Descobri que meu cunhado também está grávido, quer dizer, a namorada dele está grávida, o que quer dizer que meu nenê ganhará um primo (a) um mês depois de nascer.
21h às 21h45 – Ouvi o jogo do Inter. No fim, “eles” se classificaram.
22h às 3h – Comida, leitura, coluna para o jornal e internet [esqueci aqui de acrescentar que assisti a Grande Família]
3h às 3h30 – Pensei na vida
3h30 – Dormi
11h45 – Fui acordado pela Teresa, dizendo que a minha noiva me aguardava ao telefone
12h às 12h30 – Almoço
12h30 às 14h – TV e internet
14h – Leituras, estudo de francês e internet

Agora são 15h04, devo sair às 15h30, enquanto isso, imagino como seria o relatório do Bukowski:
16h45 – Sai da Cardiocenter, após levar uma bofetada da enfermeira depois de passar a mão na bunda dela. Fui direto para o bar do outro lado da rua. Bebi duas garrafas de vinho, que não me fizeram muito efeito. Briguei com o garçom, que era maior que eu, e me expulsou do local. Apesar disso, acertei um belo direto de esquerda em seu narigão fodido.
18h – Cheguei em casa, abri a geladeira e tomei algumas garrafas de cerveja que estavam lá de bobeira.
18h39 – O Joe liga e me convida para beber. Digo que não estou afim, que me enfiaram um monte de fio pelo corpo inteiro, e mando ele se foder.
19h – Vou na locadora e pego um filme pornô.
19h18 – Começo a assistir o filme.
19h25 – Gozo.
19h30 – Durmo.
Meia-noite – Acordo com vontade de beber e de foder. Saio para a rua à procura de bebida e de uma bela boceta. Encontro um bar aberto, mas nenhuma mulher. Apenas um veado. Fica me olhando. Tomo duas doses de cachaça. Ele continua me olhando. Tomo três garrafas de cerveja. Ele segue me olhando. Quebro uma garrafa na cabeça dele. O garçom tenta me expulsar, mas é um nanico, e acabo dando uma surra daquelas no desgraçado. Ligam para a o polícia. Fujo a tempo.
2h34 – Chego em um puteiro, mas percebo que não tenho grana para comer ninguém. Tomo uma cerveja lá dentro e não convenço nenhuma daquelas vagabundas a me dar de graça. Ponho música na máquina de escolher músicas para incomodá-las. Canto alto.
2h59 – Saio do puteiro xingando todo mundo.
3h15 – Passo na casa do Joe, que está dormindo. Chamo-o aos berros. Ele abre a janela com cara de sono. Convido-o para beber. Ele não aceita. Mando ele se foder. Quando estou chegando na esquina, Joe aparece, me chamando, resolveu aceitar o convite. Ele diz que tem dinheiro, e convido-o para voltarmos ao puteiro.
3h30 – Voltamos ao puteiro. Ponho mais música na máquina. Uma loira vê que meu amigo tem dinheiro e senta em seu colo. Uma morena, que antes tinha dito que não me daria nem por um milhão de dólares, agora passa a mão na minha pica. Peço dinheiro para o Joe e vou para o quarto com ela. Ela é boa de bunda, mas tem pouco peito.
4h – Ela me pergunta se não vou gozar. Respondo: “calma aí, bybe, estou pagando”. Ela retruca “se não gozar logo vou ter que cobrar mais”. Coloco o troço na boca dela, e ela fica quieta.
4h09 – Gozo na boca dela.
5h – Saímos do puteiro e vamos para um bar beber e relembrar a noite.
7h – Volto para casa. Abro a geladeira, e lá ainda tem três garrafas de cerveja. Bebo-as em 25 minutos e vou para a cama.
7h25 – Coloco um filme pornô no vídeo.
7h40 – Gozo de novo.
8h – Durmo. Sonho que estou bebendo, fazendo uma suruba com Madonna e Lady Gaga.
15h45 – Acordo. Está na hora de levar a porra do exame para a enfermeira. Dessa vez vou traçar ela.
FIM

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perfil - O retorno

Bom, atendendo a milhões de pedidos, voltei a fazer perfis de celebridades internéticas através de entrevistas feitas por MSN. A vítima da vez é Viviane Oliveira, baiana radicada no Rio de Janeiro, formada em Comunicação Social. Como ela mesma explica no decorrer da entrevista, nos conhecemos em 2005, antes do Intercom do Rio, provavelmente através da comunidade do Intercom no Orkut. A partir daí surgiu a amizade que perdura até hoje (ou pelo menos, até a publicação dessa entrevista). Para os olhudos de plantão, ela tem namorado, mas podem apreciar as fotos e a entrevista a vontade. Enfim, chega de papo e vamos ao que interessa, tendo como pontapé inicial o convite para a entrevista, num making-off antecipado:

Tu já respondeu alguma vez o perfil do meu blog?
Ih Du... provavelmente não... Esse PC aqui é uma caca... mal da pra ver e-mail...

Então, saca só. Vou te entrevistar agora, pode ser?
Aí Jesus... Vai lá...Se não for besteira...

Só um pouco. Nome completo, idade, profissão, local onde nasceu e onde mora?
Pô... Ah não... Pra que tudo isso?

Só pra consta nos registros. Ta bom, vamos por parte. Nome?
(Nada de resposta)
Tem que fazer de conta que eu sou um jornalista famoso e você uma celebridade.
Ah Du... Fala sério...haauha

Ah, e você tem que tentar escrever sem gírias, para facilitar minha edição. Tudo o que for dito será postado posteriormente para a posteridade em meu blog. Ta bom, pulemos a primeira pergunta sobre o nome...Idade e profissão?
Vamos lá que não tenho a noite inteira...

Auhauhauahaha. Ah Duuu...rsrs...eu sou tímida...nunca seria uma celebridade...

Ta bom, não precisa ser celebridade. Bom, já que tu não queres falar o nome, profissão e idade, passemos para a quarta pergunta. Qual a primeira coisa que pensa ao acordar?
Kkkk. Viviane Oliveira, comunicóloga sem sucesso (por enquanto), 24 anos. Acordo sempre com meu amor me ligando... Então penso: ai Jesus... tinha que ligar tão cedo?! Mas eu gosto... ahaha.

O quê pensa sobre a menstruação e a TPM?
Tempo: tic, toc, tic, toc, tic, toc, tic, toc
tico, toc, tic, toc, tic, toc, tic, toc...
Ops, não era pra ter o "o" no primeiro tic de antes...

Ah...e você fala que não posso falar gíria..rs... Menstruação e TPM são um saco... problemas particularmente femininos...só nós sofremos assim..

Como você enfrenta o estresse? Depois eu edito as gírias..
Tentando conviver sem me estapear com a minha gerente...

Como você conheceu esse que vos escreve?
Internet.

Mais especificamente? Bahhhh, não lembra!
É... Orkut. Comunidade do Intercom. Em 2000 e alguma coisa. 2005?

É, por aí. Acho que foi no Intercom de 2005.
No Rio?

Lembro que eu fui, e a gente ia se encontrar, acho que cheguei a ligar, mas não nos encontramos. Na UERJ.
Ligou coisa nenhuma...tu nem tinha meu telefone.

Tinha sim!
Tinha não.

Só não vou publicar aqui o número senão os milhares de leitores do blog vão ficar te ligando.... Mas voltemos a entrevista... Em que momento do dia se sente mais feliz? Sumiu? Ei, pára de falar com o namorado aí, você está no meio de uma entrevista!
Certeza, não é o mesmo [número]. Na época ainda era da Bahia. Hmm, o momento mais feliz é quando to falando com ele mesmo [o namorado]

E que horas isso geralmente acontece?
À noite. Quando chego do trabalho.

Qual é a primeira coisa que pensa ao acordar de manhã?
Ué, Du...de novo? Rsrs. Já respondi isso.

Ah bom, desculpa, falha nossa. Muito bem, vamos para à próxima então. Para qual pergunta ainda não encontrou resposta?
Será que vai dar certo??

O que vê quando se olha no espelho? Ei, pare de namorar! Responde aí pow!
Haha...to pensando..rs. É uma pergunta difícil...

Ta bom. Tempo! (com voz de Sílvio Santos): tic, toc, tic, toc, tic, toc...
Sei lá o que eu vejo, Du, depende da hora...

Antes de sair com o namorado.
Hmm...ta ta... Aí já ta melhor... Uma mulher um tanto quanto menina ainda...que ainda tem muito a crescer...

Bahia ou Vitória?
Nenhum dos dois... Não tenho time.

Se você soubesse que o mundo acabaria amanhã, para quem ligaria primeiro?
Meu pai.

E segundo?
E segundo pra minha gerente e supervisora pra mandar elas irem pro inferno...

E terceiro?
Meu amorzinho...

E quarto?
Ah... faria conferência com alguns amigos...

O que faria se não fosse proibido?
Hmmm....se não fosse proibido viajar sem pagar, eu viajaria o mundo todo.

Qual o seu maior sonho?
Ter um trabalho que me proporcione conhecer o mundo, muita gente, muitas culturas, muitas línguas...

Qual o seu maior porre? Vamos lá que to com sono...
De bebida ou de chateação?

De bebida.
Num show...caipirinhas, cervejas, drinks...sei lá mais o que...

Qual a maior bobagem que já fez bêbada?
Fiz meu ex-namorado de bobo... Fazia ele buscar refrigerante e dizia que não queria, que queria sei lá o que, e depois dizia que não era o que eu tinha pedido..

Qual o elogio mais bizarro que já ouviu?
Iih sei láá. Ah sim. Um amigo me chamou d chucruti. Auhauhauhaa.

Que quê isso quer dizer?? Bah, começou a toca uma música muito afu aqui.
Qual?

Bah, não sei o nome. É em inglês. Rankanrareeee singleeeeeeee.
Ahn??

I to so for you nao sei o que. Bem massa. Só não sei o nome...
Ahauhauahahuaahhau. Quem canta?

Bah, uma mulher. Mas também não sei o nome. Acho que deu. Pode escolher uma foto pra colocar na entrevista.
Ai Jesus..rs..Inda tem isso??

Óbvio.
Tu vai por essas besteiras todas?!

Óbvio que sim. Vai ser lida por milhões de leitores espalhados pelo universo. Só vou editar as gírias e tornar minhas perguntas mais inteligentes. Já escolheu a foto?
Pode ser essa mesmo, né?

Pode, então manda ai.
Ué...salva ai...

Peraí que ta lerdo. Posso escolhe uma no orkut?
Você interrompeu compartilhando fotos)
Ta..pode ser. Desde que seja bonitinha... Não vai pegar uma ruim não, táá? Rsrs.

Por que a experiência é a arte da esperança?
Experiência não. É paciência.

Ahh. Mas por quê?
Aah...to tendo que ser muito paciente viu, Du.. pra aguentar meu trabalho, pra esperar pra ver no q vai dar outras coisas... To exercitando.

Pode ser uma de biquíni?
Toma vergonha. Nem tenho foto d biquíni.

Claro que sim! Na pasta do carnaval, uma que ta com o sol. É que vai atrair leitores... (PS: mais tarde descobri que a moça de biquíni no sol não era a Vivi, acabei trocando por essa, onde ela está acompanhada de uma amiga)
Não lembro dessa foto não... Mas pode ser.

Então vou usar.
Se ta lá não deve ta nada de mais... Rsrs.

Agora vou editar a porra toda e publicar.
Aí Jesus...vai parecer tão ridículo..auhauah

Vai nada.
As minhas respostas bobas...

Eu já tinha feito isso um ano atrás, mais ou menos, com outras personalidades. Agora foi tu a vítima, como estava aí de bobeira...
De bobeira nada. Tava namorando. Kkkk.

Ah bom, sorry, mas interrompi o teu namoro por uma boa causa.
Ok, ok.

Ta bom. Pode voltar a namorar. Vou editar e publicar a porra toda aqui.
FIM.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Direito de bêbado

Lembro-me como se fosse hoje de uma aula de Sociologia da Comunicação, com o professor Juremir Machado da Silva, em que ele disse que quando não tinha inspiração para escrever, saía, olhava o mundo, e encontrava pessoas para confrontar suas idéias, etc. Pois eis que eu estava nessa agora, às duas e pico da madrugada. No entanto, na última vez que tomei um trago com meus amigos, na última quarta-feira, vendo o jogo do Grêmio, minha mãe ficou tão braba comigo, que ficou um dia e meio sem dirigir a palavra a esse que vos escreve, seu nobre e humilde filho. Só voltou a falar comigo aos poucos, vendo-me fertilizar a sua plantação na mini-fazenda. Enfim, mãe é mãe. Em resumo, era como se eu estivesse de castigo aos 28 anos. Então, senti-me moralmente sem vontade de sair para expor minhas idéias pelos botecos da vida às duas horas da madrugada, pois ainda estou moralmente de castigo. E a mãe de meu futuro filho (ou filha) também não iria gostar muito da idéia. Enfim, tive que encontrar outra maneira de me inspirar.
Optei por olhar os outros blogs, porém, acontece que a maioria dos meus amigos e amigas que têm blogs também não parecem muito inspirados e não atualizaram os mesmos nas últimas horas. Já tinha lido todos os textos mais recentes. Então, recorri ao blog do David Coimbra, e lá encontrei a inspiração. Mas não encontrei a inspiração para puxar o saco do David, como me acusou dia desses um leitor do JM, e sim, pelo tema abordado por ele em seu último texto “Um povo ficha limpa”.
No referido texto, David conta que certa vez acompanhou um grupo de empresários catarinenses em uma missão econômica na Itália. Os italianos mostraram para os brasileiros, calçadas feitas de plástico, com material reciclável, e quando foi verificar o produto, David Coimbra percebeu que os plásticos eram removíveis. Coloco na íntegra o seguinte trecho do texto do jornalista de ZH:

— Fica solta? - [questionou David]
Eles confirmaram. Ficava solta. Pus-me de pé, balançando a cabeça:
— Então não vai dar certo no Brasil.
Os italianos entesaram:
— Por que não, Dio buono?
— Porque a turma vai levar embora.
— Turma? Mama mia, que turma?
— A turma. Todo mundo. O pessoal vai levar as calçadas pra casa.
— Mas por que catzo eles iriam fazer uma coisa dessas??? — intrigaram-se os italianos.
— Não precisa de motivo — respondi. — Eles vão fazer.
Os empresários brasileiros, mais de 20 deles entre pequenos, médios e grandes, todos concordaram comigo. É, a turma vai levar as calçadas para casa, não vai dar certo no Brasil. E assim se desfez a possibilidade de um reluzente negócio internacional.


E na seqüência, obviamente, David faz uma crítica à mania que o povo brasileiro tem de catar tudo o que encontra pela frente que, aparentemente, não tem dono. Imediatamente lembrei-me da turma de Bento, e saio em defesa da turma! Acontece que você tem que considerar a possibilidade da turma estar bêbada. E bêbados fazem coisas que não têm muito fundamento, do tipo, roubar placas, cones, enfim, o que encontrar livre pela rua com possibilidade de ser carregado.
Na nossa sala, lá em Bento, havia duas placas recolhidas em madrugadas frias de janeiro e fevereiro. Não tinha sentido aquilo. Mas o fato é que, imaginem a turma bêbada, voltando para casa, e pisando em uma calçada de plástico no qual da para se tirar as plataformas! Quem não vai querer levar uma? Vamos combinar: quê bêbado, em são estado de embriaguez, não vai cometer a bobagem de levar uma plataforma de plástico nas costas? Falasério. Às vezes temos que dar um desconto para a turma. Tudo bem, sou contra esse tipo de atitude, porém, temos que considerar que a embriaguez faz parte da vida.
Por exemplo, às vezes são apresentados argumentos que nos pegam de surpresa, como quando mostrei o último texto desse blog para um primo meu de Ijuí, aquele no qual eu falo sobre um vereador que humilhou um garçom. Após ler o texto, meu primo questionou, como se fosse o melhor dos advogados:
- O vereador estava bêbado?
- Possivelmente – respondi.
- Ah!
- Ah o quê?
- Então ele estava no seu direito de bêbado!
Pensei por alguns instantes, refleti, e cheguei a admitir que de repente, de fato, o vereador estivesse exercendo o seu direito de bêbado. Só que, refletindo melhor agora, acho que encontrei um problema que atinge os bêbados. Alguns bêbados fazem besteiras além dos limites, sujando a imagem de todos os bêbados, o que é ruim para a categoria. Assim como existem maus advogados, maus jornalistas, maus médicos, padres que cometem pedofilia, também existem bêbados sem noção, que fazem coisas mais absurdas, do tipo, andar a 150 km/h, o que rompe a ética dos bêbados e, realmente, merece uma punição dura por parte da Justiça. Agora, a condenação desses pequenos “delitos” cometidos por bêbados, como roubar plataformas de calçadas de plástico removíveis e roubar limão do vizinho para fazer caipirinha, devem ser repensados. Enfim, nada na vida é definitivo. Nem mesmo as opiniões. Quem sabe, um dia, eu mude de posição. Só destaco que escrevi esse texto, bem como aquele outro, da foto da cabeça na bandeja, completamente são! E tenho dito!

Sabe com que está falando?

Atendendo ao pedido da minha "ermã", posto o texto publicado hoje em A Tribuna Regional, de minha autoria:

Do ano passado para cá, tenho participando do projeto Locast, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos centros universitários de educação e pesquisa tecnológica mais modernos do mundo. O projeto, coordenado pelo professor da PUCRS, Eduardo Pellanda, é desenvolvido em parceria com a própria PUCRS (com a participação de alunos de graduação e pós) e do grupo RBS. Na primeira etapa, nós (alunos) e jornalistas do grupo, realizamos coberturas jornalísticas utilizando apenas o telefone celular. A idéia do instituto é testar a ferramenta como um meio para viabilizar, ou, pelo menos, tornar menos amadora, a participação do cidadão no fornecimento de material jornalístico para os meios. Ou seja, a pessoa está no local do acontecimento, filma, tira fotos, e depois pode participar da produção jornalística, ao melhor estilo jornalismo-cidadão.
No entanto, essa idéia nada mais é do que a lógica da relação entre qualquer pessoa e os meios tecnológicos, com a combinação celular-vídeos-fotos-internet. Aí entra também a questão dos limites da rede, como abusos, etc, mas essa é outra discussão. O fato é que eu, como muitos, recebi um vídeo (postado no Youtube em 1° de maio) envolvendo um vereador santo-angelense, onde o cidadão filmou o nosso legislador humilhando um garçom em um bar. Ou seja, esse fato tem potencial jornalístico, pois envolve uma figura pública, enfim, um legislador.
Segundo o autor do vídeo, o vereador estaria fumando no local (atitude proibida por lei municipal) e, quando o garçom solicitou que ele parasse de fumar, veio toda a irritação, acompanhada de frases do tipo: “você sabe com quem está falando?” e “quer brigar?”, além de palavrões que não posso publicar aqui, em respeito ao vosso leitor. Complicado. Confesso que sou um desiludido com a política, mas quando vejo matérias como as do repórter Gioavani Grizotti (que tive a honra de conhecer e aprender com ele quando fiz estágio na Rádio Gaúcha), filmando vereadores na praia com dinheiro público, ou um simples vídeo desses, que demonstram que alguns políticos utilizam o discurso para conquistar votos, dando lição de moral de cuecas, como possivelmente diria meu falecido avô (que lutou na Segunda Guerra como pracinha e que não tinha medo de vereador encrenqueiro) no palanque da Câmara de Vereadores, fico estupefato.
Inclusive, essa posição do “sabe com quem está falando?” é um divisor de águas entre a cultura americana e latina da européia (aconselho aqui “Sobre a liberdade”, de Stuart Mill). A maioria da população americana e latina quer o “poder”, em qualquer grau. O segurança de uma boate pode pensar que está acima das leis, e até de Deus, por ser musculoso e ter “credencial” para tratar mal qualquer um que questione suas ordens, afinal, ele tem o “poder” legitimado pelo dono da boate, que na concepção dele, é alguém importante na sociedade. Não estou questionando aqui se os donos de boates são ou não importantes, mas não é por ele ter uma quantia “X” de dinheiro que ele será importante, no sentido de ser fundamental para o andar da sociedade.
Enfim, bem como o segurança de boate (não me refiro a todos, é apenas um exemplo), os próprios jornalistas podem se portar dessa maneira, como destaca Eugênio Bucci, da Folha de São Paulo: “O jornalista não está autorizado a fazer nada que o cidadão não esteja autorizado a fazer. O jornalista não está acima do cidadão. Isto é fundamental. Devo dizer, no entanto, que há especificidades. Por exemplo: o jornalista pode reservar o sigilo da fonte e o cidadão comum não. São diferenças muito sutis”. E, assim como o jornalista não está acima do cidadão, um vereador também não está nem um pouco acima de um garçom ou de um segurança de boate que está exercendo o seu trabalho. Mas infelizmente, em nossa sociedade pós-moderna, vale o refrão daquela música de Humberto Gessinger: “todos iguais, tão desiguais”. Até quando?

O link para o vídeo é: http://www.youtube.com/watch?v=OtMCFer7XbI

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Obrigações

Amanhã tenho dois compromissos inadiáveis: cortar o cabelo e fazer exame de sangue. O exame é só para saber a tipagem sangüínea. Passei a semana inteira enrolando, nos dois casos. No caso do exame de sangue, o problema é que o laboratório só faz o bagulho das 7h às 9h. Não entendo por que tão cedo. Alguma enfermeira de plantão aí pode me explicar? Teve dias que quase fiz o exame. Mas ficou no quase. Um dia chegou a despertar o relógio, lá por 8h20 da madruga. No entanto, estava frio. E minha cama estava quentinha. Acabei me virando, pensando “vou dormir mais cinco minutos” e acordei quase ao meio-dia. Vida de estudante desempregado. Depois, decidi que faria o exame na quinta-feira, entretanto, dois amigos meus vieram assistir ao jogo histórico do Grêmio contra o Santos na quarta de noite, tinha umas garrafas de cerveja na geladeira, sabe cumé, aí acabou ficando para amanhã. Ou melhor, para hoje, porque nesse momento são 1h25h da madruga de sexta-feira. E hoje será O DIA. Vou fazer o exame e cortar o cabelo. Tem que ser hoje, simplesmente porque na segunda-feira viajo para Ijuí, e de lá sigo com a excursão da Unijuí para participar do Intercom Sul 2010, na Feevale, em Novo Hamburgo, que termina na quarta-feira de meio, o que quer dizer que não vou perder o jogo de volta entre Santos e Grêmio.
Já o corte de cabelo, nem sei por que fui adiando. Um pouco pela preguiça, outro pouco pelo frio, outro pouco pela dissertação. Hoje, por exemplo, a única coisa que fiz foi a dissertação. Acordei, almocei, dei uma mosqueada, tentei sistematizar em meu cérebro o que iria escrever, sentei na frente do computador, e passei o dia intercalando dissertação com mini-fazenda. Quando o cérebro pedia, eu ia lá colher arroz e batata para relaxar. Até comprei uma colheitadeira e uma cabana. Estou começando a virar um grande fazendeiro. Já tenho 50 e tantas penas que posso trocar por um peru, mas se juntar 75 troco por uma cabrita. Estou na dúvida entre o peru e a cabrita. Depois voltava para Bourdieu e Traquina. E assim passei a semana, sem fazer o exame de sangue e sem cortar o cabelo, andando em casa como se fosse um mendigo, de calça de abrigo verde, barba por fazer, cabelo pixaim descabelado, pantufa do Grêmio, camisa da França, e moletom verde. Nada combinando com nada. Tudo combinado com tudo. Nada combinando com tudo. Fim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ô, Alemão!

Outro dia meu amigo Ganso, que não é o meia do Santos, disse:
- Pô Alemão, esses dias meu pai perguntou por que a gente se chama de Alemão.
- E tu respondeu? – indaguei.
- Não. Só disse que é uma longa história. Se eu fosse explicar, ia ta falando com ele até agora...
Pois é, essa história de Alemão é uma longa história mesmo. Basta ver nos comentários de todos os meus posts, meu primo Gérson me chamando de Alemão, e eu chamando-o de Alemão no blog dele. E a surpresa do pai do Ganso é pelo fato de que nossas cabeleiras são escuras. Enfim, vou desvendar esse mistério para aqueles que não sabem a história do Alemão, inclusive, acho que nem meu primo sabe de onde surgiu essa...
Tudo começou em Santo Ângelo, em meados de 1999, ano em que completei a maioridade e que era meu último ano no segundo grau, no Colégio Sepé Tiraju. Estava com grande expectativa de prestar vestibular em Turismo e Hotelaria em qualquer faculdade de Porto Alegre. Até pesquisei os preços do IPA e da FARGS, que eram bem acessíveis, mas não adiantava, não tinha jeito de eu ir para Porto Alegre estudar lá. Na época, meu irmão estava na faculdade, minha irmã no colégio, meu pai desempregado, enfim, mó crise, portanto, nada de ir estudar em Porto Alegre. Lembro-me que naquela noite foi a noite em que meus pais disseram com todas as letras “você não vai estudar em Porto Alegre e ponto final, porque estamos falidos”. Se não foi isso, foi algo muito próximo disso, pois a fala deles me convenceu de que realmente eu não iria estudar nem turismo, nem hotelaria, nem jornalismo, nem educação física, nem nada, em lugar algum porque não tínhamos dinheiro (se fosse mais adiante, contaria ainda o ano seguinte, em que fui pra Porto Alegre para vender radinhos do Paraguai, mas aí vou desviar demais do assunto). Enfim, o fato é que fiquei muito indignado com a minha realidade. Nada de anormal, afinal, eu era um cabeça dura, como todo mundo quando se tem 18 anos.
Tomado de indignação, peguei escondido um garrafão de vinho, um daqueles grandões, que nem sei se são de 5 ou de 10 litros, e bebi praticamente tudo antes de ir para uma festa que ia rolar no Clube 28 de Maio. Fui com uns amigos meus, que me diziam quando íamos atravessar a rua:
- Cuidado o carro!
- Eu driblo! Eu driblo! – respondia eu, com a língua enrolada. E assim que o carro passava, eu dava um corte com o pé, como se estivesse driblando em um jogo de futebol.
- Viu? Driblei! – E todo mundo caia na gargalhada.
Enfim, era um porre homérico, desses que, o que a gente lembra, a gente nunca esquece. Se não me engano, acho que vomitei na casa do meu amigo antes de sairmos, mas isso só ele pode confirmar. Resumindo a história, estávamos nós, na balada, eu já devia ter tomado uns 10 foras por estar completamente bêbado, mas mesmo assim, eu era um bêbado feliz que tinha esquecido a catástrofe que o destino me pregara horas antes, e cumprimentava todo mundo que via, conhecidos, desconhecidos, mulheres lindas, mulheres horríveis, de todas as idades, todo mundo era humano, todo mundo era amigo, a vida era uma festa! E numa dessas, apareceu meu amigo Guilherme, que tem cabelo loiro, e realmente é conhecido e apelidado de Alemão. Em meio ao povo eu comecei a gritar:
- Ô Alemão!!!!!! Vem aqui Alemão!!!!! – E abracei-o e cumprimentei-o aos berros. Depois que a gente se separou, todo mundo que encontrava, eu chamava de Alemão. Passava um negão e eu:
- Ô Alemão! Comé qui ta Alemão?
Mas, por verem que eu estava completamente bêbado, todos riam. Enfim mais uma vez, as pessoas se solidarizam com os bêbados alegres. Até certo ponto, é óbvio. A noite acabou indo, veio a manhã, dormi, acordei com uma puta ressaca, mas a partir desse dia todos viraram Alemões. Os amigos dos meus amigos que estavam na festa perguntavam para eles: “e o Alemão?”. Às vezes alguém passava por mim na rua e cumprimentava: “E aí, Alemão!”. E assim ficou. Todo mundo virou Alemão. E eu passei a chamar os outros de Alemão, mesmo estando são. Dizer “e aí, Alemão”, passou a ser algo como “e aí, meu!”. E essa é a história do “Ô, Alemão!”.

domingo, 9 de maio de 2010

Uma bela história de minha autoria

BARBEIRO: Olá!
TESOURA: Larga-me! Larga-me!
CLIENTE: Corta logo! Corta logo!
BARBEIRO: Eu não, corte ele – apontando para o cachorro.
CACHORRO: Eu não! Eu não!
CLIENTE: Corta logo! Corta logo!
BARBEIRO: Eu não! Eu não! É ele! É ele!
TESOURA: Larga-me! Larga-me!
CABELO: Nãããããooooo!
CLIENTE: Corta! Corta!
CACHORRO: Corta! Corta!
TESOURA: Corta! Corta!
BARBEIRO: Não! Não! Não posso!
CABELO: Nãããããããããoooooooooooooooooo!
CACHORRO: Au! Au! Au!
GATO: Miauuuuuuuu!
CACHORRO: Grrrrrrrrrrrrrr!
GATO: Não, não, não fui eu!
BARBEIRO: Foi sim! Foi o gato! Pega ele!
Cachorro corre atrás do gato.
TESOURA: Larga-me! Larga-me!
BARBEIRO COM A MÃO TRÊMULA: Eu não quero, mas tenho que fazer!
CLIENTE: Corta logo! Corta! Corta!
TESOURA: Larga-me! Larga-me!
Cachorro volta com a cabeça do gato na boca.
BARBEIRO:
Nãããããããooooooooo!
TESOURA: Crashhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!
E a cabeça do cliente cai no chão.
CABELO:
RÁRÁRÁRÁRÁRÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!
Fim.

Tudo depende de tudo

Provavelmente no próximo dia 17 ficarei sabendo o sexo do nenê que está na barriga da Cris, ou seja, meu (ou minha) primogênito (a). Infelizmente, estarei no Intercom Sul, na Feevale, em Novo Hamburgo, apresentando o trabalho: “Redação: um bordel de escritores”. Por sinal, considero o melhor trabalho acadêmico de até 15 páginas que já produzi. Mas enfim, o fato é que apresentarei o trabalho às 15h30 e a consulta da Cris será por volta das 18h, mas considerando o atraso normal nos consultórios médicos, acredito que saberei o sexo do nenê por volta das 19h.
Lembro-me que certa vez escrevi alguns conselhos que daria ao meu filho, inclusive, muito antes da Cris engravidar. Não lembro direito quais foram esses conselhos, qualquer hora tenho que pesquisar aqui no arquivo, mas já penso nos conselhos que darei ao guri ou guria, no entanto, só pretendo publicá-los após saber o sexo do nenê. Ou, como diria um amigo meu, tudo depende de tudo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A dúvida da loira

Hoje presenciei uma cena que só tinha visto em filmes. Mas não vou contar o ocorrido agora, vou fazer o curioso leitorinho tupiniquim ler todo o texto para descobrir qual foi a história.
Eis que estava eu, na rodoviária de Ijuí, pronto para comprar minha passagem para voltar à gloriosa Santo Ângelo, quando vi, em meio à fila do guichê onde vendem-se as passagens, uma loira vistosa de pernas compridas e torneadas. Está certo, estava frio, mas ela estava com uma daquelas calças de malha, com uma bata (ou taba?) que mostravam os detalhes de suas curvas. Porém, antes que a minha linda e ciumenta noiva, mãe de meu futuro filho (ou filha), brigue comigo mais uma vez pelos meus textos, volto a dizer aquilo que sempre digo para ela: não tinha como não olhar, pois ela estava logo ali, na minha frente, tipo assim, era algo visível, saca, para não ver só se fechasse os olhos. Na verdade ela era um tanto vulgar, saca? Nem faz meu estilo... Mas enfim, voltando à loira, ela estava ali, sendo observada pelos olhares masculinos de senhores de idade, de jovens solteiros e de homens de meia idade comprometidos. Mas eu não me incluo entre eles, eu estava ali apenas como observador, como todo o jornalista e candidato a escritor. Quer dizer, meu olhar tinha um cunho profissional, entendem? Enfim novamente, resumindo a história, a tal loira comprou a passagem e entrou no mesmo ônibus que eu, sentando-se uma poltrona atrás da minha. Como eu estava caindo de sono e de cansaço, logo deitei bem o banco e fiquei olhando pela janela. E quando vejo, passa uma loira, igual a que estava sentada atrás de mim, desfilando pelas calçadas da rodoviária, indo em direção à rua. Nesse momento, olho para trás, e a loira, que outrora se encontrava no banco de trás do meu, havia desaparecido! O que me levou a concluir, após fazer algum esforço de raciocínio lógico, que a loira da calçada era a mesma que estava no ônibus!! Vejam vocês. O quê teria levado a loira, que já tinha comprado a passagem e que já estava toda arrumadinha no banco, pronto para a partida, de desistir da empreitada nas missões na última hora? Será que ela estava deixando para trás o namorado, noivo, marido, e se arrependeu no último momento? Ou será que ela estava indo encontrar alguém em Santo Ângelo, um amante, vá saber, e acabou refletindo naqueles preciosos minutos, optando por manter a cabeça de seu marido, namorado ou noivo intacta? O quê se passou na cabeça daquela loira vistosa? Que fim ela levou? Nunca vou saber...

Jean Charles

Meus comentários sobre cinema geralmente são atrasados. Não sou um cara fissurado por cinema e não fico correndo atrás de filmes para assisti-los antes que cheguem aos telões. Tampouco sou um freqüentador assíduo de cinemas. O último filme que vi fora de casa, foi Os Normais 2, com a minha irmã Carol e a nossa amiga Jaque, em um shopping em Porto Alegre, no ano passado. Curiosamente, no filme, o casal procura uma segunda mulher para um relacionamento a três. E lá estava eu, no meio de minha irmã e nossa amiga. Quando terminou o filme, algumas pessoas nos olharam com um meio-sorriso no rosto e ar curioso, provavelmente desconfiando que formávamos um trio amoroso, igual ao do filme, mas enfim, não era sobre peça cinematográfica que queria escrever.
Na verdade, acabei de ver há pouco Jean Charles, que trata da história do brasileiro morto pela polícia britânica em 2005. A personagem é interpretada pelo Selton Mello. Confesso que quando peguei esse filme emprestado com um amigo meu, achei que fosse meio “clichesão” ou sensacionalista, mas depois de tê-lo assistido, considerei-o mais realista do que sensacionalista, até porque, trata-se de uma realidade ficcionalizada, como destacou o diretor do filme no making off. Mas também não quero comentar aqui aspectos técnicos do filmes.
O que me chamou a atenção foi a história em si de Jean Charles: um brasileiro sonhador, como eu, como você, como todo mundo que não é medíocre, que busca algum meio de sobreviver nesse capitalismo selvagem, como está dizendo a música do Titãs que estou ouvindo nesse exato instante. Eu já perdi um grande amigo e parentes muito próximos por acidente ou doença. Agora, perder alguém por um crime cometido por quem deve prestar um serviço de proteção, é algo que deve ser para os familiares e amigos da personagem envolvida. O sentimento que tomou conta de mim quando vi a cena da morte de Jean Charles foi só uma: revolta. Uma tremenda revolta. Inclusive, porque lembrei que nesse mesmo ano, meu irmão morava em Londres, e ele mesmo poderia ter sido confundido com um terrorista, pois, como se vê no filme, Jean Charles não apresentava nada que levasse à polícia a crer que ele fosse um terrorista. No dia em que foi morto, Jean Charles estava indo para o trabalho, de metrô, como todos fazem. Imagine você, indo trabalhar, e se deparar com policiais que te apontam uma arma e te enchem de tiros! E isso na INGLATERRA! É algo muito absurdo, que não me entra na cabeça de jeito nenhum. A bestialidade e a estupidez humana me assombram cada vez mais.
Bom, vou parar por aqui, e fica a dica de filme, para quem ainda não assistiu.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Histórias não contadas

Estava lendo há pouco, num dos computadores da biblioteca da PUC, o blog do meu primo Gérson, que está na Itália, e ele escreveu, em um de seus textos, com palavras mais bonitas do que essas, sobre essa parada de estar inspirado para escrever quando se está fazendo alguma coisa, mas depois, quando a gente chega na frente do computador, esquece metade, ou acaba dando outros rumos para o texto, e acabamos deixando de lado aquilo que nos inspirou.

Esse texto, que está no site http://assimfalhouzaratustra.blogspot.com/ (ô alemão, reduz aí o número de Patrícias que te devo pela publicidade), resume exatamente o que aconteceu comigo durante a semana toda em que estive em Porto Alegre (quer dizer, ainda estou, vou pegar o busão às 18h). Passei a semana no bar da tia (aquele, que era do tio), posei uma noite no meu amigo Cristiano, fui para a PUC mais ou menos umas três tardes (e cá estou agora), passeei na redenção num sábado ensolarado com parcerias, e fui no Gre-Nal do título gaúcho do Grêmio, inclusive, tendo que ver os jogadores invadirem a sala de imprensa só de cuecas.Só as madrugadas que fiquei no bar, esperando a tia fechar para irmos embora (pois ela só tem uma chave e fechava o bar, em média, depois das quatro da manhã) já renderia muitas e muitas linhas. O Gre-Nal do título gremista, idem. As minhas reflexões acerca da humanidade durante essa semana então, renderia uma obra filosófica para a posteridade. E as conversas cabeça com os clientes do bar da tia, nem se fala. Deveriam ter sido acompanhadas por um jornalista competente, que fosse capaz de transcrever todas as nossas idéias geniais que eram brotadas na madrugada, regada a muita cerveja, cachaça, música e risadas.

Mas enfim, mesmo lembrando agora de tudo isso, não estou muito inspirado para escrever, pois estou remoendo minhas pernas, dobrando-as e esticando-as a todo o momento, pois elas ainda estão cansadas do Gre-Nal. Já minha voz está quase começando a se recuperar. O fato é que resolvi escrever para matar tempo, pois ainda faltam duas horas e meia para o meu ônibus sair, e porque cansa ficar lendo textos acadêmicos e escrevendo academicamente. Inclusive, vi na biblioteca outro desses livros que apontam “as obras da humanidade que você DEVE ler”, e lá também está o chato do James Joyce. Porém, estou me convencendo que, por mais que eu leia textos acadêmicos e obras eruditas, eu jamais escreverei de forma “bonita” e “clássica” (teórico de plantão, vá fazer a sua discussão sobre o termo “clássico” com o cachorro do seu vizinho). Meu linguajar é pobre, e às vezes gosto de usar gírias e palavrões (pois não posso fazer isso na minha dissertação). Portanto, acho que estou na profissão certa: hoje em dia exige-se cada vez menos dos jornalistas no que se refere a repertório lingüístico. Basta uma breve conversa com um desses repórteres de grandes jornais (que na verdade não são lá tão grandes quanto eles pensam) e que crêem cegamente que são deuses por serem capachos que ganham um conto de réis e que sabem tudo sobre tudo e ainda ficam felizes e orgulhosos por isso... Cansei. Aliás, se alguém aí tiver o livro “Os jornalistas” do Balzac, publicado pela Ediouro, estou procurando desesperadamente, e a editora me informou que está esgotado. Uma merda, assim como o título desse texto (não achei outro melhor).

PS: dessa vez vou dar o crédito da foto, pois ela é minha mesmo.